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1° de abril entrou no grupo: famílias lideram propagação de fake news no Whatsapp; saiba como identificar

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Delegada explica relação entre as notícias falsas e os grupos em aplicativos de mensagens   |   Bnews - Divulgação Reprodução e Arquivo BNews

Publicado em 01/04/2019, às 12h50   Diego Vieira


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Difícil encontrar alguém que não tenha aquele parente que insiste em compartilhar notícias, digamos que duvidosas, nos grupos de família do Whatsapp. Desde a identificação de um possível estuprador á aquele carro preto que está circulando no bairro sequestrando crianças, são muitas as informações suspeitas compartilhadas no aplicativo de mensagem.

De acordo com um estudo realizado em outubro do ano passado pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP (Universidade de São Paulo), os grupos familiares são os que mais compartilham notícias falsas, conhecidas como fake news. A metodologia se baseou em um estudo israelense que procurou a origem de boatos espalhados pelo WhatsApp após o sequestro de três jovens israelenses na Cisjordânia em 2014.

Nesta segunda-feira, 1° de abril, conhecido como dia da mentira, o BNews conversou com a delegada Débora Freitas, especialista em crimes cibernéticos, que falou sobre a relação das fakes news e os grupos de Whatsapp. Segundo ela, a relação de confiança estabelecida no âmbito familiar facilita a propagação dessas notícias no aplicativo.

“Existe uma questão da confiança. Quando o familiar coloca alguma informação no grupo ou quando ele dialoga com seus parentes e amigos, aquela informação passa como verdadeira. Só que muitas vezes ele está colhendo isso de uma origem que é feita justamente para provocar essas disseminações. Então aquelas frases como ‘compartilhe sem parar’, ‘repasse sem dó’, na maioria das vezes escritas em caixa alta, são textos sem uma base de fundamentação, mas que tem no fundo um forte apelo emocional, então normalmente é essa técnica psicológica que é usada para disseminar as fakes news nos grupos de família”, explicou.

Para a delegada, o ideal é sempre desconfiar de determinada informação recebida e buscar uma fonte confiável. “O mais importante é buscar a fonte. Claro que hoje estamos em um momento que até as assinaturas são falsificadas. Recentemente tivemos o caso do padre Fábio de Melo que ele escreveu um texto que posteriormente foi alterado, mas em seguida, ele mesmo desmentiu e informou que alguém havia se apropriado do texto dele e feito modificações. Então as pessoas têm que ficar bastante atentas, observando a origem do texto. Quando não tem uma assinatura com base científica e confiável é importante que a pessoa duvide. O segredo é basicamente esse”, salientou.

O caso do padre Fábio de Melo citado pela especialista é referente a um conteúdo publicado no Twitter, que foi atribuído ao religioso. O texto falava sobre o ataque na escola em Suzano, em São Paulo, que deixou 10 mortos em março. A publicação fake dizia que um dos principais motivos do ataque seria o fato de as famílias estarem "arruinadas", onde "brindes comprava limites, deveres e direitos". Usuário assíduo do Twitter, Pe. Fábio fez uma postagem e desmentiu a "corrente" que circula por grupos de WhatsApp.

De acordo com a delegada, notícias falsas de cunho político e relacionadas a identificação de possíveis suspeitos de cometer crimes costumam ser as mais compartilhadas. “O cuidado que deve se ter, justamente para que não se cometa arbitrariedades. Muitas vezes tem acontecido homicídios com pessoas que são apontadas como estupradores”, alertou.

Nas eleições do ano passado, diversas notícias mentiroras inundaram os grupos. Vídeos editados, imagens com o dia errado, fotos com candidatos com estampas de camisa alterada, áudios simulando vozes de candidatos se proliferaram no aplicativo. Para evitar a disseminação das mensagens falsas, O WhatsApp passou a limitar o encaminhamento de mensagens. Desde janeiro deste ano, os usuários do mensageiro só podem enviar o mesmo conteúdo para apenas cinco contatos por vez.

A especialista ainda lembrou que é crime compartilhar conteúdos falsos na internet e que os criminosos podem ser identificadas. “A disseminação de notícias falsas pode gera tanto um fato criminoso, como uma situação onde se ver um crime contra a honra, uma difamação, uma injúria, como pode haver também o dando moral caracterizado por conta da notícia falsa que está sendo veiculada e esses fatos serão punidos na forma da lei. É possível identificar essas pessoas, é possível identificar de onde parte essas informações e ninguém vai ficar restrito de uma responsabilização criminal”.

Classificação Indicativa: Livre

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