Educação

Professor da UFBA é acusado de humilhar alunos; estudantes cobram afastamento

Publicado em 13/11/2015, às 19h59   Brenda Ferreira (Twitter: @bocaonews)



Alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA (FAUFBA) cobraram o afastamento do professor Marcos Jones, após, segundo eles, o docente apresentar "comportamentos agressivos" em sala de aula. Os estudantes fizeram denúncias através de uma carta, com depoimentos de situações constrangedoras vividas em classe e um abaixo-assinado, que foram enviados à Coordenação e a Ouvidoria do curso.

Marcos Jones leciona a matéria de Atelier I para acadêmicos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Bacharelado Interdisciplinar (BI). No momento, o professor está em processo de efetivação. O objetivo da mobilização dos estudantes, que acontece desde maio, é fazer com que aja uma ligação entre o setor que vai analisar o contrato de efetivação e a comissão do Processo Administrativo e Disciplinar (PAD), que julga o docente para indeferir a contratação de Marcos.
Na carta, os alunos reclamam do tratamento do professor com a classe e, palavras como “intimidador” e “grosseiro” são usadas para descrever o comportamento de Jones. “São recorrentes humilhações verbais, intimidações e uso de apelidos pejorativos”, relatou um dos alunos.
“Evidentemente, todo esse contexto negativo resulta na precarização da assimilação por parte dos estudantes de um bom conteúdo que agregaria a nossa formação, se não fosse por um modelo metodológico arbitrário e ditatorial de ensino, comprovadamente ineficaz”, escreveu um dos acadêmicos.
Na carta enviada à Coordenação do curso, os estudantes trazem textos relacionados a assédio moral para dar embasamento às reivindicações e questionam diversas vezes o tratamento do docente com os alunos que são cursam BI e dos que ingressaram na universidade através do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). 
Segundo os universitários, Marcos Jones disse que “tais alunos (de BI) são desinteressados por não saberem o que querem, estando na faculdade somente pelas facilidades que o curso oferece”. E para os que entraram pelo Sisu, o professor julgou que “em sua época era diferente e hoje com tantas listas, qualquer um entra na universidade”.
Na declaração, Milena Santos, aluna do Bacharelado Interdisciplinar escreveu: “Além dos estudantes do BI, alunos que estão repetindo Atelier I, também são constantemente expostos a situação vexatória, sendo chamados pelo professor Marcos Jones de ‘repetentes’ a cada oportunidade. Existe tratamento humilhante direcionado a um de nossos colegas que já foi chamado de ‘minha senhora’ e que, com frequência é vítima de intimidações ao manifestar suas dúvidas que, para o professor, são 'mal elaboradas'”. 
Ao Bocão News, Milena ainda completou sua escrita: “Ele é o primeiro nível da matéria de atelier e deveria saber lidar principalmente com os calouros, pois muitos não têm experiência com a faculdade, vem do Ensino Médio e é por isso que muitas vezes a turma fica acuada e sem saber como reagir diante dele dentro de sala de aula. Ele é uma pessoa difícil”, relatou.
Os alunos se queixam da situação, que segundo eles, vem se tornando insustentável, pois o professor abusa da sua “posição superior” em sala. Eles ainda alegam que o docente responde com desculpas do tipo “isso faz parte do processo educativo”, “vocês não se colocam no lugar do professor”, quando os estudantes repudiam algum comentário de Jones. 
Paula Milena, ex-aluna do BI e que atualmente cursa Arquitetura, contou ao Bocão News um pouco do que vivenciou com o docente em sala de aula. “Além das críticas direcionadas aos alunos serem pesadas, ele era extremamente grosseiro e ás vezes fazia questão de falar alto para tentar chamar atenção. Como se ele quisesse mostrar que estava ali. Além de tudo, qualquer coisa que ele achasse que era um ponto fraco dos alunos, ele frisava constantemente”, disse.
Ao final da carta, foi anexado o abaixo-assinado apoiado por 31 estudantes, incluindo aqueles que já saíram da instituição e foram alunos de Marcos Jones de Souza. Após a petição, os acadêmicos participantes, foram depor no Pavilhão de Aulas da Federação VI (PAF VI), para prestar esclarecimentos à comissão que está coordenando o Processo Administrativo e Disciplinar que vai julgar o professor. 
O Bocão News entrou em contato com a diretora da FAUFBA, Naia Alban, que esclareceu o caso do docente. “Quando recebemos a denúncia dos alunos, nós abrimos o Processo Administrativo Disciplinar e afastamos o professor para que as investigações pudessem acontecer sem nenhuma influência externa, apenas pela comissão do PAD”, explicou.
A diretora garantiu que o processo é limpo e o resultado para saber se o professor será afastado definitivamente ou se continuará na instituição só será divulgado pela comissão de professores do PAD. Naia ainda afirmou que os alunos estão recebendo listas do andamento do processo do caso e que alguns estudantes ainda seguem depondo. 
Em conversa com o Bocão News, o professor Marcos Jones preferiu não justificar as acusações feitas pelos alunos. “Isso deveria ser sigiloso, deveriam respeitar minha imagem e, como o assunto está ligado diretamente ao processo administrativo disciplinar, eu não posso falar nada até o resultado sair. Meus advogados me orientaram que, por ser um processo que me envolve, não posso falar sobre”, relatou.

Classificação Indicativa: Livre

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