Eleições

Lava Jato: alvos registram redução de valor de bens

Moreira Mariz/Agência Senado
Um de cada quatro políticos investigados pela operação que se candidataram às eleições neste aponta redução do patrimônio   |   Bnews - Divulgação Moreira Mariz/Agência Senado

Publicado em 23/08/2018, às 07h39   Redação BNews



De 77 políticos que figuram como investigados na Lava Jato e se candidataram nas eleições 2018, 21 - pouco mais de um quarto - registraram redução do valor de seus bens em relação a eleições anteriores.

Levantamento feito pelo Estado nos dados fornecidos pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, daquele total, oito informaram queda de mais da metade das cifras declaradas.

Na outra ponta, 44 políticos declararam aumento de patrimônio - quase a metade apresentou valores nominais pelo menos 50% maiores. Em 12 casos, não houve variação. Para a Receita Federal, movimentações significativas no patrimônio podem ser indícios de irregularidades. Foram considerados apenas valores nominais.

Segundo analistas, não é possível corrigir declarações de bens com base na inflação, pois a valorização ou desvalorização de um imóvel, por exemplo, não seguem a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

As explicações para ampliação ou queda nos valores declarados incluem crise econômica, recebimento de herança, venda de imóveis, divórcio e dívida por empréstimo bancário.

Dentre eles estão: o deputado Heráclito Fortes (DEM-PI), investigado na Lava Jato por suposto repasse de R$ 200 mil da Odebrecht na eleição de 2010e que citou a venda de um avião para justificar a redução no patrimônio, que caiu de R$ 5,16 milhões, em 2014, para R$ 1,55 milhão declarado em 2018.

Ainda na lista está o senador Valdir Raupp (MDB-RO), que tinha R$ 728,6 mil em 2010, a última vez que disputou eleição, e agora informou ter R$ 264,9 mil. A maior queda, no entanto, foi a do senador Benedito de Lira (PP-AL). Ele declarou R$ 723,2 mil em 2014, quando concorreu ao governo de Alagoas, e agora disse ter R$ 76,6 mil. Ele tenta se reeleger ao Senado. O parlamentar teve bens bloqueados em uma ação de improbidade ligada à Lava Jato e está recorrendo no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região.

No Supremo, Lira foi alvo de duas denúncias na Lava Jato, uma arquivada e a outra - a do "quadrilhão do PP" - ainda não julgada. "Esse é um assunto que eu não vou discutir, porque a minha declaração de Imposto de Renda está na Receita", afirmou Lira à reportagem, desligando o telefone em seguida.

No sentido inverso está o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), também denunciado no "quadrilhão do PP". Seu patrimônio cresceu mais de 1.000% em oito anos, em valores nominais. Saiu de R$ 1,9 milhão, em 2010, para R$ 23,3 milhões neste ano, quando tentará a reeleição. A justificativa é uma herança deixada pelo pai, além de negócios "bem-sucedidos" não especificados.

Outros candidatos que informaram à Justiça Eleitoral patrimônios menores foram o líder do governo no Senado e presidente do MDB, Romero Jucá (RR), em 68%, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL), em 14%, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), em 24%, e o senador Humberto Costa (PT-PE), em 41% - todos tentam reeleição.


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