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Duas pessoas morrem afogadas na Chapada durante o feriado de carnaval

Imagem Duas pessoas morrem afogadas na Chapada durante o feriado de carnaval
Pais da criança estão incorfomados com a falta de atendimento  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 17/02/2013, às 06h03   Jornal da Chapada



Dois acidentes fatais neste período de férias na Chapada Diamantina levantam uma polêmica na região para o gerenciamento de riscos do chamado Turismo Ecológico. Nos dois casos é possível verificar a necessidade de uma maior formação e preparo de todos os envolvidos nesta vertente do turismo: o turista, o setor turístico, a cidade e sua política de saúde, infraestrutura e técnica, estas duas últimas de responsabilidade do Governo da Bahia.

O primeiro caso aconteceu no município de Andaraí, quando a filha do senhor Forlan Silva Santiago morreu afogada na Cachoeira da Garapa. A garota de nome Kauanny Lemos Santiago, de apenas 6 anos, completados em janeiro de 2013, morreu durante o feriado de Carnaval no dia 11 de fevereiro. Forlan Santiago é natural de Itaberaba, mas reside atualmente em Aracaju (SE).

“Saímos de Utinga em dois veículos com casais de amigos com destino a Andaraí para visitar alguns pontos turísticos da região, visitamos o Poço Azul e a Prainha, ao meio dia fomos à cidade de Andaraí, almoçamos e após o almoço visitamos a feira local. Da feira saímos com destino à Cachoeira da Garapa. Na entrada do atrativo natural, nos foi cobrada uma taxa de R$ 2 por pessoa, estacionamos os carros e perguntamos para a pessoa que estava organizando o estacionamento sobre o acesso à cachoeira e ele nos indicou, mas não fez mais nada”, declara emocionado o pai da garota, Forlan Santiago.

Para ele, o guardião do ponto turístico deveria ter equipamentos de segurança, além de informar ao visitante tudo sobre o local, inclusive alertar para possíveis acidentes. “Passamos por várias famílias com crianças brincando nas piscinas entre as rochas, procuramos um lugar calmo e ali ficamos. Em fração de segundos minha filha escorregou caiu em um lugar que seria provavelmente mais uma dessas piscinas. O que nós não sabíamos e nem fomos alertados é que naquele local era um buraco que nem se sabe a profundidade. Desesperado pulei e mergulhei, mas infelizmente não consegui resgatá-la, muito menos chegar ao fundo. Passado alguns minutos de desespero apareceu um filho de Deus que também é guia na cidade. Com toda experiência o guia que também é um bom mergulhador, tentou algumas vezes, mas só depois que amarramos uma corda em sua cintura para poder trazê-lo de volta foi que ele conseguiu chegar ao fundo e resgatar minha filha que já estava sem vida”, narra o pai da garota.

A polícia foi acionada e o corpo da garotinha foi encaminhado ao Hospital de Andaraí e o pai conduzido até a Delegacia pra fazer o Boletim de Ocorrência. Apesar de ter sido bem atendido tanto pela Polícia quanto pelo Hospital, um sentimento de indignação e revolta tomou conta de Forlan Santiago quando foi informado que o Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Itaberaba (órgão com jurisdição em alguns municípios da Chapada Diamantina) não tinha um médico legista de plantão, já que o único, doutor Walter Pinheiro Ribeiro, encontrava-se de férias e só retornaria após 15 dias. “Imediatamente acionei a funerária e o corpo da minha filha foi levado para o Instituo Medico Lega [IML] de Feira de Santana”, completa Santiago.

Checando as informações de Forlan Santiago, a reportagem do Jornal da Chapada esteve nesta sexta-feira (15) na 12ª Coordenadoria Regional da Policia Civil em Itaberaba onde conversou com a coordenadora, a doutora Clécia Vasconcelos. Na oportunidade, a Delegada Regional disse não ter nada a dizer sobre o assunto, já que segundo o próprio Forlan Santiago elogiou o tratamento e atendimento que teve da delegacia de Andaraí, e nos encaminhou ao DPT. No DPT conversamos com Sisenando Pedrosa Neto, coordenador regional, que informou que realmente o médico legista encontra-se em férias por 10 dias, com retorno no dia 18 de fevereiro.

“É verdade que temos apenas um médico legista para atender a nossa regional, mas se a ocorrência foi no dia 11, com certeza a informação que foi passada para Forlan Santiago foi de que ele retornaria na segunda-feira, dia 18 de fevereiro”, salientou Sisenado Neto. A pergunta que o pai da garota faz, é porque o Governo do Estado não disponibiliza um médico plantonista para cobrir as férias do efetivo? “Neste período de férias do médico Walter Pinheiro, a regional fica desguarnecida, e toda a demanda são encaminhados para Feira de Santana, Seabra e até Irecê”, desabafou o pai da garota.

Outro afogamento no período de Carnaval

A outra fatalidade ocorreu com um turista natural de Vitória da Conquista, Fábio Santos Cardoso, 26 anos, que se afogou em outra Cachoeira no município de Mucugê também na Chapada Diamantina. Segundo informações a tragédia aconteceu na manhã de quarta-feira, dia 13 de fevereiro e até o início da noite da quinta (14) o corpo não havia sido encontrado. Segundo testemunhas, o Corpo de Bombeiros foi acionado, mas informaram que a unidade mais próxima, em Lençóis, não tinha mergulhador disponível. O único da corporação na cidade teria sido deslocado para a função de motorista que transportou policiais militares para as festas de Carnaval de Barreiras e Salvador.

Os bombeiros informaram ainda que a companhia mais próxima que tem mergulhador se encontra em Feira de Santana, mas populares afirmam que não apareceu ninguém para fazer o resgate do rapaz. A família da vítima esteve na cidade aguardando a retirada do corpo do turista que se afogou em um poço na ‘Cachoeira do Funil’. Um amigo que estava com o jovem no momento do acidente tentou salvá-lo, mas não teve êxito.

Na sexta-feira (15), os bombeiros integrantes da equipe de busca e salvamento do 11° Grupamento de Bombeiros Militares, sediado em Lençóis (GBM/Lençóis), resgataram o corpo de Fábio Santos Cardoso, que estava desaparecido desde a Quarta-feira de Cinzas em uma área próxima ao município de Mucugê. Com sinais de afogamento, o corpo de Fábio foi localizado na Cachoeira dos Funis, a sete quilômetros de Mucugê, dos quais, somente dois quilômetros dispõem de condições para acesso com veículos. Os demais quilômetros da trilha foram percorridos a pé pelos bombeiros que tiveram de utilizar equipamentos necessários para o resgate em água, a exemplo de cilindros de mergulho, coletes, nadadeiras, roupas de neoprene, e outros.

Postada às 13h03 do dia 16/02.

Classificação Indicativa: Livre

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