Eleições

Confusão e protestos marcam debate da OAB

Publicado em 20/11/2012, às 12h31   Marivaldo Filho (Twitter: @marivaldofilho)



O debate entre os candidatos à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Bahia), realizado na noite desta segunda-feira (19), na Faculdade de Direito da UFBA, no Canela, foi marcado pela polêmica ausência do candidato Antonio Menezes, da chapa “Ação e Ética”, apoiada pelo presidente da OAB-BA, Saul Quadros. Os outros candidatos, Luiz Viana, da chapa “Mais OAB”, e Maurício Góes, da chapa “Dignidade e Juventude”, se posicionariam contrários à substituição de Antônio Menezes pelo candidato a vice-presidente da chapa, Nei Viana, o que acirrou os ânimos no encontro.

Nei Viana, com uma carta que justificava a ausência de Menezes “por problemas na agenda”, reclamou da decisão de não poder substituir o cabeça da chapa. "Essa atitude é digna de uma faculdade de Direito? Sou um representante legítimo da chapa. Meu direito de participar não poderia ser caçado", questionou Viana, que foi recepcionado com uma sonora vaia pelos representantes das chapas rivais quando começou a falar.


Luiz Viana Queiroz, aproveitou a oportunidade para alfinetar o adversário. "Ele optou por não vir. Não tem desculpa. Quem quer ser presidente da OAB não pode tomar uma atitude como essa", criticou.   


Na mesma linha, o candidato da chapa "Dignidade e Juventude", Maurício Góes, defendeu que o candidato Menezes não pudesse ser substituído pelo vice. "Ele fez escolhas e isso é legítimo. Optou por estar no Oeste", opinou.

Apesar dos protestos dos representantes chapa de Menezes, o debate continuou na Faculdade de Direito. Integrantes da “Ação e Ética”, em protesto contra a decisão, saíram do salão para não presenciar o encontro com duas das três chapas que disputam a eleição.

No debate, Maurício Góes questionou a política de cooptação de apoios do candidato Luiz Viana, em especial, a declarada aliança com o vereador eleito de Salvador, Waldir Pires (PT). “Acredito quenão vale tudo para ser presidente da OAB. Essa mistura e o financiamento de pessoas que não são advogados é perig
oso. Na campanha de Luiz Viana há uma inclusão exagerada. Nesse período eleitoral, é importante que tracemos os nossos caminhos que indicarão a forma com que conduziremos a gestão”, declarou Góes.


Já Luiz Viana demonstrou satisfação por conseguir agregar “uma expressiva parcela da sociedade civil organizada” em torno da sua campanha. “Muito me orgulha o apoio de um cidadão como Waldir Pires. Pretendo fazer uma gestão plural e iremos dialogar com toda a sociedade civil organizada”, prometeu.

Um ponto em que os dois concordaram e criticaram a atual gestão de Saul Quadros foi sobre a (falta de) atenção dada aos advogados baianos do interior do estado. Tanto Góes quanto Viana se comprometeram em apoiar e fortalecer a categoria nos municípios menos favorecidos da Bahia.

“Factóide”

Do lado de fora, no estacionamento da Faculdade de Direito, integrantes da chapa “Ação e Ética” ainda protestavam contra o que consideraram uma exclusão da chapa do encontro. O vice Nei Viana e o advogado Ruy João Ribeiro fizeram várias críticas à maneira com que a decisão foi tomada e chamaram de “factóide” o debate, que ainda acontecia. “Eles querem dizer que Menezes fugiu, que as cadeiras da nossa chapa estão vazias, mas tudo isso não passa de factóide. É legítimo que a chapa tenha um representante no debate”, alegou Ruy João.

O advogado ainda mostrou uma série de emails que, no dia 12 de novembro, já explicava aos promotores do encontro que Menezes não poderia comparecer na data marcada, inclusive, com o pedido de remarcação. “Fizemos isso com antecedência”, afirmou Nei Viana.

A reportagem do Bocão News teve acesso, com exclusividade, a um email enviado pelo próprio presidente da Ordem dos Advogados, Saul Quadros, que, indignado com a decisão de excluir a chapa do debate, faz um verdadeiro desabafo contra a decisão.

No email endereçado ao advogado Hugo Loula, o presidente da OAB questiona a estrutura do debate e a forma com que foram tomadas as decisões. Motivos que o fizeram “se fazer ausente para não ser testemunha do fato de um Centro Acadêmico de Estudantes de Direito cercear o direito de liberdade, de representação e de expressão” foram explicitados no documento de 18 de novembro.

Confira a íntegra do email enviado pelo presidente da OAB-BA, Saul Quadros.


Fotos: Roberto Viana

*Matéria publicada originalmente às 20h27 do dia 19/11.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp