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Colecionador publica acervo da Playboy e incomoda ex-musas hoje evangélicas

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Radialista Geylson Paiva tem todos os exemplares lançados no país e suas postagens dividem ex-capas da Playboy  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Juliana Barbosa

por Juliana Barbosa

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Publicado em 22/11/2023, às 10h40


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Em São Luís (MA), o radialista maranhense Geylson Paiva, aos 37 anos, se destaca como um dos maiores colecionadores da icônica revista Playboy no Brasil. Com um acervo impressionante que abrange desde o seu lançamento em 1975 até o encerramento em 2017, Paiva guarda meticulosamente mais de 500 edições em sua residência. As informações são da Folha de São Paulo.

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Desse valioso acervo, surge o "Inside Playboy Brasil", um site criado por Paiva para compartilhar gratuitamente o rico conteúdo da revista. Para ele, a iniciativa vai além de um simples hobby, buscando democratizar e ressignificar a memória da revista como um autêntico registro histórico brasileiro ao longo de quatro décadas. "Fiz esse espaço respeitosamente para que as pessoas tenham acesso a um material imperdível, é um recorte histórico do nosso país em quatro décadas", afirma Paiva.

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O "Inside Playboy Brasil" não se limita à nudez, apresentando também seções que incluem longas entrevistas, humor e reportagens. Embora seja um trabalho solitário, Paiva gradualmente compartilha sua vasta coleção, reconhecendo que levará um tempo considerável para que esteja completamente disponível online.

Enquanto algumas mulheres retratadas na Playboy Brasil não têm uma visão positiva sobre o resgate de seus ensaios, outras, como a atriz e ex-destaque da abertura do "Fantástico" nos anos 1980, Isadora Ribeiro, enxergam a página como uma oportunidade para os internautas apreciarem o conteúdo diversificado da revista. Ex-musas chegam até a entrar em contato com Paiva para agradecê-lo pelas postagens, como no caso da Solange Couto, cujo ensaio interno foi resgatado e recebeu grande repercussão.

"Achei interessante a iniciativa, meu ensaio, em Búzios, em 1981 foi lindo, lembro de ter ido à redação em São Paulo e sugerir algumas fotos," recorda a atriz Monique Lafond, expressando aprovação pelo resgate de seu trabalho.

O feedback positivo também vem de ex-funcionários da publicação, como fotógrafos e editores de redação, que seguem a página e interagem. Além disso, há solicitações de materiais perdidos no tempo. "O site pode ser considerado o único no Brasil, talvez no mundo, voltado totalmente ao acervo da revista", destaca Paiva.

Ao ser questionado sobre possíveis lucros com o projeto, Paiva enfatiza que a criação da página não teve intenção de faturar. O site é mantido sem qualquer tipo de propaganda, e ele faz questão de não associar o trabalho a ganhos financeiros. "Deixei o site aberto, não tem publicidade, justamente para não gerar renda para mim," afirma o colecionador. Ele também destaca que, por respeito aos envolvidos nos ensaios, sempre dá os devidos créditos.

A paixão de Paiva pela Playboy começou antes dos 18 anos, na década de 1990, quando seu irmão mais velho fez uma assinatura para ele. As edições mais antigas dos anos 70/80 foram obtidas em sebos de São Paulo. Paiva ressalta que o fascínio não se limitava aos ensaios com mulheres nuas, mas abrangia todo o conteúdo da revista, repleto de recortes históricos importantes.

Com sua coleção armazenada em um imenso móvel de madeira, com exemplares plastificados e catalogados por mês, Paiva revela que escolher um ensaio favorito é uma tarefa difícil para ele. Ele prefere exaltar um fotógrafo em vez de uma edição específica: "Aprecio qualquer ensaio do Bob Wolfenson."

Com sua vasta experiência, Paiva percebeu uma mudança no estilo das imagens ao longo do tempo. Ele afirma que nos anos 70 e 80, as fotos eram quase sempre em estúdio, enquanto na década seguinte, a revista começou a explorar paisagens mundo afora. Nos anos 2000, foram os cenários externos com narrativa e uma personagem a ser explorada.

Apesar do público favorável (seu perfil no Instagram tem mais de 20 mil seguidores), algumas ex-musas demonstraram desagrado com a lembrança, optando por seguir outros caminhos pós-nudez. Paiva relata que duas delas solicitaram a retirada de seus ensaios, renegando o passado. A identidade de uma delas foi preservada, e a outra, Regininha Poltergeist, preferiu não comentar sobre sua nudez pregressa, indicando sua atual dedicação à religião.

Débora Soares, vencedora do Concurso das Panteras em 1986, compartilhou sua experiência ao estampar a Playboy no mesmo ano. Enquanto reflete sobre o sucesso, fama e ótimo cachê que a revista proporcionou, destaca ter trocado tudo por Jesus, encontrando paz e liberdade em sua fé.

O encerramento das atividades da Playboy pela editora Abril em 2015, após 40 anos, marcou o fim de uma era. Ao longo do tempo, a revista desnudou as maiores estrelas brasileiras em todo o mundo e entrevistou personalidades renomadas. A ex-modelo Magda Cotrofe, que estampou as capas de 85/86/87, relembra esse período: "Fiz as minhas capas em um período em que a revista estava no auge, só pessoas importantes apareciam; fazer parte dessa história foi gratificante."

A atriz Cláudia Alencar rememora os bastidores do seu ensaio em 1987, destacando que, naquela época, "botei uma música da Edith Piaf e fiz o que sabia fazer: dançar; e o Wolfenson fez os cliques."

Em 2016, outro grupo assumiu o controle da revista, alterando sua tiragem para se tornar sazonal, mas resistiu por pouco tempo, encerrando suas atividades em 2017. O fácil acesso ao erotismo nos meios digitais pode ter representado um caminho sem volta para as publicações adultas.

A revista desembarcou no Brasil em agosto de 1975, inicialmente nomeada "A revista do Homem" e refém da censura. Somente em julho de 1978, o título Playboy foi autorizado. Geylson Paiva destaca que a primeira estrela brasileira na capa com esse nome foi Betty Faria.

Contudo, o ápice da publicação ocorreu nos anos 90, com as três maiores vendagens protagonizadas por Joana Prado (a Feiticeira), Suzana Alves (a Tiazinha) e Adriane Galisteu (com a famosa foto da raspadinha com barbeador nos pelos pubianos, um caso de sucesso da revista).

Uma geração mais jovem agora tem a oportunidade de explorar edições históricas com apenas alguns cliques. Para os entusiastas mais antigos, revisitar esse acervo precioso é uma viagem ao passado, uma época em que isso não era possível devido à falta de maioridade. A última capa da revista pela editora Abril foi a modelo Lu Ferreira, em dezembro de 2015. Essa beldade saiu e apagou a luz, encerrando uma era de prestígio, fama e sensualidade.

Classificação Indicativa: Livre

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