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Seleção testa equipe e popularidade de Neymar em amistoso em Brasília

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Em meio à acusação de estupro contra seu principal atleta, Brasil enfrenta Qatar   |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 05/06/2019, às 06h21   Folhapress



Enquanto Tite concedia sua última entrevista coletiva, na Granja Comary, um carro da Polícia Civil apareceu no centro de treinamento da seleção brasileira para intimar Neymar a depor. A cena registrada em Teresópolis, na segunda (3), dá uma boa amostra do que se tornou a preparação do time nacional para a Copa América em meio à acusação de estupro feita contra o atacante.

O futebol virou um detalhe, e até mesmo questões envolvendo o próprio camisa 10 ficaram em segundo plano. As dores no joelho esquerdo, sentidas na semana passada, e a perda da faixa de capitão por atos de indisciplina se perderam na hiperexposição do caso policial —alimentada pelo jogador, que exibiu conversas e fotos íntimas da acusadora.

Tudo ocorreu em um momento no qual a seleção buscava empatia com os torcedores, já que a Copa América será disputada em casa, e em que Neymar tentava melhorar sua popularidade, abalada após o desempenho no Mundial —fez dois gols e virou piada pelas quedas em campo.

Nesta quarta-feira (5), a partir das 21h30, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, o atacante e a seleção terão uma amostra de como está sua relação com o público. A equipe fará um amistoso com o Qatar, o primeiro na sua preparação para a disputa continental.

“Entendo a abordagem e as questões, mas temos um amistoso contra o Qatar e a construção diária de um trabalho”, disse Tite, que pouco conseguiu falar sobre o jogo.

Pressionado por resultados após a eliminação nas quartas da última Copa do Mundo, ele agora é cobrado também pelo modo como administra a relação com Neymar.

Há quase dois anos o cenário era totalmente diferente.

A última partida da seleção no país ocorreu em outubro de 2017, quando o Brasil recebeu o Chile e venceu por 3 a 0, em São Paulo, na última rodada das eliminatórias para o Mundial de 2018. Tite era aclamado pela recuperação da seleção na disputa. Neymar, que acabara de se tornar o jogador mais caro do mundo na venda do Barcelona para o PSG, seria apontado, dias depois, como o terceiro melhor do planeta, atrás apenas de Cristiano Ronaldo e Messi.

Os demais jogadores procuraram dizer que o ambiente na seleção não mudou, mas a presença da Polícia Civil na Granja Comary não lhes deixou mentir. O que eles tentarão fazer a partir desta quarta-feira é mostrar que têm futebol para superar a crise.

“Acredito que a torcida vá fazer festa, apoiar. Nós não somos só jogadores. Somos torcedores dentro de campo também”, disse Gabriel Jesus.

Antes mesmo do turbilhão com o início das investigações contra Neymar — além do suposto estupro, apura-se se ele cometeu crime de informática ao divulgar fotos da mulher que o acusa— , já existia na seleção uma preocupação de ganhar o público. Taffarel, preparador de goleiros da seleção, colocou essa mensagem explicitamente.

“Faço um apelo para que estejam junto com a seleção, porque a gente sente muito isso dentro de campo. Que tenham paciência, incentivem a gente”, disse ex-goleiro campeão do mundo em 1994.

Neymar e seus companheiros começarão a ter noção de como está essa relação no amistoso contra o Qatar. Eles terão essa partida e outra, no próximo domingo (9), no Beira-Rio, em Porto Alegre, contra Honduras, para construir uma proximidade até o início da Copa América. A estreia da seleção na competição ocorrerá no Morumbi, em São Paulo, no dia 14, contra a Bolívia.

No Grupo A, a equipe ainda jogará em Salvador (contra a Venezuela, na Fonte Nova, em 17 de junho) e novamente em São Paulo (contra o Peru, em Itaquera, em 22 de junho). Nesses lugares, tentará mostrar futebol suficiente e contar com o próprio Neymar, chamado de “imprescindível” por Tite, para ganhar a torcida e força na competição.

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