Ao contrário das lindas paisagens vendidas nos cartões postais de Salvador, o cenário real da cidade é bem diferente. Em pleno verão quando, de acordo com a assessoria de comunicação da Empresa de Turismo da Bahia S/A (Bahiatursa), a capital baiana se prepara para receber 1,5 milhão de turistas, o que certamente chamará a atenção dos visitantes serão as ruas completamente decoradas pelo lixo.
O "privilégio" não é conferido somente à periferia. Bairros escolhidos pelas classes média e média alta soteropolitana também são invadidos pela sujeira. Marta Freitas, 52 anos, moradora da Graça, reclama dos serviços da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb). "Lixo tem que tirar todo dia. Isso aqui está muito diferente do que costumava ser, está imundo", reclama.
Moradores de outras localidades como Pituba, Rio Vermelho, Barra e Ondina também se mostram indignados com o cenário urbano. Suzano Alves dos Santos, 75 anos, morador da Pituba há 35, relembra os bons tempos. "Isso aqui era uma paz. Agora com essa quantidade de construções perdi minha vista, além de ter que conviver com esse monte de lixo na minha porta", disse.
O Bocão News procurou a Limpurb para entender o que acontece com a manutenção da limpeza da capital baiana. A assessoria de Comunicação do órgão respondeu que os horários das coletas são os mesmos há nove anos e que a população precisa se adaptar e obedecer as escalas diferentes para cada bairro. Outro problema apontado foi o manuseio do lixo produzido em casa. Pensando nisso, ainda de acordo com a assessoria, a Limpurb iniciou na última segunda-feira (10) uma campanha educativa em diversos pontos da cidade, com finalidade de conscientizar as comunidades, sobretudo a respeito do acondicionamento do lixo orgânico e sólido, evitando descarte aleatório na via pública.
Riscos à saúde
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), um dos principais riscos da aglomeração de lixos das ruas é a incidência de ratos. Em contato com a urina dos roedores, os seres humanos podem ser contaminados pela leptospirose, doença que causa sérias consequências, inclusive morte. Além disso, o acúmulo de lixo orgânico causa a formação de pequenas poças e, desta forma, permite a proliferação do mosquito da dengue.
Fotos: Edson Ruiz // Bocão News
