Esporte

Vovó de 92 anos é considerada fenômeno do atletismo

Publicado em 02/10/2011, às 19h31   Redação Bocão News


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Ao chegar à terceira idade, as pessoas querem apenas descansar e curtir a vida. Certo?  Olga Kotelko, de 92 anos, está contrariando a ciência e a medicina. A vovó virou fenômeno do atletismo e está sendo estudada por cientistas da Universidade McGill, de Montreal, no Canadá.

Divorciada, mudou-se com as duas filhas para Vancouver, cidade que respira esportes. E foi aí que sua vida mudou radicalmente. Apesar de tardiamente, ela descobriu o atletismo aos 77 anos e foi recomendada por muitos médicos a procurar outras atividades mais leves, como caminhada ou hidroginástica. Mas Olga resolveu se arriscar na nova descoberta.

“Havia um clube de atletismo para veteranos no meu bairro, e eu olhava e pensava: - nossa, isso é muito difícil. Não era para alguém da minha idade. Então um dia fui assistí-los em uma competição e vi uma mulher jogando algo da altura do pescoço, era um arremesso de peso. Pensei, - se ela consegue, também consigo. Foi assim que comecei”- contou.



Aos 79 anos, participou da sua primeira competição. No arremesso de dardo, jogou o objeto 10 metros a mais que as concorrentes. As adversárias pareciam não entender e ficaram curiosas, fazendo perguntas, como ela mesma conta: "Como você é tão forte? O que você comeu? Quem é seu treinador?".

No currículo, mais de 20 recordes mundiais em diversas modalidades do atletismo: arremesso de peso, disco, dardo, martelo e corridas de curta distância, como 100m e 200m. Quebras de marcas e muitas medalhas, uma supremacia assustadora em um esporte que cada milésimo vale muito. Por exemplo, o tempo de Olga nos 200m (56s46) é quase 15 segundos menor que o da segunda colocada (1m09s09).

O desempenho de Olga chamou tanta atenção que os cientistas da Universidade McGill resolveram entender melhor o que ocorre com o corpo dela. Nas pessoas comuns, com o passar do tempo, é normal a diminuição da massa muscular. Mas isso não acontece da mesma maneira com ela, seus músculos parecem não sentir a passagem do tempo.

 “O que sabemos é que a decadência muscular dos humanos começa a partir dos 50 anos. Só que depois dos 70, a perda de massa muscular é imensa e são justamente os músculos que vão determinar o quão independentes nós vamos ser na terceira idade. Se vamos conseguir levantar sozinhos da cadeira, evitar quedas ou controlar nossos movimentos” disse Russ Hepple, PHD em fisiologia pela Universidade McGill.

A atleta aceitou o pedido dos cientistas para ser estudada no laboratório. Olga teve o corpo todo mapeado para tentar desvendar os segredos da sua resistência. Pegaram um pedaço de músculo para analisar as células. Dentro de cada célula existe a mitocôndria, que funciona como uma central de energia. Com o avanço da idade, a mitocôndria apresenta defeitos, e a célula não alimenta mais os músculos corretamente. No entanto, apesar dos 92 anos, as células das fibras de Olga estão a pleno vapor, sem falhas.

“Tipicamente o que vemos a partir dos 70 anos é de 1% a 2% de células mortas, por causa de defeitos na mitocôndria. Isso deixa os músculos mais fracos. Em Olga, não vimos nada disso. É impressionante”, disse Tanja.

Além de fatores genéticos, a explicação para o desempenho fora do normal pode estar, também, na rotina de treinamento. Olga não para nunca, se mantém em atividade regularmente: cuida do jardim em casa, trabalha no bazar da igreja local, faz academia e treina sempre respeitando o próprio corpo.

“ Com o envelhecimento fui aprendendo o valor do tempo. Escolhi ser uma atleta de coração jovem em vez de uma velinha problemática. Acredito de verdade que nunca é tarde para alcançar uma boa saúde. Mas você tem que trabalhar para isso, não vai acontecer do nada”, avisou Olga.



Professor e pesquisador da Universidade McGill, o brasileiro Dilson Rassier acha que a pesquisa sobre as habilidades "super-humanas" da vovó Olga pode ajudar a vida de outros idosos futuramente. “Acho que vamos acabar derrubando vários dogmas, que podem ou não impedir pessoas de fazer atividade física, pessoas com idade avançada, com certas doenças neuromusculares. Só tende a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas num futuro próximo”.

O senhora de cabelos brancos que chamou a atenção de todos também adota um curioso sistema de alongamento e massagem, que ela faz sozinha em casa. O processo dura cerca de uma hora e vai do fio de cabelo até as pontas dos pés. Olga garante que depois do ritual está renovada e pronta para outra maratona de exercícios. E parece que ela está sempre pronta, sempre olhando para frente. “Não vejo nenhuma razão para eu parar e não planejo parar. Estabeleço objetivos para mim e adoro competir”, finalizou.



Fotos: Globoesporte.com

Classificação Indicativa: Livre

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