Educação

Estudantes da Fapesb reivindicam prorrogação de prazo para entrega de projetos e temem perder bolsas de pesquisa

Reprodução/ Google Street View
Estudantes de pós, mestrados e doutorados tiveram as pesquisas suspensas por causa da Covid-19  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Google Street View

Publicado em 22/01/2021, às 19h34   Brenda Viana


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Assim como escolas da rede municipal, estadual e particular, alunos de pós-graduação, mestrado e doutorado de todo o Brasil tiveram que parar suas pesquisas devido à pandemia do novo coronavírus. Esses estudantes, no entanto, estão com projetos atrasados há quase um ano e, de acordo com as denúncias obtidas pelo BNews, algumas instituições não pretendem prorrogar o prazo para a entrega desses trabalhos. 

Esse é o caso dos alunos bolsistas de pós, mestrado e doutorado da Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, a FAPESB, que faz parte do núcleo da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Eles reclamam que a fundação se nega a adiar a data da entrega das pesquisas, enquanto outras agências do país, como a de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraíba prorrogaram as bolsas de mestrado, doutorado e pós em até, no mínimo, 60 dias. Em setembro, a FAPESB publicou uma prorrogação em um prazo de dois meses, mas os estudantes ainda acham que é pouco tempo para realizar as pesquisas.

A líder do movimento, Tatiane Aguiar é bióloga, mestranda em Ecologia e seu projeto é sobre os corais bioinvasores do Porto da Barra pelo Instituto de Biologia (INBio), UFBA. Devido a pandemia do coronavírus, ela não pode seguir com a pesquisa porque as praias de Salvador foram fechadas ainda em março de 2020. "Somente agora consegui terminar minhas coletas de dados, a partir do momento em que as praias reabriram [setembro do ano passado]. Eu ainda estou na fase de tratamento dos dados, sem condições de concluir as análises", comentou. Ela falou, também, que realmente houve essa prorrogação, mas que não alcançou todo mundo. “ Essa prorrogação não foi universal, ou seja, só contemplou quem defenderia até Dezembro, sendo que todos os estudantes foram prejudicados. O que estamos pleiteando é que como foi em todas as outras agências de fomento pelo país, essa prorrogação abranja a todos”.

A estudante afirma que, tanto ela, quanto os outros colegas tentaram dialogar com a agência e com o governo do estado para aumentar a data, mas a Fapesb, segundo ela,  ignorou os pedidos, ainda mais sem visar os impactos que a pandemia causou, não só nos projetos, mas também no cotidiano, já que o isolamento era cobrado constantemente. Os pesquisadores, no entanto, dependem da continuação dos projetos, já que a agência fez eles assinarem um termo de exclusividade, não podendo conseguir emprego fora do projeto. "Temos centenas de pesquisadores com suas pesquisas pela metade, sendo cobrados pela entrega e no próximo mês ficaremos sem renda", afirmou. Tatiane explicou que os alunos que estão fazendo mestrado ganham, em média, R $1.500, já doutorado, R $2.200. 

Em maio de 2020, foi realizada uma reunião com a coordenação da Fapesb para resolver este problema. A fundação respondeu aos estudantes que foi encaminhado, no início de maio, para a Procuradoria Geral do Estado (PGE) o assunto da prorrogação da vigência das bolsas. Além disso, houve negociações paralelas realizadas com a Secretaria da Fazenda do Estado (SEFAZ) sobre ser favorável com a prorrogação. Por e-mail, o coordenador pede para que os alunos façam uma reunião, no dia 25 de maio de 2020, às 17h, para resolver tal assunto. “A coordenação da Fapesb disse que não sabia da solicitação e que não havia tido uma reunião, mas aí estão as provas [prints]”, disse Tatiane.

“Enviamos e-mails em conjunto para a agência solicitando. Várias pessoas tentaram entrar em contato, mas não obtivemos nenhuma resposta efetiva. A resposta, no entanto, era que a agência estava analisando, porém, isso já se arrasta há meses. E os prazos da maioria  termina esse mês e nos próximos dois meses. Não há mais possibilidade de esperar essa resposta, não há mais prazo para nós”. A bióloga afirma que são em média cerca de 200 a 300 mestrandos que ficarão com suas pesquisas pela metade por causa da falta de prorrogação. 

Em novembro, o deputado Jacó Lula da Silva (PT) apresentou na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) um projeto de indicação ao governador Rui Costa (PT) solicitando a prorrogação de todas as bolsas dos estudantes de mestrado e doutorado enquanto tivesse perdurando a pandemia do novo coronavírus. Em conversa com o BNews, o parlamentar disse que os alunos o procuraram para conseguir conversar mais rapidamente com o governador Rui Costa uma solução referente às bolsas.  “Estou marcando uma reunião da turma dos alunos com o pessoal da Fapesb que é vinculada com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), para fazer uma reunião e ter uma saída. Isso é uma demanda legítima, porque alunos que têm Bolsa Família, que são de baixa renda, e estão fazendo a pós graduação precisam dessas bolsas”, explicou Jacó.  

O BNews entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e, em nota, afirmam que “sobre essa questão específica, a Fapesb está aberta ao diálogo mas ainda não recebeu oficialmente nenhuma demanda dos estudantes com relação a isto”, explicaram. 

Classificação Indicativa: Livre

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