Coronavírus

Donos de bares apontam risco de falência com proibição de venda de bebidas

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Segundo eles, não está valendo a pena manter os estabelecimentos abertos  |   Bnews - Divulgação BNews/Dinaldo Silva

Publicado em 07/04/2021, às 19h44   Yasmim Barreto e Henrique Brinco


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O BNews conversou com uma série de empresários ligados ao setor de bares e restaurantes de Salvador que criticam o decreto estadual que veta a venda de bebidas alcoólicas no fim de semana e mantém o toque de recolher justamente em horários de maior fluxo de clientes. Segundo eles, não está valendo a pena manter os estabelecimentos abertos. Na região do Imbuí, Jardim dos Namorados e Rio Vermelho, o cenário nesta quarta-feira (7), foi de completo deserto, com mesas e cadeiras vazias e quase nenhum cliente. 

A empresária Isabel Passos, proprietária do restaurante Bel Mar há 30 anos, avalia que pode ter prejuízos com o modelo imposto. "Estou avaliando se vale a pena manter o restaurante aberto. Temos que trazer funcionário, transporte, alimentação. Além disso, gastos com papel higiênico, papel toalha e tudo isso daí para não ter nada. O primeiro dia é hoje e vamos ver até domingo como vai ficar. Se eu ver que a coisa não vai dar, prefiro continuar com meu delivery", ressaltou.

(Fotos: Dinaldo Silva/BNews)

Nívea Andrade, proprietária de um quiosque Portal do Imbuí, avalia que apenas o sistema delivery não sustenta o negócio. "A perspectiva que eu tenho é a pior possível. Empréstimo a gente não tem mais condição de tomar, porque os bancos fecharam as portas. Delivery não sustenta. É pinga, pinga e pinga. O que entra é para comprar um tempero e rodar aquele delivery", explicou. Ela teme o risco de fechar e afirmou que precisou dar férias aos funcionários para efetuar o pagamento de salários em um período posterior.

O proprietário do bar Cabral 500, Odilon Cabral, crê que "esse retorno foi o pior de todos". "Tivemos que parar e, quando voltamos, voltamos com mais restrições", lamenta. Segundo ele, a proibição de venda de bebidas não é atrativo para manter os estabelecimentos abertos. "O foco [dos clientes] em sair de casa é sair com amigos e consumir uma bebida diferente", avaliou, ressaltando que os estabelecimentos estão cumprindo os protocolos de higiene e distanciamento social.

Quel Teixeira, dono do A Vila, pede que a população abrace a causa dos bares e restaurantes. "A gente já abre em um horário que não é o que tem movimento. E mais essa questão de não vender bebidas alcoólicas no final de semana. Bares como o nosso sobrevivem com a venda de bebida alcoólica. Ninguém vai para o bar sem beber a sua cerveja gelada", diz.

(Fotos: Dinaldo Silva/BNews)

Decreto
Uma das novidades do decreto estadual é a redução do toque de recolher, que passa a valer das 20h às 5h, em todo o estado, até o dia 12 de abril. Os estabelecimentos comerciais e de serviços deverão encerrar as atividades com até 30 minutos de antecedência do início da restrição de circulação de pessoas, que é das 20h às 5h, para garantir o deslocamento dos funcionários e colaboradores às suas residências.

Os estabelecimentos comerciais que funcionem como restaurantes, bares e congêneres deverão encerrar o atendimento presencial às 18h, permitidos os serviços de entrega em domicílio (delivery) de alimentação até as 24h. A circulação dos meios de transporte metropolitanos deverá ser suspensa das 20h30 às 5h, no período de 5 de abril até 12 de abril. 

Fica proibida, em todo o território da Bahia, a venda de bebida alcoólica em quaisquer estabelecimentos, inclusive por sistema de entrega em domicílio (delivery), das 18h de 9 de abril até as 5h de 12 de abril.

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