Economia & Mercado
Publicado em 05/12/2024, às 09h56 Publicado por Vagner Ferreira
O economista e ex-ministro da Fazenda , Guido Mantega, que teve a gestão mais longa no período republicano (2006-2014), foi um dos colaboradores do projeto de cortes de gastos do país, anunciado pelo atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As medidas fiscais, no entanto, receberam muitas críticas de agentes do mercado financeiro.
Em entrevista à Uol, Mantega destacou que as críticas são frequentes e fazem parte do jogo político, mas afirmou que, em sua análise, o balanço geral é positivo.
"Os empresários estão indo muito bem. O lucro das maiores empresas subiu. O consumo das famílias e a geração de emprego estão bem. O setor financeiro está ganhando muito, com os três maiores bancos expandindo e obtendo lucros extraordinários", disse Mantega.
Um dos pontos destacados por ele foi o recorde de exportação em 2024, que chegou a US$ 300 bilhões, aumentando também a taxa de investimento no país. Mantega afirmou ainda que a inflação está estável, com a economia crescendo mais de 3% ao ano nos últimos três anos.
“Houve um período de inflação no mundo causado pela pandemia, que fez o poder aquisitivo das famílias cair. Não é culpa de ninguém. Passado esse momento, a inflação diminuiu, mas não houve deflação, ela está subindo gradualmente. A que temos hoje no Brasil é totalmente razoável, 4,77% ao ano segundo o IPCA-15”, afirma Mantega.
O ex-ministro associou a alta do dólar à atuação do Banco Central. "Eles deixaram o dólar valorizar e podiam ter feito operações de swap cambial [quando a autarquia usa reservas internacionais como uma espécie de seguro para evitar a desvalorização do real]. Todo mundo faz. Mas não fizeram a lição de casa em relação ao câmbio", afirmou.
Em relação ao desempenho de Fernando Haddad à frente do Ministério da Fazenda, Mantega avaliou positivamente sua atuação, destacando que ele tem buscado correções nos programas sociais. No entanto, Mantega acredita que os cortes de gastos não serão suficientes para reduzir as dívidas do país, sendo necessário encontrar novas soluções.
“Haddad está sendo um bom ministro. Não é fácil a posição em que ele está, e ele conseguiu fazer a reforma tributária que ninguém conseguiu. Tentei duas vezes e não consegui. O país tem uma estrutura tributária ruim, que atrapalha os negócios, e a reforma é muito importante”, afirmou.
Sobre a gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central em 2025, Mantega recomenda cautela. "Galípolo é um bom técnico, muito inteligente, de pouca idade, mas espertíssimo. O tempo como secretário executivo da Fazenda foi importante, pois o presidente do Banco Central precisa ser um bom macroeconomista", comentou Mantega, acrescentando que Galípolo deve evitar fazer projeções irreais, como a previsão de inflação de 3%.
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