Entrevista

BNews ESG: Presidente da Abaf celebra Dia da Indústria e aponta relevância do setor para o Brasil

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De acordo com Mariana Lisbôa, setor da indústria tem grande relevância para exportação brasileira  |   Bnews - Divulgação Divulgação/Abaf
Beatriz Araújo

por Beatriz Araújo

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Publicado em 25/05/2023, às 15h17 - Atualizado às 15h19


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O Dia da Indústria, comemorado anualmente em 25 de maio, reforça a importância dos espaços de produção de maior representação para as economias nacionais. As indústrias, também conhecidas como o “Setor Secundário” do País, abrangem os mais variados tipos de mercados, desde os alimentícios até os de vestuário, por exemplo. Para abordar a importância deste dia, o BNews entrevistou a presidente da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf), Mariana Lisbôa, que além de celebrar a data, apontou a relevância do setor industrial para o Brasil.

Confira a entrevista na íntegra:

BNews: qual a importância desta data para o setor da Indústria?
Mariana Lisbôa: a indústria representa quase 24% do PIB brasileiro e responde por 66,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento. Além da geração de emprego e renda, a indústria tem relevância também para a exportação brasileira.

Nessa data, mais pessoas, instituições e governos estão alinhados, pensando no setor. Devemos lembrar que a cadeia produtiva nacional é formada pelo setor de produção (agro e mineral), industrial (processamento dessa produção primária) e pelo o setor comercial. Existe uma integração entre os três setores e é essa combinação que faz o país crescer. Um bom exemplo é o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] que está lançando um programa de crédito específico para a indústria. E o Brasil precisa pensar em reformas e o momento de discussão é esse.

Dentro desse cenário, o setor florestal é destaque nas vantagens (econômicas, sociais e ambientais), ações e investimentos que faz, tanto em nível florestal quanto industrial.

As indústrias de base florestal ocupam 1% do território baiano e fornecem 90% da madeira consumida. A indústria de base florestal responde por 5% do PIB estadual e investe cerca de R$ 1 bilhão por ano.

Essa madeira é cultivada e matéria-prima renovável de cerca de cinco mil produtos que usamos no nosso dia a dia. E vão desde os mais evidentes, como papel e móveis, até produtos de beleza, medicamentos, alimentos e roupas. Outros, porém, estão sendo sempre desenvolvidos numa clara demonstração de investimento em inovação e tecnologia, sempre de acordo com as novas demandas da sociedade e com compromissos de ESG.

O segmento é uma força geradora de empregos no país, impactando 3 milhões de pessoas direta e indiretamente. Na Bahia, o setor gera renda de forma direta, indireta e de efeito renda para 222,7 mil pessoas. Além disso, contribui para uma maior qualificação de mão de obra, para a fixação das pessoas no campo, empregos de qualidade e investe diretamente na educação profissional e no empreendedorismo nas comunidades.

Atualmente, a indústria florestal na Bahia possui 700 mil hectares plantados e, paralelamente, contribui com a preservação de outros 450 mil hectares. A meta da associação é chegar a 1,5 milhão de hectares de área plantada e atingir a mesma área de mata preservada.

BNews: você poderia mencionar algumas ações realizadas em conjunto com a Abaf em prol do setor industrial?
Mariana Lisbôa: um dos objetivos da ABAF é a ampliação e a diversificação da atividade agroindustrial, sempre de forma inclusiva e sustentável. Vale ressaltar que o setor tem contribuído – com seus quatro polos de produção – para a desconcentração do desenvolvimento econômico na Bahia, levando ao interior mais empregos qualificados, renda, impostos e contribuições ambientais de elevada significância.

Além disso, o setor de base florestal na Bahia tem alavancagem e alavanca diversos outros importantes segmentos econômicos. É forte a integração e o atendimento da demanda das seguintes cadeias produtivas que consomem madeira em seus processos: mineração, construção civil, têxtil, papel&celulose, energia, agronegócio (secagem de grãos), carvão vegetal, movelaria, pisos laminados, entre outros.

Temos a responsabilidade de abastecer a demanda por madeira desses segmentos. E temos plano de crescer, nos próximos 10 anos, a taxas superiores às que estamos crescendo e que outros estados já cresceram. Para isso, estamos trabalhando com o Plano Bahia Florestal 2033 que vai nos fazer crescer e apoiar o crescimento dos demais setores da economia.

BNews: é possível identificar um crescimento significativo do setor tanto no cenário nacional, quanto no local?
Mariana Lisbôa: nos últimos 10 anos tivemos um crescimento muito pequeno em relação a outros setores e a economia em geral. Mas isso requer recuperação com planejamento e ações. O novo governo federal tem trabalhado nisso e promete um programa de incentivo à indústria que também faz parte das reformas que estão planejadas. O setor industrial tem uma taxação mais elevada em relação aos outros segmentos econômicos e a reforma tributária pretende equilibrar isso.

Houve determinados segmentos que tiveram crescimento mais destacado que outros, como é o caso do setor florestal. A pandemia e a guerra da Ucrânia-Rússia, por exemplo, trouxeram mais demanda para nossos produtos madeireiros e não madeireiros. É preciso que o governo, em seu planejamento, dê prioridade aos segmentos econômicos que possam trazer resultados mais rápidos, com menores investimentos; e não há outro, ao meu ver, mais estratégico nesse ponto que o florestal.

BNews: há algum fator que ainda é considerado um obstáculo para o setor industrial?
Mariana Lisbôa: dependemos de investimentos, de tecnologia, formação de pessoal, financiamentos com taxas adequadas e logística. Para isso, considerando que a poupança nacional (pública e privada) são mínimas, precisamos abrir as fronteiras e buscar lá fora parceiros, investidores, linhas de crédito e tecnologia que permitam a verticalização das cadeias produtivas nacionais para aproveitar os abundantes recursos naturais que nós temos.

Classificação Indicativa: Livre

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