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Mercado Modelo: reforma não resolve problemas

Imagem Mercado Modelo: reforma não resolve problemas
Para trabalhadores do local, elevador no interior do estabelecimento histórico não é prioridade  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 18/01/2012, às 07h04   Fabíola Lima



Abandonado, o Mercado Modelo, um dos principais pontos turísticos de Salvador, sofre com a insegurança, falta de infraestrutura, limpeza e apresenta outros problemas.

Comerciantes do mercado e artesãos da feira em torno do monumento histórico que, entra em seu centenário neste ano, conversaram com a reportagem do Bocão News após o anúncio das obras de recuperação.

O Mercado Modelo abriga  226 comerciantes, entre eles artesãos, que tentam manter o cenário histórico do mercado vivo e interessante para baianos e turistas. A luta é difícil como revelam alguns destes trabalhadores.

Após o último incêndio no mercado, que destruiu as instalações, houve uma extensa reforma do edifício, em 1984, quando foi inaugurado o edifício da 3º Alfândega de Salvador, uma construção de 1861 em estilo neoclássico, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1971. Após este período, não se ouviu falar e obras ou revitalização no local.

Mas, no ano eletivo em que vive a capital baiana, o prefeito João Henrique (PP) esteve no Mercado Modelo na segunda-feira (16), inaugurou o inicio da obra de revitalização do mercado e um elevador para “uso especifico de pessoas com mobilidade prejudicada”.

Para João Paulo Costa, 28, a iniciativa foi importante, mas há outras prioridades no Mercado Modelo. Costa trabalha com a venda de artigos em couro no primeiro andar e para ele, que vive desta atividade há mais de 10 anos, a segurança deveria estar em primeiro plano, alem da publicidade e ações que mostrem o mercado ao povo. “Tem turista que vem a Salvador de navio que atraca aqui na Bahia de Todos os Santos, mas não chega nem a entrar no mercado. Eles são induzidos por agencias a visitar apenas as praias. Além disso, os próprios moradores acham que o mercado é apenas para este público, o que acontece apenas no verão. Em outras épocas ficamos praticamente sem clientes”. Disse.

Em concordância, Mario Pinho, 50, diz que o estabelecimento sobrevive do “boca a boca”.  Para o vendedor de esculturas religiosas há mais de 30 anos, o Mercado Modelo apenas sobrevive. “Se não fosse a publicidade boca a boca, só teríamos clientes na alta estação, o povo de Salvador não compra no mercado.


 Mas um gentil senhor, que ofereceu papel higiênico para uma jovem que tentou usar o banheiro, foi mais longe. “Tenho saudades dos velhos tempos neste lugar. Hoje estamos entregues ao mau zelo. Falta papel nos banheiros, quando não pagam a conta, falta água, e ainda pagamos caro para permanecer nesta estrutura defasada. Há mais de dois anos esperamos a conclusão das obras do subsolo”, Desabafou um comerciante que preferiu não ser identificado.


Na área externa, os problemas parecem não fazer parte do conjunto da obra. Artesãos reclamam de infra-estruturar, limpeza, iluminação e segurança.

 “A impressão que tenho é que o entorno do Mercado Modelo não faz parte dele. O que vejo aqui é descaso e abandono. Há um conjunto de fatores que geram problemas para os comerciantes no entorno do mercado. Outro dia, uma senhora em uma cadeira de rodas caiu após tombar em um buraco que já esta aqui há anos. Somos responsáveis por varrer o local porque o funcionário da Limpurb apenas recolhe o lixo - quando recolhe”, relatou o Chileno Eduardo Osorio, 57,  e artesão em Salvador há mais de 30 anos.

A vendedora de acarajé Tatiana Reis, 32, não deixou por menos. Depois das 17h este mercado parece totalmente abandonado pelos poucos policiais que parecem fazer a segurança deste lugar. Os pivetes estão tomando conta do lugar e nós que estamos aqui não podemos fazer nada ou sofremos represália. Para saber o que é o mercado modelo, estes políticos deveriam nos visitar a noite, quando estamos a mercê dos marginais.


Em contato com o presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Modelo, Nelson Tupiniquim, ele assegurou que o Mercado tem passado por dias melhores e há grande expectativa de uma oxigenada na venda de mercadorias por conta da alta estação, sobre a segurança, alegou que há cinco seguranças no mercado.



Fotos: Gilberto júnior //  Bocão News
Matéria do dia 17, publicada às 14h

Classificação Indicativa: Livre

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