Educação

‘Não tenho orgulho de ser o primeiro professor titular negro da Faculdade de Direito da UFBA’, desabafa promotor

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Heron Gordilho tomou posse nesta sexta-feira (5) como primeiro professor titular negro da unidade de ensino  |   Bnews - Divulgação Divulgação/Assessoria

Publicado em 05/08/2022, às 20h45 - Atualizado às 20h50   Redação BNews


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A Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba) passou a ter nesta sexta-feira (5) o primeiro negro ocupando o cargo de professor titular na instituição: o promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e professor de Direito Ambiental da instituição de ensino, Heron Gordilho. Ele foi aprovado por uma comissão julgadora, formada por cinco avaliadores da Bahia e de fora do Brasil, após apresentar um memorial.

A banca foi presidida pelo professor emérito da UFBA, vereador e ex-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito , que dedicou 50 anos de sua vida à universidade baiana e foi o primeiro homem negro a fazer parte do corpo docente da instituição. 

“Mas não sou o primeiro titular dessa faculdade. Para que o conseguisse, fui a Universidade de São Paulo (USP), onde tenho duas titularidades iguais a essa que Vossa Excelência se submeteu. Não tive a felicidade e a honra que tem Vossa Excelência, de ser professor titular dessa faculdade, mesmo estando há meio século da minha vida aqui. Esse é um momento singular da minha vida: poder, antes de morrer, presidir nesta casa uma banca de titularidade, e sendo exatamente de um filho, como é Vossa Excelência para mim. Parabéns! Faça nessa casa o que eu nunca consegui fazer”, afirmou.

Gordilho agradeceu as palavras e disse que não sente nenhuma honra pelo fato de ser o primeiro professor titular negro da Faculdade de Direito da UFBA.

“Queria ser o centésimo. Tenho orgulho, sim, de alcançar esse cargo. O último membro do Ministério Público que ocupou esse cargo foi professor Calmon de Passos, como professor catedrático. A nossa sociedade, mesmo sendo composta por 80% de pessoas negras, precisou de 131 anos para um professor negro ocupar esse cargo. Precisou professor Edvaldo ir para a USP para ocupar esse lugar. É essa desigualdade socio-racial que eu luto para que tenha algum tipo de compensação porque uma sociedade menos desigual, menos estratificada significa menos violência, mais desenvolvimento”, expôs.

O presidente da Associação do Ministério Público da Bahia (Ampeb), Adriano Assis, que acompanhou a apresentação do memorial à banca julgadora, pontuou que a conquista de Gordilho não é apenas individual.

“O colega Heron, que é um professor muito reconhecido na Bahia, no Brasil e no exterior, onde já participou de atividades acadêmicas em vários países, como Estados Unidos e França, traz uma conquista para a própria sociedade baiana, pois se trata do primeiro professor negro a alçar à condição de titular na Faculdade de Direito da UFBA. A nossa satisfação é dupla, por se tratar de um colega do MP e por ele ter atingido um dos maiores níveis de ascensão na academia, sendo um docente com uma trajetória brilhante”. 

Os procuradores de Justiça do MP-BA, Márcia Virgens e Marco Antônio Chaves, além de alunos e amigos do professor Heron Gordilho, também acompanharam a apresentação do memorial.

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