Ratinho debocha de cabelo black power de dançarina, diz ter visto piolho e pede para assistente puxar; veja vídeo

O apresentador Ratinho se envolveu em mais uma polêmica ao ter um comportamento racista, ao vivo, durante seu programa no SBT, na noite desta segunda-feira (1º). Em um momento de interação com as bailarinas, o comandante do 'Programa do Ratinho' debochou do cabelo de uma das dançarinas da atração, a Cintia Mello.

“Cintia, essa peruca sua é a mais bonita”, ao fazer a "brincadeira" com a jovem, que rebateu o comentário. "Mas não é peruca, é meu cabelo. Hoje realmente é o meu”, disparou ao deixar claro que era cabelo natural. Insistindo na chacota, o apresentador ainda disse ter visto um piolo. “Não é seu cabelo… Mas eu vi um piolho”, disse, sendo novamente respondido. "Que piolho!”, respondeu a profissional.

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Ainda não satisfeito, mesmo já tendo passado do ponto, Ratinho ainda ordenou que uma assistente de palco puxasse o cabelo da dançarina para comprovar que era natural e não uma peruca como tinha dito inicialmente. “Não… Puxa o cabelo dela, Milene!”, mandou. “Sim, é dela!”, falou a assistente Milene Pavorô. “Então é bonito. Mas eu achei que era uma peruca”, alfinetou o comunicador.

Nesse programa acontece de tudo #ProgramaDoRatinhopic.twitter.com/x4h6wxMGsV

— Gabriel Menezes (@briel_menezes) April 2, 2024

Apesar da situação constrangedora, a dançarina Cintia compartilhou o momento em suas redes sociais sem demonstrar incômodo com o ocorrido. "Quando ele vem eu já fico desconfiada", postou na legenda ao mostrar parte da cena nos stories do seu perfil oficial do Instagram, no início da tarde desta terça-feira (2).

Significado e origem do cabelo black power

O black power traz o significado de resistência para o povo negro e o uso teve uma crescente nos anos de 1960 e 1970, nos Estados Unidos, como forma de mostrar a beleza natural do cabelo de pessoas negras. Em entrevista, o filósofo, professor e estudioso da cultura africana Renato Noguera, reforçou o significado.

O cabelo Black Power é uma resistência à estética do racismo estrutural. Numa sociedade racista, um dos aspectos mais presentes é a recusa da elegibilidade das pessoas negras serem bonitas. Isso passa pelo cabelo, de tal forma que os cabelos crespos eram colocados como ruins. A poetisa Elisa Lucinda até coloca em um dos seus espetáculos: ‘É um cabelo que está preso ou armado, que nem bandido’", explicou ao gshow.

“O movimento Black Power é um movimento político-cultural negro, e o cabelo sem nenhuma modificação, sem corte, ficou em evidência a partir desse momento. Muitos integrantes do Panteras Negras, grupo que surgiu com a pauta de combate à violência policial contra negros e defendia o lema ‘Black Power’ (tradução livre Poder Preto), traziam esse aspecto mais estético”, contextualiza Noguera.