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Sindicato contesta prazo estabelecido pelo MPT

Publicado em 17/08/2011, às 10h37   Milene Rios




Já são 53 acidentes de trabalho no setor de construção civil em Salvador, somente em 2011 e o Ministério Público pretende fiscalizar com mais rigor os canteiros de obras da Capital. Uma audiência promovida na tarde de terça-feira (16) em parceria Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério do Trabalho e Emprego (SRTE/BA) estabeleceu metas e propostas que possam contribuir na melhoria das condições de trabalho na indústria da construção civil.

Entre os aspectos abordados para a segurança dos trabalhadores do ramo, o chefe da Segur/SRTE, auditor Flávio Nunes, destacou as condições vistoriadas no elevador de tração a cabo que gerou o acidente fatal, que deixou nove operários mortos na terça-feira (9). “Atualmente com o elevador de cremalheira, bem mais seguro, dificilmente vemos um elevador tracionado a cabo em obras de São Paulo, por exemplo”, comparou.

Com base nessas condições, a SRTE decidiu por em prática a partir de 05 de setembro uma ação com 42 auditores, para fiscalizar elevadores de obras de Salvador, são cerca de 400 canteiros em toda a capital. De acordo com o órgão, as empresas que não cumprirem a verificação no prazo, terão os elevadores interditados.

Nunes destacou que um acidente desse porte acaba causando insegurança nos trabalhadores, no caso do acidente em questão, o que provocou a morte dos operários foi o rompimento de uma peça que puxa o cabo da cabine do elevador. Deste modo, a vistoria dos elevadores deve iniciar justamente pelos eixos dos motores de todos os elevadores que são tracionados por cabo de aço, o auditor explica que o exame é feito por meio de ultrassom que detecta as fissuras dessa peça de metal que movimenta a cabine.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil da Bahia (Sinduscom –Ba), Carlos Vieira Lima não acredita que as empresas consigam cumprir este prazo de inspeção. O sindicalista reconhece o empenhos dos empresários, mas sintetiza que o prazo é insuficiente para realizar as fiscalizações. “Apenas duas empresas da Bahia fazem inspeção, o prazo é inviável” disse. No entanto, Vieila Lima defende as boas condições de segurança que as empresas do estado têm oferecido a seus trabalhadores. “Trouxemos os projetos mais avançados em segurança e saúde, fizemos treinamentos no interior, e queremos regras claras para atuar”, defendeu.

Risco grave de queda e choques por ausência de proteções coletivas, escoramento e instalações elétricas improvisadas, elevadores e escadas inseguros, falta de equipamento de segurança nas gruas, de sinalização, além de jornada excessiva estão entre as principais irregularidades flagradas em inspeções conjuntas MPT/MTE. Os números da Previdência mostram crescimento de 69,3% no número de acidentes de trabalho na construção civil entre 2006 e 2008. No mesmo intervalo, as mortes aumentaram 25% e os acidentes geradores de incapacidade permanente cresceram 37.

Após explicar a atuação do MPT em programas especificamente direcionados à construção, tanto a construção pesada como a construção civil, a procuradora do MPT, Séfora Char, destacou a importância dos parceiros e sentenciou: “Precisamos marcar esse acidente trágico como um divisor de águas em nossa atuação conjunta”.


Fotos: Gilberto Júnior / Bocão News

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