Educação

Professores contestam declarações de Bacelar

Imagem Professores contestam declarações de Bacelar
Secretário afirmou que é atrativo trabalhar na rede municipal de Salvador  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 28/04/2012, às 09h35   Marivaldo Filho (Twitter: @marivaldofilho)



O secretário municipal da Educação, João Carlos Bacelar, afirmou em entrevista ao Bocão News, na segunda-feira (23), que é muito atrativo ser professor da rede municipal de Salvador. Insatisfeitos com as declarações do titular da pasta, educadores da capital procuraram a redação do Bocão News para relatar que quadro não é tão belo quanto quis pintar o secretário.
Na opinião dos professores, Bacelar falou dos pontos positivos da sua gestão, mas “esqueceu” de tocar em assuntos delicados.  A não nomeação de professores aprovados no concurso da Secult de 2010, a quantidade excessiva de alunos em algumas escolas da rede municipal, a contratação de estagiários para ocupar as vagas que seriam dos concursados, e escolas já inauguradas que não estão funcionando foram problemas citados.
Os educadores aprovados no concurso da Secult em 2010, ainda não nomeados, expuseram que o certame foi homologado em fevereiro de 2011. No edital, estavam previstas mil vagas para professores de Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, além de 200 vagas para coordenadores pedagógicos, entre outras vagas para as séries finais.
Até o momento, foram 604 convocados entre os sete mil aprovados. Apenas 195 foram nomeados para o cargo de professor de Educação Infantil e séries inicias do Ensino Fundamental e, no caso dos coordenadores pedagógicos, foram convocados 224 entre 2.413 aprovados, sendo que apenas 64 foram nomeados. “Um caso bastante ‘interessante’ é o de Ciências Sociais, que até agora não teve nenhum professor convocado para os 25 cargos do edital”, afirmou o professor Thiago Molina.
“É verdade que a maior parte desse tempo de espera não está sob a responsabilidade de Bacelar. Foram quatro meses para os exames médicos e mais três para o psicoteste. Estamos aguardando a junta médica indicar à Seplag quais de nós somos aptos ao trabalho. O que a Secult fez enquanto isso? Contratou estagiários que ocupam vagas na rede municipal quando deveriam estar em sala de aula acompanhados por professores concursados. É uma prática  ilegal que fere a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a própria Constituição Federal”, desabafou Molina.
“Será que realmente é atrativo ser demitido em função de uma aprovação em um concurso e esperar sete meses por uma nomeação que ainda não aconteceu?”, questionou a professora Michele Santos de Meneses.
A insatisfação não parou por aí. Quando o secretário Bacelar afirmou que João Henrique é que um bom prefeito e que prioriza a educação, também provocou o descontentamento da categoria. “Em que lugar do mundo esse prefeito pode ser preocupado com a educação, se ele entrega o cuidado e a educação de nossas crianças a profissionais não-concursados e não habilitados?  Não há uma coordenação de trabalho entre as pastas e cada uma prioriza o que bem entende ou a nomeação de professores não é prioridade da gestão? Será que se está usando o cargo de professores como moeda de troca política? A sociedade aceitaria ter sua cabeça na mão de neurocirurgiões com formação incompleta? “, disparou o professor Molina.
Audiência pública
Uma comissão de educadores denunciou ao Ministério Público, através da Ouvidoria da Câmara Municipal, a prática da Secult de contratar estagiários para os lugares dos concursados.
Durante audiência publica realizada em março deste ano, na Câmara Municipal, professores reivindicaram dos representantes das secretarias um cronograma de convocações e nomeações, para que os próximos convocados não aguardem mais de meio ano para começar a trabalhar.
Enquanto os educadores aguardam a nomeação, na Escola Municipal Francisco de Sande, em Coutos, Subúrbio Ferroviário, faltam professores. Também na audiência pública realizada na Câmara, a diretora Ana Beatriz explicitou as dificuldades da instituição com a falta de oito profissionais de ensino.

Já na Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, no bairro do São Gonçalo, o problema é outro. Com salas pequenas e uma quantidade excessiva de alunos, os professores não conseguem passar o conhecimento aos estudantes com as condições mínimas de estrutura.

O investimento em reformas também foi questionado pelo professor Thiago Molina. “Essas obras estão sendo feitas no apagar das luzes e que vão terminar às vésperas da eleição. O prefeito está querendo receber os aplausos e méritos no momento oportuno”, concluiu.

A reportagem do Bocão News tentou contato com o secretário João Carlos Bacelar para comentar as denúncias feitas pelos professores, mas até o fechamento desta matéria não obteve sucesso.

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