Esporte

Do adeus a Maradona à paralisação do futebol, veja retrospectiva do atípico 2020 nos esportes

Bruno Haddad/Fluminense F.C.
Mundo esportivo foi afetado pela pandemia do novo coronavírus, mas seguiu produzindo histórias  |   Bnews - Divulgação Bruno Haddad/Fluminense F.C.

Publicado em 25/12/2020, às 06h05   Léo Sousa


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Marcado como o ano da maior pandemia em um século, 2020 deixou seu carimbo, também, no mundo dos esportes. Apesar do período atípico, histórias continuaram sendo escritas.

Do adeus ao "Dios" argentino, Diego Armando Maradona, e a outras lendas do futebol mundial aos efeitos do novo coronavírus, como o cancelamento de megaeventos, relembre os principais fatos da esfera esportiva em 2020.

Pandemia: cancelamentos, paralisação, estádios vazios e calendário 'maluco'

Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o principal evento esportivo mundial teve de ser cancelado. Em razão da pandemia do novo coronavírus, a Olimpíada de Tóquio, antes prevista para acontecer em julho deste ano, teve de ser adiada para 2021. A estimativa é de que o adiamento cause um prejuízo aos japoneses de cerca de dez bilhões de reais.


Divulgação

A Covid-19 também frustrou a realização de outras grandes competições, como a Eurocopa e a Copa América, e o tradicional torneio de Wimbledon, no tênis.

Para os amantes do futebol, 2020, ou pelo menos um parte dele, foi um ano de "abstinência". A partir de março, quase todos os campeonatos da modalidade no mundo foram paralisados por conta da pandemia.

Entre as principais ligas, a da Alemanha foi a primeira a retornar. No Brasil, a bola voltou a rolar, prematuramente, no final de junho, com a retomada do Campeonato Carioca capitaneada pelo Flamengo.

O Brasileirão 2020 teve início em agosto, com estádios vazios, e se encerrará apenas em fevereiro de 2021. Até o momento, a edição da maior competição do futebol nacional é marcada pelo equilíbrio na luta pelo título.

Bahia: uma temporada de frustrações

Para a dupla Ba-Vi, 2020 não foi um ano dos melhores dentro de campo. Do lado tricolor, a temporada pode ser definida com a palavra "frustração".

A equipe sofreu, mas conquistou o tricampeonato baiano sobre o Atlético de Alagoinhas. Na Copa do Nordeste, com as fases decisivas sendo realizadas em Salvador, após a paralisação do calendário, o clube sucumbiu diante do Ceará, e foi derrotado nos dois jogos da final. Em cinco jogos contra o time baiano neste ano, aliás, o Vozão empatou um e venceu quatro.

Antes sequer do fim da fase inicial do Nordestão, ainda, o Bahia foi eliminado na primeira etapa da Copa do Brasil para o River-PI, da quarta divisão. Na Copa Sul-Americana, competição na qual o torcedor passou a depositar todas as suas esperanças, a eliminação veio no último dia 16, após a segunda derrota para o Defensa Y Justicia, da Argentina, nas quartas de final.

No Brasileirão, o clube se vê na primeira colocação fora da zona do rebaixamento, com a mesma pontuação do Vasco, primeiro time do Z4. Após a quinta derrota seguida, na partida que ficou marcada pela postura do treinador diante das acusações de racismo do meia Gerson, do Flamengo, contra Índio Ramírez, do Bahia, Mano Menezes foi demitido do comando técnico da equipe.

O clube afastou o meia colombiano do elenco e, depois de laudos de perícias em língua estrangeira contratadas pelo Bahia não comprovarem a injúria racial, ele foi reintegrado.

Apesar da insatisfação com os resultados dentro de campo, o presidente Guilherme Bellintani, com gestão administrativa bem avaliada, foi reconduzido, em eleição que teve a participação de mais de 12 mil sócios, para um novo mandato de três anos.


Felipe Oliveira / EC Bahia / Divulgação

Vitória: Nada novo sob o sol

Para o torcedor do Rubro-Negro que alimentou esperanças de um ano melhor, 2020 também teve um sabor amargo. O clube sequer avançou para as semifinais do Campeonato Baiano.

No Nordestão e na Copa do Brasil, parou diante do carrasco baiano Ceará - nas quartas de final e na terceira fase, respectivamente.

A sete rodadas do fim, O Vitória passa longe do principal objetivo da temporada, o de subir para a Série A, na principal competição do ano, e se vê muito mais próximo da zona de rebaixamento da segunda divisão - a quatro pontos, na 15ª colocação, com um jogo a mais que os dois primeiros times do Z4, Paraná e Figueirense.


Letícia Martins / ECVitória

O clube repetiu a tônica do troca-troca de treinador. Na última terça-feira (22), a equipe anunciou a demissão do técnico Mazola Júnior e a efetivação de Rodrigo Chagas, que assume, pela segunda vez na temporada, até o final da Série B. Antes deles, passaram pelo comando do Rubro-Negro Geninho, Bruno Pivetti e Eduardo Barroca.

Administrativamente, o Vitória ainda passa por sérios problemas financeiros, com atrasos salariais, em meio a uma crise institucional.

Na C, Jacupa dá conta do recado

Se Bahia e Vitória não deram alegrias ao torcedor neste ano, na Terceirona, o representante baiano deu conta do recado. Pela primeira vez disputando a competição, reformulada há alguns anos e mais atrativa, o Jacuipense superou as expectativas e conseguiu se manter na divisão sem sustos. O foco agora é se fortalecer para, no ano que vem, tentar alçar voos mais altos.


