A classificação de Brasil, Uruguai, Espanha e Itália foi muito normal, pela força e tradição destas seleções, as goleadas sofridas pelo inocente Taiti também já eram esperadas. Mas a gratidão de irmãos tão de longe, realmente foi uma lição marcante em tempos de egoísmo e arrogância.
O Taiti foi uma dessas fragilidades do esporte que despertam todos os nossos sentidos: levou 24 gols em três jogos, marcou apenas um e ainda teve dois pênaltis perdidos pelos adversários (Espanha e Uruguai), mas, ainda assim, soube agradecer a chance de poder competir com grandes potências mundiais.
Pode até não ter aprendido muito em termos táticos e técnicos, afinal o seu time é formado por trabalhadores humildes, cuja despesa total de salários não ultrapassa R$ 100 mil, enquanto há jogadores de Brasil, Uruguai, Espanha e Itália que ganham até 20 vezes mais do que todo o time taitiano!
Apesar de toda a sua pobreza de técnica, tática e de ganhos, o representante da Oceania teve a iniciativa de desfilar, todos os jogadores e dirigentes envolvidos com a Bandeira Brasileira e um cartaz agradecendo o apoio e o carinho dos brasileiros.
A esta altura, estão ainda cruzando as terras e os mares que os separam do Brasil, mas com a certeza de que estiveram em um país irmão, de gente que devotou um grande respeito pelo seu time e até torceu muito popr um golzinho em cada goleada que sofreram.
Seria muito lógico comentar que Brasil e Espanha são favoritos nas semifinais contra Uruguai e Itália, e que brasileiros, que começam a jogar um futebol bem coordenado e eficiente, e espanhóis, que lideram o ranking mundial, deverão chegar à final. Ou sobre a brilhante festa dos baianos, em nossa Arena Fonte Nova, na goleada de 4x2 sobre a Itália.
Tudo isso é pertinente, mas a imagem marcante deste final de semana ficou mesmo por conta da gratidão histórica dos modestos taitianos ao povo brasileiro.
Modesta, mas muito forte em tempos de manifestações empobrecidas pelo vandalismo e pela violência. □
