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Por frente de apoio, Haddad deve desistir de taxação de grandes fortunas

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Petista acena com a perspectiva de 'um governo mais amplo que nunca'  |   Bnews - Divulgação Dário Oliveira/Folhapress

Publicado em 15/10/2018, às 21h40   Folhapress


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Com o endosso de interlocutores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comando da campanha de Fernando Haddad (PT) já admite flexibiilizar seu programa de governo em nome de um pacto contra a eleição de Jair Bolsonaro (PSL). 

Lembrando que a cúpula petista já cedeu ao retirar do plano de governo a proposta de convocação de uma assembleia nacional para revisão da Constituição, um integrante do comando da campanha recomenda a definição de dez pontos de convergência para elaboração de um programa comum, excluindo propostas polêmicas com difícil aprovação no Congresso –como exemplo, a retirada da taxação de grandes fortunas.

Autor do plano de governo de Lula, o próprio Haddad afirmou, nesta segunda-feira (15), que pretende "alargar o quanto puder" a frente de apoio a sua candidatura, "sobretudo com Ciro Gomes, que é um democrata, mas também com setores de outros partidos que lutaram pela redemocratização".

Para tanto, Haddad acena com a perspectiva de "um governo mais amplo que nunca". 

"Bolsonaro é uma ameaça concreta às instituições. Pelo Brasil democrático, estaria disposto a qualquer tipo de...Faço gestos todo dia", afirmou Haddad, acrescentando que não poupará esforços "para evitar o pior". 

Coordenador da campanha de Haddad, o ex-governador Jaques Wagner afirma que "Fernando tem consciência que para ultrapassar este momento, ele tem que apontar para um governo amplo". 
Repetindo a expressão "guarda-chuva" sob o qual estaria abrigada uma frente democrática, Wagner diz que a linha de corte para essa coalizão não tem que ser programática. Mas em reação a uma ameaça à democracia representada por Bolsonaro.

"Fizemos o Diretas Já para sair do autoritarismo. Temos que fazer outra para não entrarmos. A linha de corte não tem a ver com programático. É o item básico número um, a democracia", justifica Wagner.

Defensor do fim da reeleição, Wagner propõe que esse seja um compromisso assumido pelos dois adversários, Haddad e Bolsonaro. Sobre a proposta de um acordo no qual Haddad não se candidataria à reeleiçao em favor de Ciro, Wagner alega que seria pretensioso fazer essa promessa sem nem sequer chegar ao Planalto. 

"Mas acho uma estratégia correta fazer alternância", acrescenta Wagner, que, na quinta-feira, visitou Lula em Curitiba.

O ex-governador da Bahia disse ainda que 'se as pessoas tiverem mais medo de Bolsonaro do que raiva do PT,  a gente pode ter muito voto desse tipo".

"E tem motivo para ter medo", assinalou Wagner.

Segundo Wagner, o eleitor "não precisa ser apaixonado pelo PT. Pode até ter raiva", mas apoiar essa frente democrática.

Haddad diz, por sua vez, que os riscos para o Brasil "são tão grande diante da ameaça Bolsonaro" que não faz outra coisa senão falar com as pessoas. 

Questionado sobre temas caros à esquerda, como legalização do aborto e descriminalização de drogas, Haddad afirmou ainda que a "ideia de que o presidente da República imponha a agenda dele ao País em temas que dividem a sociedade é um equívoco em qualquer lugar do mundo". "Essas pautas mais sensíveis que envolvem valores, que envolvem debates mais profundos sobre esses temas, é papel do Congresso. Do Supremo Tribunal Federal. São tanta coisa que temos para resolver", argumentou.

JOGO DE MÃO

Defensor de um acordo com o PDT já no primeiro turno, Wagner admitiu que a melhor estratégia para esquerda seria o lançamento de Ciro Gomes (PDT) à Presidência.

Segundo o senador eleito pela Bahia, isso ainda é mais claro hoje, quando a equipe de Bolsonaro baseia sua estratégia no ataque ao PT.

"Está mais claro. O que eles têm a dizer? É anti-PT. É anti-PT".

Apesar dessa avaliação, Wagner refuta a proposta da senadora Katia Abreu de substituição de Haddad por Ciro neste segundo turno. "Seria jogo de mão".

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