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Em Itabuna, ex-prefeito Capitão Azevedo tenta o comando da prefeitura mais uma vez: "Não tive tempo"

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Ele foi eleito prefeito em 2008, mas conseguiu a reeleição  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Instagram/ @capitaoazevedooficial

Publicado em 05/11/2020, às 10h59   Nilson Marinho*


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O Capitão Azevedo (PL) quer, mais uma vez, a faixa de prefeito de Itabuna, no sul do estado. Teve a sua chance em 2008, quando foi eleito gestor, passando da candidata petista Juçara Feitosa nas urnas. Lamenta não ter conseguido a reeleição em 2012. Foram 1107 votos a menos que o opositor Vane do Renascer. 

Acredita que foi derrotado pela tradição da cidade que, vez ou outra, resolve não reeleger prefeito, além do "pouco tempo" de colocar em prática as ações do governo. Maior parte dos quatro anos, diz, serviu para traçar projetos, captar recursos e tentar acabar com a desigualdade. 

Desafia qualquer um a dizer o contrário: foi o maior captador de recursos que a cidade já teve. Segundo ele, foram R$ 100 milhões, montante que, até hoje, é utilizado em projetos do atual prefeito Fernando Gomes (PTC). 

Sobre a atual gestão prefere adotar um discurso mais neutro que seus opositores, que aproveitam os últimos deslizes de Gomes, para pautar suas campanhas. "Não consigo medir isso", diz em relação a desaprovação da população a polêmica fala do prefeito, durante anúncio da reabetura do comércio em meio à pandemia: "Morra quem morrer". 

Quer fazer pela saúde e, sobretudo, segurança, um dos grandes motes da sua campanha. Sempre que dá ressalta com orgulho que a guarda municipal é a menina dos olhos da sua gestão. "Conseguimos equipar e adquirir viaturas para melhor a operação em sua total plenitude", lembra. 

Confira entrevista:

Como pensar em uma Itabuna pós-pandemia? O que o senhor fará, caso eleito, para amenizar os impactos, sobretudo na área do emprego e renda?

A população mais pobre depende de mais ações públicas e da arrecadação da receitaa. A diminuição dela implica em menos investimentos dentro do contexto de acolhimento. Com isso, estamos preparados para interagir com a iniciativa privada. Teremos que dialogar com autoridades do nosso estado e do país buscando uma relação que envolve deputados, senadores, governador e presidente da República. Todas as esferas precisam estar com políticas voltadas para isso. Vamos conseguir, através de oportunidades e incentivos, financiamento para aquelas pessoas que ficaram endividadas, sem potencial de reagir. Então, temos que buscar intermediar nesse segmento financeiro para que facilite financiamentos para que empreendimentos não tenham esse impacto tão violento do desemprego. A nossa preocupação é o ano vindouro, com o impacto que o setor econômico vai sofrer, então, teremos que ser criativos e trabalhar muito. A força do trabalho para reerguer essa estrutura vai depender da interação entre os segmentos público e privado. O público não pode jamais esquecer a iniciativa privada, o comércio e a prestação de serviço, porque a cidade é um polo de prestadores de serviços. Vamos dar o suporte. Vamos fazer tudo que estiver ao alcance do município e recorrer o restante com os superiores, que é o estado e a União, para sair o mais rápido possível dessa crise.

A segurança é uma grande preocupação sua?

A segurança é uma das pautas, mas o que impacta mais é a questão da saúde. Essa área é a prioridade número um. Até porque a Atenção Básica está defasada e carece de uma estrutura mínima, tanto de recursos humanos como de insumos. Precisamos também acabar com a demanda das unidades. Precisamos de imediato estruturá-las como, também, a rede hospitalar, tanto adulta quanto infantil.  Não entendi o motivo da gestão não ter separado o atendimento da Covid-19. Não teve, por exemplo, hospital de campanha. Pegaram a UPA e o hospital da Base para isso. Isso criou um vácuo ruim. Ouvi relato da sobrinha de um homem que teve AVC e que pegou Covid-19 lá. Com isso, ele morreu, não pelo AVC, mas por complicações do vírus. Como o comando da saúde é pleno, único, o município é quem cuida de contratualizar, vou iniciar a abertura do Hospital São Lucas, apenas para tratar de casos do novo coronavírus. Já a segurança é preocupante, você sai com sua bolsa e veículo e, de repente é surpreendido por um ataque. A competência da segurança pública institucionalmente é do estado. Estruturamos e qualificamos a guarda para ela chegar ao ponto de trabalhar ostensivamente exercendo a segurança dinâmica, como uma colaboradora das ações da polícia militar. Paralelo a isso, precisamos de pavimentação nos bairros, assim como iluminação, além de potencializar o emprego e a renda, já que, normalmente, a criminalidade está associada ao tempo ocioso das pessoas.

A guarda foi uma grande conquista do seu governo? Sempre que pode você cita...

Principalmente a guarda municipal que conseguimos equipar e adquirir viaturas para melhor a operação em sua total plenitude. Existem pesquisas que apontam que a guarda ajudou as instituições. Também conseguimos, por meio da iniciativa privada, o núcleo de videomonitoramento. No ano que eu estava implantando as câmeras perdi a eleição. O sucessor não deu continuidade a esse trabalho. Hoje, entendo que é necessário ampliar esse videomonitoramento para todo o comércio e bairros, principalmente para aqueles mais vulneráveis. 

Por que não conseguiu a reeleição em 2012?

Além da tradição da cidade de não reeleger candidatos, eu credito isso ao fato da cidade ter crescido de forma desordenada, com bolsões sem infraestrutura. A demanda foi muito grande e eu fui o maior captador de recursos. Digo e desafio a qualquer um a dizer o contrário. Foram quase R$ 100 milhões, mas não foi necessário para que as pessoas percebessem as ações. Esse valor não é nem metade do desejado.Precisaríamos de R$ 400 milhões para acabar com a demanda reprimida. Em quatro anos você elabora o projeto, capta o recurso e na hora de colocar em prática o tempo acaba. É um série de burocracia que dificulta a execução das ações. Os recursos que captei ficaram em cofres. O meu sucessor e o atual prefeito trabalham fazendo infraestrutura até hoje com parte desse montante. Conseguimos fazer a diferença em 15 bairros, mas existem outros 40 precisando de melhorias.

O que acha da postura do atual gestor durante a pandemia?

No período de pandemia, tivemos exemplos de gestores que souberam lidar com a crise. Há prefeitos que conseguiram criar o potencial de reeleição por causa disso. Não houve isso em Itabuna. Senti a carência de um comitê multidisciplinar conversando com o setor econômico. Ficou o vácuo. Isso compromete as ações na cidade. Isso é reparado com uma intervenção imediata.  Eu não tenho noção sobre isso, sobre como a sociedade está encarando isso. A população e os analistas estão mais preocupados com a realização das eleições agora, no dia 15. O peso maior está em como ganhar o pleito, não consigo medir isso.

*O repórter esteve na cidade para a cobertura das eleições

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