Renan Oliveira/E.C. Jacuipense

Já a Série D, está nas oitavas de final sem a presença de nenhum clube do estado. Vitória da Conquista e Atlético de Alagoinhas pararam na segunda etapa do torneio, enquanto o Bahia de Feira sequer passou da fase de grupos.

O adeus ao 'Dios', ao carrasco e outros ícones

Em um intervalo de 15 dias, o futebol mundial perdeu dois ícones, em 2020. Em 25 de novembro, Diego Armando Maradona, ídolo máximo da Argentina e um dos maiores nomes da história do esporte, nos deixou. O craque foi o que mais se aproximou de ameaçar o trono do Rei Pelé no posto de maior jogador de todos os tempos.

Maradona faleceu após sofrer uma parada cardiorrespiratória enquanto estava em sua casa, em Tigre, na província de Buenos Aires. A morte ainda é alvo de investigação.

Mesmo em meio à pandemia, milhões de argentinos foram às ruas se despedir do "Dios", como Maradona era chamado. O velório de Diego ocorreu na Casa Rodada, sede do governo argentino.


Reprodução/Instagram

No dia 9 de dezembro, foi a vez do italiano Paolo Rossi, um dos maiores carrascos da história da seleção brasileira, partir. O ex-jogador foi vítima de um câncer de pulmão, descoberto há pouco tempo. 

Rossi foi o autor dos três gols da vitória que eliminou o Brasil na Copa do Mundo de 1982, na partida que ficou conhecida como Tragédia do Sarriá. O algoz, no entanto, tinha uma boa relação com o país, e a sua morte foi lamentada por muitos ex-atletas brasileiros.

O ano de 2020 ainda começou com uma notícia triste para o basquete. Um dos maiores astros da modalidade, o americano Kobe Bryant faleceu no dia 26 de janeiro, após um acidente de helicóptero. 

O futebol baiano ficou de luto com a morte do ex-jogador e técnico Carlos Amadeu, com trajetórias em Vitória, Bahia e seleções brasileiras de base.

O técnico argentino Alejando Sabella, os brasileiros Valdir Espinosa e Marcelo Veiga, além de nomes importantes da imprensa esportiva nacional, como Rodrigo Rodrigues, Fernando Vanucci e Orlando Duarte foram outras perdas do mundo esportivo em 2020.

O ano antirracista

Apesar de fatos tristes como a pandemia e a perda de lendas, 2020 deixa como legado avanços no combate ao racismo a partir do esporte.

Impulsionado pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), nos Estados Unidos, jogadores da NBA, a liga de basquete americana, protagonizaram atos históricos na luta antirracista.

Em meio à onda de protestos que tomou o país após o assassinato do homem negro George Floyd, atletas se recusaram a jogar, provocando o cancelamento de partidas e causando repercussão em todo o mundo.

Outro ato de impacto aconteceu em PSG x Istambul Basaksehir, jogo da Liga dos Campeões da Europa. Após o quarto árbito da partida proferir um insulto racista contra um atleta da equipe francesa, os jogadores decidiram em conjunto abandonar a partida. 


PSG

No Brasil, o tema racial no futebol voltou à tona após as acusações de Gerson, do Flamengo, contra Ramírez, do Bahia. Na Fórmula 1, Lewis Hamilton foi mais um a engrossar o coro contra o racismo.

O sucesso da NBA

Além da atuação dos jogadores nos protestos antirracismo, a temporada 2020 da liga americana de basquete se destacou pelo sucesso na estratégia da "bolha" de isolamento das equipes, sem contato com o mundo externo, em meio à pandemia da Covid-19.

A estrutura esportiva-hoteleira no complexo na Disney, em Orlando, funcionou, sem que os times sofressem desfalques por conta de contaminação de atletas.

Dentro de quadra, o Los Angeles Lakers, do astro LeBron James, faturou o seu 17º título da NBA, se igualando ao Boston Celtics como maior campeão do torneio.


Reprodução/Facebook/LeBron James

Hamilton faz história

O ano de 2020 foi mais uma temporada de soberania do inglês na F1. Hamilton conquistou o seu sétimo título na categoria, igualando o recorde de Michael Schumacher, e se tornou o piloto com com mais pódios e vitórias em todos os tempos.


Reprodução/Instagram/Lewis Hamilton

Caso Robinho

O atacante Robinho teve o seu nome fortemente veiculado nos noticiários em 2020, mas não por suas pedaladas e gols. Condenado por estupro na Itália, o jogador foi contratado pelo Santos no início de outubro, mas nem chegou a atuar.


Ivan Storti/Santos FC

Após críticas da opinião pública e, principalmente, depois da perda de patrocinadores, o clube alvi-negro suspendeu o contrato com o atleta. No último dia 10, a Corte de Milão confirmou a condenação de Robinho e Ricardo Falco, amigo do jogador.

Segundo a Justiça italiana, os dois participaram de um estupro coletivo de uma jovem da Albânia em uma boate milanesa há sete anos. A defesa de Robinho e do amigo vai recorrer mais uma vez.

Lewandowski melhor do mundo

Cena rara na última década do futebol mundial, o prêmio de melhor jogador do mundo neste ano não foi para as mãos de Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo.

Campeão e artilheiro da Liga dos Campeões da Europa pelo Bayern de Munique, o polonês Robert Lewandowski faturou o troféu "The Best", da Fifa, em 2020.

A "final" da premiação individual foi disputada justamente pelo trio. A lista dos três indicados surpreendeu alguns pela ausência de Neymar, que fez boa temporada pelo Paris Saint-Gemain e chegou à final da Champions com o time francês. O brasileiro figurou na lista inicial de 11 indicados ao prêmio.


Reprodução/Instagram/@_rl9

Classificação Indicativa: Livre

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