Esporte

Conheça a Torcida LGBTricolor e sua luta para inclusão das diversidades no futebol

Reprodução / Instagram @lgbtricolor
Entenda o trabalho de inclusão da Torcida LGBTricolor, que gera possibilidades para torcedores LGBTQIAP+  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Instagram @lgbtricolor

Publicado em 16/04/2023, às 05h40   Natane Ramos


FacebookTwitterWhatsApp

O espaço da torcida organizada deveria ser algo para ser desfrutado por todas as pessoas, mas é notável a presença de comportamentos violentos dentro e fora do campo de futebol. Com o intuito de criar uma comunidade de torcedores que apoiam a diversidade dentro do estádio, a organização Torcida LBGTricolor criou um círculo de apoio para torcedores da comunidade LBGTQIAP+, incentivando uma luta por um espaço seguro e inclusivo para todos os torcedores.

A LGBTricolor é uma torcida que abrange os fãs da sigla LGBTQIAP+ do Esporte Clube Bahia, time que recentemente se tornou campeão baiano conquistando 50° títulos estaduais, e tenta destacar o lugar dessas pessoas no estádio, em posições de visibilidade perante a torcida.

Em entrevista ao BNews, o comunicador, ativista e fundador do coletivo de torcidas LGBTQIAP+ de futebol, o Canarinhos LGBTQ+, Onã Rudá, afirmou que a iniciativa para a criação do projeto se deu depois das ações afirmativas que o time [Esporte Clube Bahia] estava fazendo. "Foi a partir daí que surgiu a ideia, e a gente começou a se organizar pelas redes sociais, e depois pessoalmente. Aí eu entendi que existia um espaço em que pudéssemos pensar nessa perpectiva”, comentou Onã.

Onã abordou as ações adotadas pela organização para garantir que pessoas da comunidade possam aproveitar dos estádios e celebrar seu time de maneira completa. “Nós somos um movimento que busca, justamente, a partir dessa disposição que o público procurou ter a um tempo atrás e que agora se consolidou, aproximar essas pessoas do clube, da ida aos estádios. A gente vai fazendo isso a partir de várias construções, vamos fazendo isso com o próprio clube, com outros parceiros e, acima de tudo, marcando presença”, relatou.

Ele ainda ressaltou a participação do time na inclusão desses torcedores, e como o desejo de trazer essas pessoas para um espaço amigável e de respeito é um dos objetivos dessa comunidade. “Acho que o caldo cultural que isso produziu, dentro da torcida do Bahia, é muito bonito. Acabou criando essa perspetiva que é muito única, uma torcida de pessoas LGBTQIAP+ que torcem pelo clube, que podem ir. Então, por exemplo, a gente faz uma ação para levar pessoas trans para o estádio, é uma iniciativa muito bonita”, destacou o comunicador.

Segundo pesquisas da organização não governamental, Grupo Gay da Bahia (GGB), o Nordeste é a região brasileira com maiores números de crimes de homofobia registrados no Brasil. Nessa perspectiva o historiador belenense, fundador da Torcida Papão Livre e coordenador da Canarinhos LGBT+, Gleyson Oliveira compartilhou como essa perseguição acaba impactando a ida de pessoas da torcida para o estádio. “Infelizmente, é mais uma condição que nos impõem, quando se trata de esportes envolvendo LGBTQIAP+ , logo condicionam a Queimada, não que não seja um esporte que possa ser praticada, sim, é. Mas os LGBTQIAP+ gostam de futebol, gostam de ir ao estádio, eu mesmo amo estar em todos os jogos do meu time, não me deixo limitar pelos que as pessoas falam sobre mim”, relatou.

Gleyson explica o motivo do futebol se projetar de forma excludente para diversas pessoas, criando um espaço tóxico no meio esportivo. “Em primeiro lugar a gente precisa se sentir bem naquele espaço, um espaço onde vira e mexe temos arquibancadas inteiras usando termos pejorativos, chamando rival de bicha, de veado, isso fere a existência da população LGBTQIAP+. Segundo ponto, onde estão as pessoas trans? Quantas pessoas não podem ir por terem sua identificação reconhecida? Pessoas trans tem sua identificação social na carteira de sócio do clube? Existe alguma política efetiva para a manutenção desse público? A resposta para todas as respostas é: NÃO! Isso de alguma forma separa, exclui a nossa população que só quer torcer, sendo ela mesma”, destaca Gleyson.

O historiador ainda reflete sobre o lugar da torcida e comunidade LGBTQIAP+ no meio esportivo e na sociedade.“ Nosso lugar é onde quisermos, isso significa também estar vendo ou jogando futebol. Quantos jogadores LGBTQIAP+ não temos por aí e não se assumem por medo, medo de perder o contrato ao seu assumirem? E um pensamento que precisa ser levado, e mais que tudo precisa ser erradicado do meio do esporte, ou qualquer outro espaço onde o machismo, o racismo e a homofobia querem imperar”, reflete Gleyson.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp