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Três histórias com desfechos improváveis que só acontecem no carnaval de Salvador: Com a palavra, os protagonistas

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Suspenso pelo 2º ano consecutivo, o carnaval de Salvador deixou foliões saudosos dos bons momentos vividos nos circuitos da folia  |   Bnews - Divulgação Arquivo Pessoal

Publicado em 27/02/2022, às 06h11   Diego Vieira


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Entrar num posto policial para registrar uma ocorrência, se apaixonar pelo policial e acabar casando com ele; fazer uma amizade sincera enquanto tenta correr de uma briga no meio da multidão; sair com a intenção de ‘pegar geral’, receber vários foras e terminar a noite ficando com uma vizinha. Histórias completamente aleatórias, mas que possuem algo em comum: todas aconteceram no Carnaval de Salvador.

Quem já viveu sabe: não tem lugar melhor no mundo para construir histórias bastante improváveis, como as citadas acima, do que no carnaval da capital baiana. Suspensa pelo segundo ano consecutivo em razão da pandemia, a festa deixou foliões saudosos e agora o que nos resta é relembrar os bons momentos vividos nos circuitos da folia.

E não tem pessoa melhor para falar sobre essas experiências mais do que marcantes, durante a festa, do que Rosimeire Souza, protagonista daquela boa história de amor de carnaval.

“Em 1993, a minha irmã veio do sertão de Sergipe para passar o Carnaval aqui em Salvador. Levamos ela para a avenida e ela acabou se perdendo. Fiquei bastante preocupada e fui no módulo policial para registrar a ocorrência. Foi aí que o policial de nome Jorge me atendeu”, relembra.

“Ele pediu o nome da minha irmã e ficou preocupado com a minha aflição. Na época, a gente não tinha telefone celular e também não tínhamos aparelho telefônico em casa. Foi aí que decidimos trocar números de telefone da casa dos nossos vizinhos para eu poder falar pra ele se conseguimos encontrar a minha irmã. No dia seguinte, eu liguei pra ele dizendo que tinha encontrado ela. Graças a Deus, ela conseguiu chegar em casa”, afirma.

Para comemorar o desfecho feliz do desaparecimento da irmã, Rosimeire conta que decidiu curtir mais um dia de carnaval na avenida. Desta vez, na companhia de mais uma pessoa: o policial Jorge que naquele dia não estava trabalhando.

No domingo de carnaval a gente se encontrou para curtir. Nesse dia ele estava folgando. Nos encontramos, no entanto, ele acabou ficando com uma prima minha de consideração até porque eu só queria curtir (risos). Mas ao mesmo tempo, eu fiquei interessada nele”.

E engana-se quem pensa que acabou por aí. Cerca de dois meses depois os dois voltaram a se encontrar bem distantes da multidão e do barulho dos trios elétricos.

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“Ele começou a namorar com essa minha prima e um belo dia a gente se encontrou. Naquele dia, eu tinha ido pagar uma fatura de um cartão de minha mãe e ele também foi fazer algo. A gente se encontrou na Lapa, ele subindo uma escada rolante e eu descendo, cruzamos os olhares e a partir dali a gente começou a se falar e aconteceu que a gente ficou e não nos desgrudamos mais”.

rosimeire

Rosimeire e Jorge se casaram, são pais de um jovem de 27 anos e hoje são pastores de uma igreja evangélica.

O carnaval de Salvador também foi cenário de um encontro especial para a administradora Cássia Dorea. Foliã de carteirinha, ela conta que conheceu uma de suas melhores amigas em meio à multidão no circuito Dodô (Barra/Ondina). Outro fato curioso é que uma briga acabou sendo a responsável pela união das duas.

Em 2006 sair para curtir a Timbalada, último ano de Ninha no bloco. Fomos eu e uma amiga daqui de Salvador mesmo. Detalhe: dividimos o abadá em dois (risos). Ao chegar na concentração do bloco, ficamos aguardando a saída e rolou uma confusão. Tinham duas meninas em minha frente sem entender nada. Eu puxei as meninas para atrás de mim, como se fossem minhas conhecidas ou da família como forma de proteção. O bloco saiu e seguimos nós quatro juntas e unidas”.

E quando é para acontecer nem a falta de celular e a distância atrapalham. A amizade que nasceu dentro do bloco da Timbalada se mantém até hoje.

“Naquela época eu não tinha celular e na hora que fomos embora ela me disse o nome do hotel e o quarto que ela estava. Combinamos de comprar o abadá do próximo bloco no Aeroclube. Hoje passados 16 anos, ela é uma das minhas melhores amigas. Em 2009 eu casei e ela saiu de Belém para nos prestigiar. Após isso, ela vem e fica na minha casa todos os anos no período do carnaval. Infelizmente estamos dois anos afastadas por conta da pandemia, mas em breve estaremos juntas curtindo todas novamente”, conta.

cassia

Assim como Rosimeire e Cássia, Danilo Oliveira também tem propriedade sobre histórias que só o carnaval de Salvador é capaz de proporcionar. Ao BNews, o rapaz relembrou a sua saga durante o carnaval de 2020, o último antes do início da pandemia.

Eu estava trabalhando todos os dias de Carnaval até 2h da manhã só que teve um dia que eu sair 16h. Daí eu decidi ir curtir o carnaval para pegar alguma gringa (risos). Pensei: 'não é possível que vai terminar o carnaval e não vou curtir nada e nem ficar com ninguém'. Daí eu fui em casa, tomei um banho e desci sozinho mesmo. Logo no caminho, eu tomei dois foras de cara e aí eu disse: ‘não é possível'. Depois disso, eu resolvi ir logo para o circuito para ver se a coisa melhorava já que no caminho não estava dando muito certo”.

Entretanto, nada mudou após Danilo chegar no circuito Dodô. Frustrado, ele acabou saindo de lá no zero a zero e foi na volta para casa que a reviravolta aconteceu. Mal ele sabia que uma vizinha seria a responsável por mudar rumo da sua história carnavalesca.

danilo

“[...] acompanhei alguns trios e acabei saindo sem beijar ninguém. Então, eu decidi ir embora. Quando cheguei no ponto de mototáxi encontrei uma vizinha minha que tinha sido assaltada. Ela estava com os olhos cheio de lágrimas, sem saber como iria voltar para casa. Foi aí no final de tudo que me dei bem. Além de vencer minha vizinha, ainda voltei acompanhado (risos)”.

Vale ressaltar que a história de Danilo não teve novos capítulos. Passada a folia, os dois voltaram a ser apenas vizinhos e nada mais que isso.

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