Eleições

Ciro vive dilema em relação ao Nordeste

Alan Marques/Folhapress
Pedetista, embora aposte na região para crescer nas pesquisas, sofre concorrência do PT   |   Bnews - Divulgação Alan Marques/Folhapress

Publicado em 23/08/2018, às 07h27   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

De cada 10 eleitores do presidenciável Ciro Gomes (PDT) nas eleições 2018, 4 estão no Nordeste e segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, o candidato que representa a legenda nas urnas, é forte na região e deve consolidar ainda mais sua liderança no Ceará, Estado dominado pela família Gomes.

Porém, segundo a mais recente pesquisa Ibope, o pedetista tem 14% das intenções de voto na região (o que significa 42% dos votos dele). Com esses dados, segundo o Terra, nomes fortes da campanha de Ciro afirmam que o cenário ideal, pelo menos para levá-lo ao segundo turno, seria a sua consolidação entre o eleitorado nordestino, dobrando suas intenções de voto e evitando a transferência de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato - para o ex-prefeito Fernando Haddad, vice na chapa petista.

As agendas e ações no Nordeste devem se intensificar . "Devemos consolidar ainda mais a liderança de Ciro no Ceará. E, nos demais Estados, vamos contar com palanques competitivos", disse Lupi. Apesar do otimismo, a matemática não é tão simples - já que o jogo de alianças regionais do PDT atinge um arco que vai do MDB de Renan Calheiros (em Alagoas) ao próprio PT. 

A situação já é curiosa no próprio Ceará.  O candidato de Ciro é o governador Camilo Santana, do PT. Líder isolado nas pesquisas, ele não segue a lógica do seu partido e tem empenhado apoio claro ao candidato do PDT em nível nacional. A presença de Cid Gomes, irmão de Ciro e candidato ao Senado, também é considerada fundamental na região.

Já nos outros Estados nordestinos, o PDT vai ter de trabalhar muito para garantir seu espaço. Em Alagoas, o partido está na coligação do líder das pesquisas, o governador Renan Filho (filho de Renan Calheiros). A chapa de Renan Filho também terá o apoio do PT. As inclinações do MDB local são totalmente lulistas - o que deve dificultar a vida de Ciro no Estado.

No Maranhão a relação também é conflituosa. O PDT está na coligação (com outros 14 partidos) pela reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB). Como a deputada estadual Manuela d'Ávila, que também é do PCdoB, é cotada para ser a vice de Haddad, a máquina maranhense deve trabalhar, em nível nacional, pela candidatura petista.

Em Pernambuco, o PT tratou de isolar Ciro ao retirar a candidatura própria e apoiar o governador Paulo Câmara. Assim, restou à legenda apoiar Maurício Rands (PROS), que hoje tem 2% de intenção de voto. No Piauí e na Bahia, os pedetistas estão compondo a coligação do PT. Situação um pouco mais confortável o partido só encontra no Rio Grande do Norte (onde tem candidato próprio), Paraíba e Sergipe (onde aparecem na vice do PSB).

A campanha de Ciro vai reforçar ataques ao PT e ao próprio Haddad no Nordeste. A missão pedetista é evitar que o ex-prefeito de São Paulo herde os votos de Lula. Para isso, já trabalham com o discurso da "irresponsabilidade petista" e de carimbar em Haddad a ideia do "poste" e de alguém com poucas ligações com o Nordeste.

Ciro quer conquistar o eleitor que estiver "órfão" do ex-presidente ao tentar desconstruir a imagem de Haddad. 

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp