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Grupo oferece remédio para o corpo e para alma

Imagem Grupo oferece remédio para o corpo e para alma
Evento musical em Nazaré traz amor, solidariedade e esperança para público da terceira idade  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 23/04/2012, às 08h17   Daniel Pinto


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Todos os domingos um grupo de amigos se reúne para celebrar a vida na Praça Conselheiro Almeida Couto, no “coração” do bairro de Nazaré. Pessoas de todas as idades dançam, cantam e compartilham experiências embaladas por clássicos da MPB e do chorinho. “Tudo começou assim, de forma despretensiosa, e hoje é isso aqui que você está vendo. Todo mundo feliz, interagindo se entretendo, cuidando da saúde do corpo e da alma”, explica Eliete Carvalhal (foto), coordenadora do Grupo Cultural Canto da Praça, fundado em 2004.


“Nós moramos aqui no bairro. Meu marido, Euvaldo Carvalhal, desceu com o violão e o nosso vizinho João Dias apareceu com um bandolim. De repente, a banda estava discutindo repertório e tocando”, completou.

O que começou meio por acaso se tornou um compromisso quase que religioso. A música chamou a atenção da vizinhança e atraiu, sobretudo, os idosos. Hoje, já existe até fã-clube com 70 associados. “Espero a semana inteira para vim pra cá”, conta João Almeida, 67 anos. “Passei a frequentar há uns quatro anos. Também moro aqui. Depois disso, não parei mais. Sempre encontro os amigos, ouço boas músicas e me divirto”, comenta Nilzete Oliveira dos Santos, 74 anos, que passou a fazer parte da coordenação junto com o marido Pedro Alcântara, 75.


A apresentação começa sempre às 9h30 com a execução do hino do Senhor do Bonfim. Enquanto isso, Eliete Carvalhal distribui simpatia e borrifa os presentes com água benta. “É um momento lindo. Sempre me arrepio toda”, observa Luziene Ramos, 66, que - apesar de ser casada - sempre comparece sozinha. “Ele fica em casa vendo televisão. Eu vou ficar lá, é? Deixo ele e venho curtir”.

Solidariedade

A Praça Conselheiro Almeida Couto é cercada por prédios residenciais, clínicas médicas e hospitais. A mesma região ainda compreende a biblioteca Monteiro Lobato, a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré o Colégio Salesiano. Por conta disso, o Grupo Cultural Canto da Praça teve que conseguir o aval dos moradores e se comprometeu a finalizar os trabalhos sempre às 12h30.


Entretanto, a consolidação do evento semanal atraiu vendedores ambulantes e um comércio informal foi formado no entorno. A convivência é natural, mas alguns transtornos já foram registrados. “O problema é que eles vendem bebida alcoólica de forma indiscriminada. Muitos aqui tomam remédio controlado e não podem fazer essa mistura. Certa vez, um senhor passou mal e teve que ser atendido no Santa Izabel. Além disso, outras pessoas passaram a fazer um sambão aqui do lado depois do horário que foi definido com a comunidade. Isso tem atrapalhado os moradores e até mesmo os pacientes dos hospitais. Quero deixar bem claro que não temos nada a ver com isso. Esse barulho da tarde não tem nenhuma relação com o  Canto da Praça”, denunciou Eliete Carvalhal.


O grupo não tem nenhum fim comercial e a única ajuda vem da prefeitura, que fornece a energia elétrica para os instrumentos e disponibiliza quatro banheiros químicos. No entanto, os equipamentos deixaram de ser colocados no local há três semanas. “Parece que houve um problema no contrato entre município e a empresa prestadora de serviço. A questão foi parar na Justiça, mas a prefeitura garantiu que tudo vai voltar ao normal quando a situação for resolvida”, observou Pedro Alcântara, responsável pela parte burocrática. “Ainda bem que a maioria do nosso público não vai sofrer tanto, já que usa frauda geriátrica”, brincou Eliete.


“Remédio pra alma”

Durante as apresentações do Grupo Cultural Canto da Praça, o laboratório STS, localizado na região, aufere a pressão e verifica a glicemia do público da chamada “melhor idade”. Também é comum as senhoras distribuírem orações, amuletos sagrados e remédios naturais para os males do corpo. O médico Fernando Costa (foto acima), membro do fã clube há dois anos, destaca a importância da atividade cultural. “É uma opção de lazer para os idosos, que (em geral) tem dificuldade de relacionamento nesta fase da vida. Além da socialização e do congraçamento, a dança é uma atividade que faz bem para a saúde. Tem também a música que é uma ferramenta terapêutica. Enfim, isso aqui é um remédio pra alma”.


Durante a visita, a reportagem do Bocão News foi presenteada com um caderno de orações, imagem de Nossa Senhora, um vidrinho de água benta e com um DVD, distribuído gratuitamente, que conta a história do grupo.

Não é preciso ser religioso ou ter a espiritualidade desenvolvida para perceber a energia positiva que emana do local. É possível dizer até que naquele lugar, cercado por aquelas pessoas, o mais cético dos homens é capaz de sentir a presença de Deus.


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Fotos: Roberto Viana/Bocão News
Nota originalmente publicada às 15h45 do dia 22


Classificação Indicativa: Livre

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