Educação

Bate-boca:"APLB faz jogo sujo" x "Pare de mentir secretário"

Imagem Bate-boca:"APLB faz jogo sujo" x "Pare de mentir secretário"
Secretário de Educação discute, ao vivo, com diretora da APLB  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 23/03/2013, às 07h50   Caroline Gois (twitter: @goiscarol)



Bate-boca, troca de acusações e instabilidade explícita na relação entre governo e categoria. Na manhã desta sexta-feira (22), uma discussão tomou conta dos estúdios da Rádio Sociedade, durante o programa do Bocão, quando - ao vivo, o secretário de Educação da prefeitura, João carlos Bacelar, começou a trocar farpas com a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Elza Melo.

O que começou com simples declarações de Bacelar sobre a educação, o reconhecimento dele com relação às péssimas condições das escolas e os R$ 100 milhões que serão investidos na área este ano, fora interrompido quando o secretário teve que afirmar à diretora que "A APLB faz jogo sujo. Isso tudo é jogo político. Mas, eu estou colecionando os epísódios e vou encaminhar tudo à Procuradoria do município", disse o gestor da pasta, se referindo à recusa dos professores com relação ao Programa Alba e Beto. Segundo o secretário, o programa é aplicado em mais de 700 municípios e cerca de 92% dos alunos do 1º ano são alfabetizados através dele.

Mas, ao ouvir esta declaração, Elza Melo não hesitou em responder. "Pare de mentir secretário. Jogo sujo? Cuidado com suas declarações. Não vou tratar destas questões dessa forma. Somos uma entidade que luta pela qualidade da educação. Queremos uma rede que funcione e isto não acontece devido à falta de condições das escolas. Esta administração está impondo o Alfa e Beto e já discutimos isso uma vez que o programa não atende às necessidades", afirmou, sendo logo interrompida por Bacelar. "E qual programa atende professora?", questionou.

Elza - "Temos o do Governo Federal"
Bacelar - "Elza, explique melhor. O pai do aluno está te ouvindo".

Elza: "O Programa foi rejeitado pela categoria. Não somos loucos que não entendemos de educação".
Bacelar: "Para Elza. Esta atitude partidária já é conhecida. Você foi derrotada nas eleições e não queira fazer terceiro turno. Você sabe da minha amizade e respeito pelo professor".

Elza: "Para secretário. Cuidado com suas declarações. Os professores já estão indignados".

Após um intervalo, os dois voltaram ainda com os ânimos alterados, desta vez, discutindo sobre a ausência de professores nas escolas às sextas-feiras.

Elza: "Isto acontece há anos e não é de agora. É dia de atividade complementar. A secretaria deveria chamar os concursados para serem os substitutos e mandar professores para a escola. Não responsabilize a categoria por aquilo que não é nossa culpa".

Como resposta, Bacelar voltou ao assunto Alfa e Beto e desafiou a diretora. "Já tem professores me procurando e aceitando o programa".



Elza: "Claro, isso é pressão da secretaria, das coordenadorias regionais. Nós não rejeitamos porque não gostamos. Para onde foram os R$ 12 milhões que investiu no Programa?".
Bacelar: "E rejeitou porque? Não gostou de quê? Fale Elza. Desafio qualquer professor vir e dizer que foi pressionado. Você é que pressiona. Estão indo nas escolas. Tenho denúncias de agressões contra professores. Tá virando partido político. Os professores não estão satisfeitos com isso e a greve do estado desvalorizou a categoria".

Elza: "Não é verdade. Se acalme secretário. Cuidado com suas declarações indevidas. O senhor está nervoso. Lutamos pelos direitos dos trabalhadores e a APLB é pluripartidária. Claro que, todos temos partido. Eu sou de esquerda e você de direita. Mas, não discutimos partido político. Discutimos educação".

Além destas principais declarações,  Elza não mediu esforços para criticar as condições das escolas muncipais, motivo pelo qual, um estudante e um vigia da Escola Municipal Dona Arlete Magalhães foram vítimas de uma descarga elétrica, no alambrado do portão do colégio na semana passada. O fato fez a diretoria da APLB Sindicato organizar uma coletiva que ocorre hoje para denunciar a situação precária que está a instituição.

Bacelar sobre o assunto: "Isso não aconteceu de jeito nenhum. É grave este tipo de declaração. Isso é coisa da APLB, que faz jogo sujo", disse o secretário logo no início do programa, quando questionado pelo apresentador Zé Eduardo. Já com a presença no ar da diretora, Bacelar recuou e disse que não sabia do fato.

Ao fim, nos últimos minutos do programa que se encerra às 9h - tempo quase estourado pelos dois que já embolavam as vozes e falavam mais alto que apresentador, o balanço para o aluno, no mínimo, foi negativo. Entre o Alfa e Beto que fica e que sai, as escolas sem estruturas, o professor que quer a educação e a política, o aluno - justamente hoje - uma sexta-feira, está em casa, sem direito à educação. Isto, pelo visto - no desentedimento entre o município e a categoria, vai passar longe das salas vazias e com uma greve anunciada.


Nota originalmente postada às 9h52 do dia 22

Classificação Indicativa: Livre

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