Educação

Alunos de Universidades são contra a volta às aulas; instituições se posicionam

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
As aulas podem retornar a partir da próxima terça-feira (03)  |   Bnews - Divulgação Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Publicado em 30/10/2020, às 19h49   Brenda Viana


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Após sete meses de aulas 100% online no ensino superior, as universidades de Salvador podem voltar às atividades presenciais a partir do dia 3 de novembro, de acordo com o decreto estadual e municipal desta sexta-feira (30). Mas, alunos ouvidos pelo BNews são contra o retorno das aulas, principalmente porque há turmas com mais de 100 pessoas. Já as instituições particulares afirmam que, apesar de todos os protocolos, poderão voltar com as aulas práticas.  

O retorno, em questão, é facultativo e, de acordo com o prefeito de Salvador ACM Neto (Dem), as universidades só poderão ter 50% da capacidade permitida em sala.

O estudante de Odontologia, Eduardo Victor, de 23 anos, diz que se for para retornar, seria com todo o protocolo de segurança, pois, há muitas turmas com salas cheias e o risco de contágio é maior. “Se for pra voltar, que volte com o máximo de segurança possível, porque existem muitas salas de aula que chegam à capacidade de 100 alunos, então tem que haver muito controle para que isso aconteça e, ainda assim, não vai ser suficientemente seguro para quem tem uma mãe, um pai, no grupo de risco”, enfatizou.

Um aluno, que preferiu não se identificar, mas estuda na Universidade Salvador (Unifacs), explica que muitos universitários são do interior e decidiram voltar para a sua cidade natal e permanecem assistindo as aulas de forma online. “Não tem necessidade, torna esse risco para a saúde e já nos acostumados a ter um semestre remoto. Além disso, muitas pessoas não moram nas cidades que estudam”, comentou. Ele ainda reitera que iria se expor de uma maneira desnecessária indo presencialmente. “O risco de contaminação é enorme. ”

Achando que não faz sentido a volta às aulas, Larissa Assis, de 24 anos, é totalmente contra o decreto, principalmente porque, muitos alunos têm parentes de risco em casa. “O caso de aula presencial, todo mundo entra em risco. Nem todo mundo tem carro, nem todo mundo pode ir e voltar de boa de ônibus por conta do parente de risco em casa e aquele caso: os dois perdem, o professor e o aluno. Se o professor falta por qualquer motivo, além de criar a revolta, ele pode perder seu emprego, o aluno se falta e isso virar rotina ele perde a matéria ou semestre por conta disso. Então, qual o sentido de voltar as aulas e botar tudo em risco?”, falou revoltada. 

Instituições

A reportagem entrou em contato com algumas universidades para saber o posicionamento delas referente às aulas presenciais. Algumas ainda esperam o posicionamento dos diretores para comunicar aos estudantes se haverá aulas presenciais ou se continuam de forma 100% online. 

A Rede UniFTC informou, em nota, que desenvolveu um Plano de Contingência para possível retorno. “O Grupo Educacional destaca que pretende privilegiar o retorno das aulas práticas neste primeiro momento, sendo a participação dos alunos facultativa, ou seja, flexibilizada para aqueles que não desejam frequentá-las neste momento, sendo elas ofertadas em outra oportunidade. Por fim, a Rede UniFTC ressalta que todas as definições tomadas terão um prazo mínimo para adaptação dos estudantes na retomada da rotina”, explicou.

Da mesma forma, a Universidade Salvador (UNIFACS) diz que, desde o início da pandemia, segue à risca os protocolos de segurança à saúde, seja com alunos, professores e colaboradores. Referente à voltas aulas, assim como a UniFTC, a instituição, também, já preparou um método para o retorno. “UNIFACS preparou um manual de retorno seguro para assegurar que a retomada das atividades presenciais seja feita da forma mais adequada possível ao momento, preservando o bem-estar de todos os envolvidos."

Em contrapartida, o Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE) informa que vai voltar com as atividades presenciais com as aulas práticas, porém, seguindo todos os protocolos de segurança. “Neste momento de pandemia, nossa grande preocupação é com a saúde de alunos, professores e colaboradores, por isso estamos cumprindo rigorosamente com todos os protocolos de segurança definidos pelos órgãos governamentais”, comentou em nota.

A Faculdade Área 1 / UniRuy explica que já tem um protocolo de segurança e saúde para um possível retorno. “Os espaços foram redesenhados, com maior distanciamento entre as carteiras, instalamos dispensadores de álcool em gel, além de sinalizadores com orientações sanitárias e o uso de equipamentos de segurança será obrigatório. Mas, por ora, enquanto não há previsão para o retorno das aulas presenciais, o UniRuy e a Faculdade ÁREA1 informam que o calendário acadêmico do segundo semestre está mantido por meio das aulas ao vivo pela internet”.

O Centro Universitário Regional do Brasil (UNIRB), em conversa com o Bnews, comentou que a instituição já tem projetos para fazer presencialmente aulas práticas, clínicas e estágios. "Não faz sentido, faltando dois meses para terminar, voltar às aulas. Não vamos arriscar retornar, ter outro fenômeno e parar de novo. Estamos nos preparando para continuar de forma mediada online" comentou.
 A Universidade Católica de Salvador (UCSAL) afirma que vai divulgar um novo comunicado em breve, mas, de antemão explica que "a retomada das atividades presenciais será feita após a autorização de todos os órgãos competentes, com segurança e controle, preservando a integridade física e o bem-estar da comunidade acadêmica". 
Assim como as outras universidades, a Faculdade 2 de Julho (F2J) também voltará apenas mediante os decretos. “A Faculdade 2 de Julho (F2J) e o Colégio 2 de Julho (C2J) estão atentos aos decretos municipais e estaduais e às regras de vigilância sanitária quanto à Covid-19 e apenas retornarão as atividades mediante decretos e instruções de órgãos responsáveis. ”

Já o presidente da Sociedade Mantenedora do Ensino Superior da Bahia (SMES BA), Carlos Alberto Andrade, tem a mesma posição da UNIRB, onde também é diretor do centro universitário. "Temos uma assembleia na próxima terça-feira (03), para conversar sobre deliberar a volta. Já conversamos com várias instituições. É importante lembrar que há um limite máximo de aluno para ir. As aulas práticas, por exemplo, só podem 25 alunos", comentou.

Sobre a permanência das aulas online para 2021, Carlos diz que pode adotar esse método, já que ficou comprovado a eficácia. "A tendência natural é continuar assim, online. O Ministério da Educação autorizou até 2021 na aula mediada [remota]. Se não tiver como prejudicar, vai permanecer assim. Cada curso vai ter uma avaliação, se é necessário ou não continuar online.”

Responsável pelas universidades do país, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) afirma que as instituições privadas estão preparadas para voltar às atividades, porém, cabe a cada universidade decidir se haverá um retorno ou não. “Orientamos a todas elas que sigam as determinações dos governos locais (estadual e municipais), bem como o protocolo de biossegurança elaborado pelo Ministério da Educação (MEC).”.

A União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime) não se posicionou até o fechamento desta matéria, porém, assim como as outras, espera a decisão final dos diretores da instituição.

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