Novembro Azul: Entenda a importância do diagnóstico precoce no tratamento do câncer de próstata

Mesmo com o avanço da ciência no tratamento de enfermidades como o câncer, o diagnóstico precoce ainda é uma das principais formas de combater a doença. Nos casos do câncer de próstata, por exemplo, se descoberto no início, há até 90% de cura. Em entrevista ao BNews, o oncologista André Bacellar explicou a importância do diagnóstico precoce no tratamento do câncer de próstata.

Além disso, o especialista informou quais os outros tratamentos realizados contra a doença, qual a efetividade desses tratamentos, bem como a taxa de cura e possibilidade de reincidência do câncer de próstata no paciente curado.

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Confira a entrevista na íntegra:

BNews: A prevenção é a chave para a detecção de doenças em estágio inicial. Mesmo sabendo disso, a maioria dos homens não tem o hábito de fazer exames de rotina. Esse comportamento tem mudado? Como mudar essa mentalidade dos homens?
André Bacellar: A prevenção, sim, é a chave para detectar esses tumores em fase inicial, já que no início os tumores são assintomáticos, não geram nenhum tipo de sintoma, e é nesse nicho que a gente tem uma maior chance de cura desses pacientes. Então, o hábito de fazer exames de rotina é importante e campanhas como o Novembro Azul é o que vem para mudar essa mentalidade dos homens. Hoje, mais do que combater o câncer de próstata, o Novembro Azul vem para mudar essa mentalidade e trazer os homens para o consultório médico, já que eles já têm uma resistência natural maior do que as mulheres em procurar os médicos para fazerem seus exames de rotina. Então, a gente recomenda que os homens façam o PSA a partir dos 50 anos e se tiver fatores de risco, como ser da etnia afroscedente, ou ter histórico familiar de câncer, iniciar um pouco mais cedo, aos 45 anos.

BNews: Câncer de próstata está na segunda colocação em motivos de câncer que mais matam. Você acredita que existe uma falha de comunicação do ministério da saúde e os homens? As campanhas nesse sentido têm surtido efeito?
André Bacellar: Eu acredito que a gente tem visto menos campanhas, sim. Essas campanhas para trazer o homem para o consultório médico, do urologista, do clínico, têm diminuído, ao meu ver, na minha perspectiva. Isso poderia ser incrementado, solidificando mais campanhas como o Novembro Azul, que a Sociedade de Urologia e Oncologia tentam promover todo ano. Então, acho que o papel das sociedades e dos veículos de imprensa são fundamentais para trazer esse homem pro consultório, para fazer os exames mais cedo e para que a gente tenha uma adesão cada vez maior e tirar essa resistência do homem de ir ao consultório médico, e que isso seja mais abrangente e educativo.

BNews: Quais as formas de tratamento para o câncer de próstata? Os métodos são efetivos? E qual a taxa de cura?
André Bacellar: O tratamento do câncer de próstata na fase inicial é essencialmente cirúrgico. É cirurgia para retirada, ou a radioterapia. Mas vale lembrar que, em muitas vezes, a depender do risco do câncer de próstata, a gente apenas observa o paciente em alguns tumores de menor risco de progressão. Então, são essas três opções, ou cirurgia, ou a radioterapia, ou mesmo a observação. Quando a gente diagnóstica nos casos iniciais, a taxa de cura passa dos 90%, chegando próxima dos 98% nos casos de menor risco e bem localizados, por isso que é essencial fazer o PSA e o toque retal. Os tratamentos na fase mais avançada também têm evoluído muito, quando o tumor já está metastático. A gente tem hoje quimioterapias efetivas, tratamentos hormonais mais modernos, ou mesmo técnicas de medicina nuclear, com terapias bastante efetivas em prolongar a evolução da doença e fazendo com que aumentem a qualidade de vida e tenham maior sobrevida quando submetidos a esse tipo de tratamento.

BNews: Existe possibilidade de reincidência do câncer de próstata? Como evitar isso? Se ocorrer, as chances de cura são menores?
André Bacellar: Existe, sim. A gente recomenda que todo paciente tratado com câncer de próstata mantenha um acompanhamento próximo com urologista e com o oncologista, isso é essencial porque existe esse risco, inclusive, depois de muitos anos do tratamento, por isso que os acompanhamentos nunca devem cessar. Geralmente, quando volta, é um pouco mais difícil de tratar, mas ainda existe, sim, possibilidade de resgate e cura, mesmo na reincidência desse câncer, principalmente se você pega essa reincidência no início. Para evitar, acho que medidas como dieta, alimentação saudável, exercícios físicos, evitar cigarro, combater a obesidade, todas essas medidas ajudam, sim, a diminuir a reincidência do câncer e, é claro, o acompanhamento com o oncologista para sempre detectar essas reincidências na sua fase inicial.