Economia & Mercado

Entenda desenvolvimento dos investimentos estrangeiros na B3 com atual fluxo de juros

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Saiba como essa movimentação influencia investimentos estrangeiros no Brasil  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Pixabay
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

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Publicado em 26/03/2024, às 11h18 - Atualizado às 11h20


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Na última quarta-feira (20), Brasil e Estados Unidos definiram mais um capítulo da taxa de juros de suas nações. Por aqui, o COPOM (Comitê de Políticas Monetárias) decidiu pela sexta redução seguida da taxa Selic, caminhando para 10,75%; já nos EUA, o FED, banco central norte-americano, optou pela manutenção da taxa de juros, no patamar entre 5,25% e 5,50%.

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Antes mesmo das decisões, o mercado reagiu; o Ibovespa encerrou o dia (20) em alta de mais de 1% e o dólar caiu para baixo dos R$5,00. No pós “Super-Quarta”, logo na abertura do pregão, o índice brasileiro abriu em avanço, mas logo reverteu em queda, indo aos 128 mil pontos; já a moeda americana voltou a avançar, crescendo 0,20%, cotada a R$4,98.

Com as escolhas dos juros e as variações de mercado, os investimentos estrangeiros podem sofrer mudanças por aqui. No dia 15/03, a B3 percebeu uma injeção de R$2,9 bilhões, no entanto, o valor não é suficiente para zerar o saldo negativo que a bolsa brasileira se encontra, em cerca de R$21,9 bilhões.

“Em apenas dois meses de 2024, o Brasil viu uma saída expressiva de capital estrangeiro, totalizando R$16,6 bilhões, segundo dados da B3. Em janeiro, essa saída atingiu R$8,7 bilhões, ultrapassando os R$ 7,8 bilhões registrados no mês anterior. Esse cenário contrasta fortemente com o final de 2023, quando o país recebeu um influxo significativo de capital, somando R$ 45 bilhões na B3. Esse movimento foi particularmente intenso nos dois últimos meses de 2023, com um saldo positivo de R$23 bilhões em novembro e impressionantes R$44,9 bilhões em dezembro”, comenta Daniel Abrahão, sócio na iHUB Investimentos. 

A influência da postergação do FED no corte de juros e o fluxo no Brasil

No fim do ano passado, o mercado criou expectativas de um possível início do corte de juros nos EUA. Entretanto, com a última decisão e indicações do FED, as taxas vão permanecer estáveis por mais um tempo. Agora, as expectativas atuais estão no segundo semestre de 2024, mais especificamente para o mês de junho.

Essa mudança de planos diminuiu consideravelmente o desejo por investimentos mais arriscados nos mercados emergentes. Após uma entrada expressiva de capital nos últimos dois meses de 2023, a bolsa brasileira de repente se viu numa situação oposta, graças à preocupação com a economia dos EUA e a inflação em janeiro.

“Enquanto a economia dos EUA não der sinais claros de desaceleração e a inflação não estiver sob controle, investidores estrangeiros provavelmente vão manter distância de mercados emergentes, incluindo o Brasil. A incerteza sobre a inflação e dados sobre desemprego nos EUA mantém os mercados em alerta”, afirma Daniel.

O entusiasmo inicial com os cortes da Selic parece ter se dissipado. O Banco Central optou por um ritmo gradual de redução, cortando 0,50 pontos percentuais por reunião. Essa abordagem não inspira uma migração maciça de investimentos da renda fixa para a variável. A expectativa é que a taxa Selic conclua seu ciclo de cortes em torno de 9%.

Apesar da retirada de investidores estrangeiros, os nacionais estão mostrando interesse na renda variável. Pela expectativa de um crescimento surpreendente do PIB brasileiro em 2024, podendo chegar, em um cenário otimista, a 2%. 

Para além dos juros e além das fronteiras

No panorama global, a volatilidade na China está afetando os investimentos estrangeiros no Brasil. A recente queda na bolsa chinesa suscita preocupações sobre possíveis desafios econômicos ocultos. Isso decorre da forte interligação entre as economias da China e Brasil, destacada pela diminuição nos valores das commodities, que afetou diretamente o mercado de ações brasileiro. Esse cenário enfatiza a importância de uma análise criteriosa dos investimentos internacionais no Brasil.

No final de 2023, houve um influxo massivo de recursos, alimentando o mercado e impulsionando os ganhos. No entanto, como em qualquer maré alta, os investidores decidiram colher seus lucros.

Além disso, um fator frequentemente negligenciado é o rebalanceamento das carteiras de investidores internacionais. Com o crescimento do mercado, a distribuição percentual dos ativos dentro das carteiras fica desequilibrada, exigindo ajustes.

A volatilidade é uma característica intrínseca dos investimentos em mercados emergentes, e o Brasil não é exceção. Em períodos de incerteza econômica global ou instabilidade política interna, é comum que os investidores optem por realocar seus recursos para áreas consideradas mais seguras e estáveis.

“Em resumo, a saída de investidores em 2024 é uma narrativa complexa, influenciada por uma interação de fatores globais e locais. Enquanto alguns recuam, outros veem oportunidades promissoras. No entanto, é fundamental não interpretar essa saída como um sinal de fracasso ou desconfiança irreparável no mercado brasileiro. Pelo contrário, é uma oportunidade para os investidores avaliarem estrategicamente seu portfólio e considerarem o contexto atual ao tomar decisões financeiras. É importante manter uma perspectiva de longo prazo e reconhecer que faz parte da dinâmica natural dos investimentos em ativos de risco”, finaliza Daniel.

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