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BNews Novembro Negro: "Precisamos de mais espaço", dispara Vovô do Ilê sobre falta de destaque para músicos negros na Bahia

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Vovô participou da live do projeto BNews Novembro Negro  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 22/11/2021, às 18h04   Redação BNews


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Presente na live do projeto BNews Novembro Negro, Vovô do Ilê, fundador e presidente do tradicional bloco afro Ilê Aiyê, se manifestou sobre a falta de destaque para músicos negros na Bahia. Vovô inclusive fez um comparativo com outros estados em sua declaração.

"Precisamos de mais espaço, né? Não é discurso racista, mas não é possível que em uma cidade como Salvador os destaques são todos brancos. Não que eles sejam incompetentes, que não tenham talento. Mas em outros estados, principalmente Rio e São Paulo, você vê o pessoal da periferia, do morro, tendo muito mais espaço do que nós aqui", salientou. 

Vovô afirmou que o racismo faz com que certas músicas não tenham espaço, sobretudo nas rádios. "Hoje você vê que o sertanejo tá muito mais forte aqui do que a música baiana. Então tem que ver. Nossas músicas, além de sertem bonitas, são comerciais também. Mas elas têm algo que atrapalha que elas são músicas que fazem a conscientização, trazem uma mensagem, e isso as pessoas não gostam. O racismo é muito organizado... Tem também a participação popular, a juventude negra. Liguem paras rádios, peçam nossas músicas. Não fazem isso", destacou. 

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Apesar de reclamar da falta de representatividade na Bahia, Vovô comemorou a presença da música do Ilê em outros locais: "Eu tenho muito orgulho de hoje as músicas do Ilê serem reconhecidas no mundo. Nós estivemos em São Paulo em um evento e começaram a cantar de surpresa. Num espaço lotado, no Sesc, todo mundo cantando as músicas, e as músicas não tocam na rádio"

Em sua fala, o presidente do Ilê elogiou a cantora Daniela Mercury por sempre incluir em seu repertório cações de blocos afro: "Então, não é música só do Ilê. Olodum é a banda que mais viaja aqui, mas poucas vezes é cantada. A cantora Daniela Mercury, nos shows dela pelo mundo, no repertório sempre tem músicas de bloco afro. Ela é a única que bota no repertório. Toca Ilê, toca Muzenza, Olodum. Então, essa questão da participação musical ainda está muito aquém, muito acanhada aqui na Bahia a participação do artista negro".

Confira as declarações no vídeo abaixo:

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