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Mães denunciam violência em partos realizados por médica influencer: “Custou a vida do meu filho”

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Médica influencer tem registro suspenso após denúncias de violência obstétrica  |   Bnews - Divulgação Reprodução Redes sociais
Juliana Barbosa

por Juliana Barbosa

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Publicado em 21/04/2025, às 18h35



A médica obstetra e influenciadora digital Anna Beatriz Herief, conhecida como Bia Herief, teve seu registro profissional suspenso pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) após denúncias de violência obstétrica feitas por várias pacientes. As informações são do portal g1. 

De acordo com matéria vinculada na revista eletrônica Fantástico, da TV Globo, no domingo (20), Bia Herief possui quase 250 mil seguidores nas redes sociais, e ganhou notoriedade promovendo o parto humanizado e questionando a necessidade de cesarianas em muitos casos. Seus serviços, que incluem a contratação de uma equipe completa, podem ultrapassar R$ 20 mil. 

No entanto, relatos de pacientes apontam práticas contrárias ao que a médica pregava.  

Relatos das pacientes 

Isadora, também médica, contou que suportou um trabalho de parto que durou cinco dias. Ao receber o prontuário da maternidade, se sentiu traída: 

"Eu vi que ela tinha aplicado a ocitocina, que é um hormônio que aumenta, intensifica as contrações uterinas, sem o meu consentimento. Então, enquanto eu estava lá pedindo socorro, implorando para analgesia, dizendo que eu não aguentava mais, que eu queria uma cesariana, ela tava lá fazendo aquilo que estava intensificando as minhas dores", afirmou. 

Roberta, nutricionista, relatou que, após um parto que culminou em cesariana, continuou sentindo dores intensas. Uma tomografia revelou que sua artéria havia sido costurada no ureter: 

"Parece que a minha costela está quebrada, eu tinha dificuldade para respirar", disse. "Costuraram a minha artéria no meu ureter, né? Ureter é onde liga o rim à bexiga. Então, ali foi costurado. Eu sinto dores e são coisas que vou carregar pra sempre". 
Reprodução: TV Globo
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Larissa, diagnosticada com pré-eclâmpsia, passou por um trabalho de parto de 12 horas. A médica utilizou um vácuo-extrator para auxiliar no parto, procedimento que, segundo o prontuário, foi tentado sete vezes, excedendo o recomendado: 

"Ele nasceu morto, eu percebi que alguma coisa tinha dado terrivelmente errado, porque eu vi as médicas gritando pedindo adrenalina, iniciar uma manobra para ressuscitar ele", contou Larissa. O bebê foi reanimado, mas enfrenta consequências do nascimento traumático. 
Reprodução TV Globo
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Bianca, com hipertensão, foi orientada por Bia Herief a induzir o parto com 35 semanas. Ao chegar ao hospital, foi informada de que deveria ser encaminhada à UTI, mas a médica a instruiu a mentir sobre sua condição: 

"Com 35 semanas, ela me mandou uma mensagem pelo WhatsApp no meio da tarde dizendo: 'eu tô afim de induzir seu parto hoje'", recorda Bianca. Durante o trabalho de parto, a equipe não conseguiu mais ouvir o coração do bebê: "Custou a vida do meu filho". 
Reprodução: TV Globo
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Posicionamento da médica 

Em entrevista ao Fantástico, Anna Beatriz Herief negou as acusações: 

"Tudo que a gente vai fazer na paciente, encostar na paciente, inclusive no pré-natal, a gente pede consentimento para ela", afirmou. 

Medidas do Cremerj 

No ano passado, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro suspendeu a médica por seis meses. A interdição foi renovada na última terça-feira (15), por mais seis meses, enquanto o processo de cassação do registro continua. 

A Federação Nacional das Associações de Ginecologia e Obstetrícia enfatiza que o parto normal é o mais seguro e o mais recomendado na grande maioria dos casos. 

Classificação Indicativa: Livre

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