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Procuradoria vai investigar deputado que disse que universitários 'merecem ser queimados vivos'

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A abertura da investigação do MPF-RS se deu nesta sexta-feira  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram @fernandapsol

Publicado em 22/10/2022, às 08h18   Caue Fonseca e Bruna Fantti/Folhapress


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O MPF-RS (Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul) vai investigar as declarações feitas em redes sociais do deputado federal bolsonarista Bibo Nunes (PL) de que estudantes de universidades federais merecem ser queimados vivos.

Em uma live realizada em 9 de outubro, Bibo comparou os estudantes da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) que protestam contra o corte de recursos das universidades federais feitos pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) a personagens do filme "Tropa de Elite".

Na ficção, um casal de jovens de classe média que atuava em uma ONG em uma favela é morto por traficantes. Um deles é incendiado vivo dentro de uma pilha de pneus.

"Vocês da Universidade Federal de Santa Maria. Vocês de Pelotas, que são comunistas. Vocês são a escória. [...] Olha o filme [Tropa de Elite] um. Pegaram aqueles coitadinhos, aqueles riquinhos ajudando pobre, se deram mal, queimaram vivos dentro de pneus.

Queimaram vivo dentro de pneus! E é isso que esses estudantes alienados filhos de papai que tem grana merecem! Não que eu queira isso, mas merecem", disse o deputado.

Bibo também se refere aos estudantes como "coitados", "miseráveis", "inúteis", "fracassados", "vergonha", "amebas", "alienados", "lixo", "esgoto" e os acusa, sem provas, de comprar maconha e cocaína de traficantes de armas.

A declaração teve repercussão negativa sobretudo por se dirigir a estudantes de Santa Maria, cidade em que o incêndio da boate Kiss matou 242 jovens em 2013, grande parte estudantes universitários da região.

A abertura da investigação do MPF-RS se deu nesta sexta-feira (21) a partir de representação do deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) e do radialista e ex-vereador de Santa Maria Luciano Guerra (PT).

Conforme o MPF-RS, a investigação na esfera civil será feita em conjunto pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão e pela Procuradoria da República do município de Santa Maria. Na esfera criminal, cabe à Procuradoria-Geral da República, em Brasília, em razão do foro privilegiado do deputado.

Segundo a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), a bancada do PSOL irá também denunciar Bibo ao Conselho de Ética da Câmara.

A repercussão do vídeo se deu a partir da reação do ex-reitor da UFSM Paulo Burmann, que comandou a universidade entre 2014 e 2021 e concorreu a deputado federal pelo PDT em 2022, sem sucesso.

Em seu Instagram, Burmnann publicou um trecho do vídeo de Bibo e uma resposta sua, em que diz que o deputado do PL ofendeu estudantes e familiares que se manifestaram pacificamente "contra os cortes que vêm sendo feitos na educação, na saúde e na ciência para alimentar o orçamento secreto". O ex-reitor disse ainda que se trata de um "ataque arrogante, carregado de ódio, sem nenhum sentimento humano" e "conhecimento de causa".

Após a repercussão negativa, Bibo fez uma nova live na manhã desta sexta-feira (21) se dizendo "vítima de um grande absurdo" e atribuindo a Burmann uma edição maldosa das suas falas. Bibo diz que pode ter se "expressado mal" e que "uma força de expressão em algum momento pode dar, a quem já está com maldade, uma má interpretação". Por fim, pede desculpas a quem tenha feito tal interpretação.

No mesmo vídeo, o deputado ameaça de processo uma jornalista que divulgou o vídeo e opinou sobre ele. Bibo Nunes não se reelegeu à Câmara Federal em 2022. Com 76,5 mil votos, ficou com um dos suplentes na bancada do PL.

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