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Candidatas a Beleza do Ébano apostam na persistência e acreditam na vitória

Publicado em 24/01/2015, às 09h00   Amanda Sant'ana (Twitter: @amandasmota)



Em mais uma edição, o tradicional concurso Deusa do Ébano reuniu nesta sexta-feira, durante a coletiva de imprensa da 36° Noite da Beleza Negra do ilê Aiyê, 15 candidatas negras e lindas, cheias de energia, vitalidade e crenças.
Competindo pela segunda vez e acreditando na vitória, a auxiliar administrativa e candidata a Deusa do Ébano, Daiane de Souza Conceição, 22 anos, diz que para a realização do sonho não há limites: “Representar o bloco que ama é uma realização indescritível. Esse é um sonho meu e da minha família, onde carregamos desde minha infância. Se eu ganhar o posto de rainha será uma vitória, mas se perder, servirá de experiência para a próxima, pois não desistirei dos meus sonhos vou tentar até o dia que virar rainha, um dia chego lá”.
Assim como Daiane, a candidata que vem, também, do bairro de Itapoan e trabalha como esteticista afro, Cecília Santos, 24 anos, diz que tentar o posto de rainha é reunir um conjunto de conteúdos da mulher negra: “Me identifico com a proposta do concurso, que valoriza e eleva a auto estima da mulher negra, afinal, não temos espaço em outros concursos de beleza, por geralmente ser apenas para mulheres de perfis europeus. Não precisamos desse perfil para sermos bonitas e valorizadas, o concurso da beleza negra é totalmente diferente, porque não é só concurso de estética  e sim o conjunto de conteúdo que uma mulher pode ter. São quinze mulheres negras representando uma legião de mulheres negras que se sentem excluídas de outros concursos de beleza”, afirmou Cecília, revelando ainda que o segredo para se ganhar o título de rainha é simples: “Ter consciência racial da minha identidade e cultura”. 
Feliz e realizada, a rainha da Deusa do Ébano 2014, Cintia Paixão, contou que deixará como legado a afirmação da religião, além do exemplo de persistência: “Para as candidatas desejo que tenham muita fé, persistência e afirmação. Eu, por exemplo, após assumir o posto de rainha, passei a me sentir mais viva, mais mulher quando o assunto é a minha identidade, cultura, ancestrais, religião, entre outros atributos. Desejo passar adiante tudo para as meninas que desejam chegar aonde cheguei. Levo de lição a persistência e que com elas seja o mesmo”.
A estrada para Cintia foi longa e ela garante que precisou de seis anos seguidos para chegar ao posto de Deusa do Ébano: “Desistir jamais. Consegui na sexta tentativa, mas consegui. Colhi muitos frutos e passo a coroa realizada. Quem me protege não dorme. Darei continuidade a minha trajetória. Desejo a próxima Deusa que o reinado seja com muito axé e caminhos abertos para o Ilê Aiyê,l e caminhos abertos para mim também, claro”.
Para este ano, pela primeira vez, as vencedoras do segundo e terceiro lugares também irão dançar com a Deusa do Ébano, no Carro da Rainha durante o carnaval. As três primeiras colocadas recebem ainda prêmios em dinheiro. Já a campeã acompanhará e representará o Ilê Aiyê também em apresentações dentro e fora do Brasil, durante todo o ano de 2015.
No concurso, que acontece neste sábado (24), com a apresentação de Arany Santana e Sandro Teles, na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, às 21h, a comissão julgadora irá analisar os trançados dos cabelos, as vestimentas e, especialmente, a graça e a desenvoltura das candidatas na dança afro, num dos momentos mais esperados em que as candidatas dançam juntas com os trajes de amarrações afro, assinados pela estilista do bloco Ilê Aiyê, Dete Lima.
O Secretário de Cultura do Estado, Jorge Portugal, participa pela primeira vez como jurado do concurso. Além da emoção particular, ele assinala que a expressão “Beleza Negra” mudou um paradigma cultural e identitário na Bahia: “Quando em 1974 aqueles garotos do ilê saíram pela primeira vez no carnaval, ainda sob muita desconfiança da sociedade baiana, eles estavam afirmando algo que era invisível aos olhos gerais”, afirma, lembrando que o concurso dá prosseguimento a esse processo. “Hoje nós celebramos a Beleza Negra, sabemos que somos bonitos, que somos poderosos como portadores de cultura e dessa diversidade cultural que é a riqueza da Bahia”, festeja.
A Noite da Beleza Negra contará com trilha sonora assinada por Jarbas Bittencourt, diretor musical do Bando de Teatro do Olodum, e cenografia de Renata Mota. “O espetáculo terá um segundo palco e uma passarela, seguindo a proposta de aliar um cenário conceitual fashion com a tecnologia de modernos equipamentos visuais, para dialogar com a tão aclamada e autêntica estética do Ilê Aiyê”, explica o diretor artístico do evento, Elísio Lopes Jr.


Nota originalmente postada dia 23

Classificação Indicativa: Livre

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