Educação

Base Comunitária dentro de Campus da Uneb gera polêmica

Imagem Base Comunitária dentro de Campus da Uneb gera polêmica
Alguns alunos consideraram a atitude como "repressora"  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 27/11/2013, às 11h31   Terena Cardoso (Twitter: @terena_cardoso)


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Uma Base Comunitária de Segurança está sendo construída dentro do campus da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), no bairro Engomadeira, em Salvador. Alguns alunos não gostaram da iniciativa por a considerarem repressora.
No Facebook, houve a divulgação de uma carta aberta sobre o assunto onde os jovens solicitam uma audiência pública para mais esclarecimentos sobre a obra. No relato, eles dizem que foram pegos de surpresa e achavam que a construção seria mais uma área para estudos. 
Em contato com a assessoria da Uneb, a audiência foi confirmada. Ela vai acontecer na quinta-feira (28) no Teatro Uneb no Campus I, no Cabula, às 15h. Na ocasião, estarão presentes o atual reitor da universidade, Lourisvaldo Valentim os novos reitor e vice-reitora, José Bites e Carla Liane, que vão assumir os cargos a partir de janeiro de 2014. Não foram feitos convites para representantes da Secretaria de Segurança Pública nem da Polícia Militar.
Leia carta aberta dos alunos: 

Nós, estudantes da UNEB-Campus I (Salvador) mobilizados contra a construção da base 
comunitária de segurança da Engomadeira, viemos denunciar e repudiar essa construção no terreno da Universidade e a forma truculenta que se deu. É partindo da compreensão de que historicamente o Estado só chega à comunidade por meio do aparato repressor e que uma universidade pública não deve legitimar este tipo de ação, é que estamos nos mobilizando. 

O genocídio da juventude negra, os desaparecimentos de moradores e tantas outras formas de repressão trazidas por essas bases de segurança só nos mostram um dos papéis que o Estado cumpre nas favelas do nosso país através do discurso de pacificação, Estado esse que está a serviço da classe que detém os meios de produção, e é ele quem possui os aparatos ideológicos e repressores, utilizados para manter o caráter de classe da nossa sociedade. 

Em conversa com um representante da associação de moradores da Engomadeira, ele colocou sua grande insatisfação diante da construção dessa base, por saber dos seus verdadeiros interesses. Um bairro onde não há escolas estaduais, as duas escolas municipais que existem estão em péssimas condições, que há carência de creches para as mães trabalhadoras, onde o atendimento de saúde é precário, inexistência de áreas de lazer, centro culturais e outras formas de incentivos que possam de fato melhorar as vidas dos seus moradores, deste modo não há porque permitir esta base de segurança nesse espaço, se o Estado desassiste a comunidade de tantas outras formas.

É preciso deixar claro que a construção desta base policial no terreno da nossa universidade se deu de forma silenciosa, truculenta e dissociada da realidade em que vivemos. A comunidade acadêmica desconhece como se deu esse processo e até há pouco tempo, pensávamos que o prédio seria mais um departamento da nossa universidade, que sofre com o problema de falta de salas, falta de terreno para a construção da nossa residência estudantil e nosso restaurante universitário. É sabido que as Universidades em geral contradizem o seu discurso ao produzir conhecimento para benefício de uma parcela privilegiada, na grande maioria dos casos, e quando  tem caráter de intervenção social, é simplesmente deixado de lado ou não realizado de maneira eficaz. 

Qual a contribuição que a UNEB vem dando para a comunidade da Engomadeira? As catracas podem não existir fisicamente, mas a comunidade não está dentro da universidade, de nenhuma forma, e não se reconhece nela. E é por compreender isto, que essa mobilização deve sempre estar atrelada à comunidade, consultando-a, construindo conjuntamente,, porque esse movimento não é uma briga territorial, é uma briga contra o Estado repressor.

Classificação Indicativa: Livre

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