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Gordofobia: entenda o preconceito e suas consequências

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O preconceito pode atingir diversas pessoas que estão acima do peso e nos mais variados espaços  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 09/12/2017, às 07h00   Yasmim Barreto



Um grupo da sociedade, muitas vezes invisível, vive situações bem reais e duras no dia-a-dia, provocadas por um preconceito pouco discutido: gordofobia – aversão à pessoas gordas. De acordo com informações da psicóloga Laura Augusto, 24 anos, pessoas que sofrem a 'gordofobia' podem desenvolver doenças como a depressão, transtornos alimentares, problemas na autoestima e serem estimuladas ao suicídio.  

Em entrevista ao BNews, a psicóloga explicou também as causas para essas doenças. "Eu sinto que um dos fatores que pesam mais para o adoecimento dessas pessoas é a falta de representatividade da mídia, que é praticamente nula para nós mulheres gordas, e a padronização da beleza’’, afirmou. Ela ressaltou sua experiência através de atendimentos com pacientes e em sua vida pessoal. ‘’Sou uma mulher, negra e gorda. Então falar sobre gordofobia vai para além de uma atuação técnica, vai para o meu lugar de fala’’. 

O preconceito pode atingir diversas pessoas que estão acima do peso e nos mais variados espaços, seja no mercado de trabalho, em lojas, nos transportes públicos e até mesmo nas universidades. ‘’No ambiente da universidade, ou qualquer outro lugar, as cadeiras não são pensadas para pessoas obesas, causam constrangimento. As instituições, locais em geral, determinam o padrão de pessoa que deve frequentar tal ambiente’’, revelou Laura. 

A problemática se estende a vários âmbitos. No mercado de trabalho, a artesã Sandra Priscila, 37 anos, contou que chegou nessa profissão por ‘‘imposição’’ do preconceito propagado pela sociedade.  ‘’Em relação a trabalho formal, eu já desisti. Hoje eu prefiro fazer meus trabalhos como artesã, porque as pessoas não dão chance, acham que somos preguiçosas ou o perfil não é como a empresa quer. Então resolvi trabalhar para mim mesma’’. 

Nos coletivos a situação se repete. A estudante de Bacharelado Interdisciplinar (BI) de Artes e graduada em Letras, Elaine Peruna, 41 anos, relatou um caso que sofreu na Estação Mussurunga, em Salvador. Segundo ela, o motorista se recusou a abrir a porta do meio para que ela entrasse, visto que o ônibus estava cheio, mesmo depois de argumentar que ela não conseguiria passar na catraca, o motorista insistiu: ‘’Não posso fazer nada para senhora, vai ter que ir na frente, ir em pé’’.  

Movimento e inclusão – Em contrapartida, Adriana Santos, 33 anos, funcionária pública, fundou o movimento 'Vai Ter Gorda', que trabalha promovendo debates, apoiando mulheres gordas, contribuindo na valorização dessa mulher seja na autoestima, no mercado de trabalho e na sociedade. O Vai Ter Gorda é uma iniciativa nacional e Adriana começou o trabalho com o primeiro ato em 10 de janeiro de 2016. De acordo com a coordenadora, o movimento ganhou força depois do ato na praia de São Tomé de Paripe, onde os veículos de comunicação deram visibilidade. 

A partir das dificuldades vividas como mulher gorda e depois de pesquisar que apenas 18% de todas as lojas do mundo é plus size, Carla Galrão, 25 anos, criou o Instagram Gorda Roupa com 8.648 seguidores, onde ela indica lugares que aderem à moda plus size, além de falar sobre gordofobia.

ÍNDICES – Segundo informações do Ministério da Saúde, através da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), a obesidade no Brasil cresceu 60% em dez anos. O índice de brasileiros com a doença em 2006 era de 11,8%, já em 2016 esse número cresceu para 18,9%. 

Classificação Indicativa: Livre

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