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Antes de se assumir, mulher trans viveu casamento por 15 anos e teve dois filhos: 'Foi bem difícil'

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Mulher trans conta processo de se descobrir e conversas cruciais que teve com a ex-mulher  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram @ale_alferes

Publicado em 18/01/2024, às 21h28   Cadastrado por Victória Valentina


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A vida de Alessandra Alferes, uma conceituada musicista, maestrina e professora de música de São Paulo, de 44 anos, teve um grande recomeço em 2021, quando ela se assumiu como mulher transexual. Antes Alexandre, a moça contou, em entrevista ao Universa, as dificuldades do processo após 15 anos vivendo um casamento formado por duas pessoas cisgênero.

O processo teve início durante uma conversa com a ex-mulher. Durante o casamento, o ex-casal teve dois filhos e, alguns anos depois, Alessandra resolveu contar para sua então parceira que era uma pessoa trans e se entendia como mulher, e não mais como Alexandre.

"Fui casada por 15 anos e tenho dois filhos pequenos com a minha ex-esposa. Eu a amava, por isso a pedi em casamento. A minha orientação afetiva sexual enquanto desempenhava um papel de homem era hétero, tinha atração por mulheres; porém, no meu interior, de alguma forma, pensava que minha essência feminina pudesse apenas coexistir ali em nossa vida conjugal".

Por volta dos 6 anos de idade, a moça contou que já se sentia "diferente": vestia roupas escondidas da irmã e, na adolescência usava também peças e acessórios da mãe. "Sempre me senti presente neste gênero (feminino), mas nos anos 1980 não havia internet nem como buscar informações sobre a questão trans, então passei toda a infância e adolescência me sentindo um menino 'errado' e muito introspectivo", relembrou.

Em meio ao processo de descobrimento, Alessandra contou que permaneceu com o hábito de usar peças consideradas femininas em casa, e que chegou a comprar maquiagens, mas logo descartava por medo da ex encontrá-las. "Vivi uma vida que não queria viver, mas, ao mesmo tempo, o que colhia com essa vida era algo que queria... Só que queria ser mulher também", desafabou.

A primeira pessoa a saber do "grande segredo" foi justamente sua então parceira, com quem compartilhou uma vida por 15 anos. "Foi bem difícil. A perspectiva de ruptura da relação conjugal (com filhos) foi a primeira grande dor", relatou.

"Dali, ela saber que o homem com quem estava casada há 15 anos se identificava como mulher, foi um choque. Acho que qualquer pessoa passaria pelo estado de raiva e luto pelos quais ela passou. Era difícil para ela pensar o por que me casei se me sentia assim desde sempre", complementou.

Apesar de não estarem mais juntas, Alessandra contou que deixou claro, durante a conversa, que nunca houve sentimentos falsos. Além disso, relatou que continuam vivendo juntas, mas conjulgalmente separadas. "Somos grandes amigas, confidentes e nutrimos hoje um amor fraterno uma pela outra". Sobre os filhos, de 6 e 4 anos, a musicista disse que eles a chamam de "mama".

Após internalizar e se identificar como mulher, o próximo passo tomado por ela foi a realização das cirurgias, como a feminização facial e a redesignação sexual feminizante. 

"Me revelei publicamente como mulher trans aos 41 anos e foi na hora certa. Não acho que deveria ter iniciado minha transição antes. Minha vida certamente seria outra, não teria conhecido as pessoas que amo. Não teria conhecido a mulher com quem me casei, nem teria tido bebês com ela. Acredito que tudo acontece no momento que precisa acontecer, quando atingimos o tempo e a maturidade, e quando as circunstâncias nos fazem reunir toda a coragem necessária. Hoje, compreendo que o verdadeiro privilégio da vida é podermos ser quem realmente somos, mas não somos ninguém sozinhos", finalizou.

Classificação Indicativa: Livre

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