Eleições

Correndo atrás do prejuízo, esquerda baiana tenta renovar quadros apesar da resistência dos mais antigos

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No compartivo com o campo de ACM Neto, a esquerda ainda não emplacou nomes competitivos e que representem renovação  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Bocão News

Publicado em 04/10/2018, às 12h16   Victor Pinto



Toda eleição é assim: na TV, no rádio e nas redes sociais assistimos candidatos de todos os partidos defenderem a necessidade de renovação. Mas o que acontece é o contrário. Os postulantes que possuem mandato acabam largando na frente, com mais apoio e estrutura, e alcançam a reeleição - deixando a propagada renovação apenas nos discursos, ou na vontade dos candidatos mais jovens. Fato ajudado também pela legislação eleitoral, cuja reforma só beneficia quem já está no poder. 

No contexto político da Bahia o cenário não é diferente, contudo, há casos que começam a fugir dessa regra. Todo observador da política baiana reconhece que a ascensão do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), significou uma forte renovação do seu grupo político.

Saíram de cena da linha de frente da força e do mandato político da era do carlismos figuras históricas como Heraldo Rocha, Gerson Gabriele e até mesmo o ex-governador Paulo Souto, para dar espaço a aliados, amigos e ex-assessores de Neto, a exemplo de Léo Prates, Bruno Reis e Pablo Barrozo são alguns dos exemplos. 

Apesar de terem sobrenomes conhecidos, na base da vereança também há renovações com políticos mais jovens como Claudio Tinoco, Alexandre Aleluia, Duda Sanches e Lorena Brandão, por exemplo. O secretariado de Neto também é jovial na comparação com o governo petista.

Já no campo das esquerdas, por assim dizer, esse processo ainda não virou realidade. Por mais que se considere o próprio governador Rui Costa como uma jovem liderança do PT, a montagem do seu atual governo contou com vários secretários do seu antecessor, Jaques Wagner. 

Na disputa deste ano, alguns quadros mais jovens tem buscado papel protagonista no campo do governo. Por uma vaga de deputado estadual, por exemplo, a esquerda apresentou poucas mas competitivas candidaturas, segundo a análise recorrente nos corredores da Assembleia Legislativa: Osni Cardoso (44) é a aposta do PT, Augusto Vasconcelos (37) é candidato pelo PCdoB e Alex Lima, de 35 anos, tenta a reeleição pelo PSB. 

Éden Valadares, com 36 anos, coordenador da campanha de Wagner ao Senado, avalia que esse é um processo necessário para a esquerda na Bahia. “Além de uma necessidade política, a renovação é uma necessidade prática. É preciso criar novas linguagens e atualizar nossa mensagem, sob pena de não entender ou dialogar com as novas gerações” comentou. A campanha dos senadores da chapa de Rui Costa apostou na montagem de uma equipe jovem e de uma modernização nos programas de TV: “Nossos conteúdos misturam elementos da web com a TV, com o WhatsApp, o YouTube. É tudo junto e misturado”, disse em conversa com o BNews.

Na disputa por uma vaga de deputado estadual, o campo das esquerdas apresentou poucas mas competitivas candidaturas, segundo a análise recorrente nos corredores da Assembleia Legislativa. Osni Cardoso (44) é a aposta do PT, Augusto Vasconcelos (37) é candidato pelo PCdoB e Alex Lima, de 35 anos, tenta a reeleição pelo PSB. 

Mais jovem deputado da Bahia, Alex Lima comentou as dificuldades enfrentadas por uma candidatura de juventude. “Estou no meu primeiro mandato e há quatro anos percebi a dificuldade que é a política tradicional do País, onde as pessoas são netos e bisnetos de políticos e que funciona ainda dessa forma, como se fosse uma herança”, disse. 

“Eu não tive tradição na política, sou deputado mais jovem da Bahia, tive muita dificuldade, pois esse ambiente político é resistente a novos atores e enfrentei essas dificuldades e continuo enfrentando, pois infelizmente as regras das políticas são feitas para beneficiar quem fez carreira política. Temos o dever de mudar a mentalidade de alguns e fazer política de uma maneira diferente”, completou. 

Apesar da tentativa de renovação, a esquerda peca ainda em sua articulação: não há candidato jovem competitivo entre os postulantes à Câmara Federal e falta ainda mulheres jovens nas suas fileiras, na linha de frente. 

Classificação Indicativa: Livre

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