Em nome da paz, população vai às ruas

Centenas de pessoas foram as ruas de Salvador na manhã deste domingo (7), reunidas por um único objetivo, a paz. Com iniciativa da família e amigos do músico Paulo César Perrone, que foi baleado na cabeça possivelmente durante tentativa de assalto no mês julho, a passeata reuniu não so as pessoas ligadas ao baterista, mas todos aqueles que por algum motivo estavam ali, em busca do fim de tanta violência que a cada dia assusta e toma maior proporção na Bahia.

Um dos parceiros de Banda, o músico Teco, é também amigo de Perrone e  lamenta a fatalidade, para ele,  o mais difícil é saber que a insegurança se faz presente em qualquer lugar. “Estamos sempre expostos, na saída do banco, de casa, no transito,  e o pior é saber que não tem jeito, não tem solução, pode melhorar, mas solução, não tem”, disse. Ele que já dividiu quarto com o colega baleado, define a personalidade do amigo. “O Perrone é forte, cheio de vitalidade, não bebe, não fuma, não é “baladeiro”, e sem duvida ele vai sair bem dessa”, disse.

 A mãe do músico, Lúcia Roriz fala esperançosa da recuperação do filho, que apesar da gravidade, segue com quadro de saúde estável no Hospital Geral do Estado. “A situação que estamos atravessando, é muito ruim, muito difícil, mas meu filho está se recuperando e em breve ele estará em casa, com fé em Deus”. Uma das mentoras da passeata na busca pela paz em Salvador, Lúcia faz um apelo, não só pelo filho, mas por todos aqueles que passam ou já passaram por situações semelhantes e procuram respostas para tanta violência. “Pedimos providência mais rápida, a população não pode mais esperar, precisamos ter o direito de ir e vir, precisamos de mais segurança e para isso é preciso que as pessoas tenham consciência, ninguém ta suportando mais. É só o que eu quero, estou aqui não só pelo meu filho, a população toda quer paz a população toda está sofrendo e quer paz”, desabafa. Sobre o comportamento do filho, a mãe é objetiva. “Meu filho é do bem, o vício dele era a música, a bateria, desde criança sempre foi apaixonado”.

Entre as tantas pessoas que se reuniram para tentar chamar atenção das autoridades em busca de uma vida de paz, estava a Cabeleireira Rita de Cássia, 40, que perdeu o filho a quatro anos, em um crime brutal na cidade de Xique-Xique. Nadjackson Pereira Bessa, segundo a mãe, foi morto a tiros aos 19 anos, por pessoas que ele teria passado a noite bebendo, se divertindo, que se diziam colegas e na verdade eram os assassinos do jovem. Rita de Cássia, procura até hoje por justiça, os acusados estão todos soltos e desde o dia do crime ela nunca mais teve mais paz. “Mataram meu filho por uma brincadeira, por pessoas que ele conhecia, minha vida não é mais a mesma desde aquele dia e eu mesma pretendo fazer justiça”, fala a mãe que após o crime, mudou para Salvador para tentar estudar direito de modo que ela mesma cuide do caso.

O músico Edd Bala, amigo do baterista Perrone, acredita que a violência cresce pela forma com que os culpados são punidos e que pode haver uma melhora nas condições de tratamento de criminosos. “O estágio da violência passou do avançado, o mal está prevalecendo e não podemos deixar. Eu sugiro uma reformulação nos tratamentos dessas pessoas que se envolvem coma violência, como por exemplo a criação de uma fazenda que trate essas pessoas, que regenere o pessoal ao convívio social, com atividades diversas, com ações educativas, espaços culturais, lazer, e esporte. Porque o bandido é preso e solto no outro dia, se houver mudança nisso aí , de forma educacional, quem sabe não ajuda?”, opina.

O grupo de manifestantes se reuniu no monumento Clériston Andrade, na Avenida Garibaldi, com o objetivo de chegar até o Palácio de Ondina para entregar um documento ao governador da Bahia, Jaques Wagner. Estavam também familiares da advogada baleada na Garibaldi e que já se recupera em casa.

Paulo Cézar Perrone Júnior da Banda Estakazero, está há mais de 15 dias internado em coma induzido no Hospital Geral do Estado (HGE).  

Fotos: Roberto Viana / Bocão News