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Empresas duelam para gerir lixo milionário em Feira de Santana

Imagem Empresas duelam para gerir lixo milionário em Feira de Santana
Enquanto isso a população convive com os problemas gerados pelo lixão no município  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 25/07/2013, às 13h01   Fabíola Lima (@limafabiolaa)


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Duas empresas duelam para conseguir vencer licitação e administrar o lixo em Feira de Santana. A Viva Ambiental e a Sustentare vislumbram um contrato rentável, talvez o de maior valor na prefeitura do município. 



O processo de análise da licitação está em trâmite e o parecer com a empresa escolhida para gerir o lixo deve ser divulgado entre o final de julho e início de agosto. Mas a disputa está acirrada e as rivais têm entraves questionáveis.  



Uma denúncia foi registrada na prefeitura contra a Sustentare, atual empresa responsável pela coleta e o aterro de Feira de Santana. Em conversa com o secretário municipal do Meio Ambiente, Roberto Tourinho, ele explica que há 10 dias a Viva Ambiental denunciou que a empresa estaria poluindo a água do Riacho das Panelas, no Bairro Nova esperança, onde funciona o aterro. “Diante da acusação, a água do riacho foi coletada e encaminhamos para a Embasa, que fará análise do material. O caso foi registrado também junto ao Ministério Público (MP) e resta-nos esperar para saber o resultado das amostras”, disse Tourinho.

Mas a denunciante também tem um passado excluso. A Viva Ambiental construía um aterro na cidade com liberação da prefeitura, que foi embargada pelo Ministério Público (MP). Em janeiro deste ano, o órgão informou que o município não teria autorização para liberar o andamento do processo.



Em conversa com a reportagem do Bocão News, Tourinho contextualiza. “Antes disso, período antecessor à licitação, a Sustentare era responsável pela coleta de lixo em Feira e era dona do aterro sanitário. Há três anos a empresa perdeu o contrato da coleta de lixo. Quando a Viva Ambiental passou a administrar o serviço. Nesta sequência, gerindo a coleta do lixo, a empresa decidiu criar o próprio aterro, quando se viu diante do embargo do MP. Com a decisão, a Viva Ambiental registrou acusações de 'poluição ambiental contra a concorrente'. Esta é uma briga travada por uma licitação milionária, que pode chegar em até 2 milhões", avaliou. 

A denúncia formalizada na prefeitura e no MP foi divulgada no Bocão News, que ainda apontou uma vasta documentação com problemas históricos de multas aplicadas pelo Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) à Sustentare.

A primeira foi aplicada em março de 2012 “por construir duas lagoas de acumulação de chorume, desprovidas de impermeabilização, sem a regularização ambiental; implantar canalização interligando o aterro sanitário da Sustentare à lagoa de chorume originada da pedreira desativada sem a devida regularização ambiental e lançar chorume, utilizando esta canalização, na lagoa de acumulação que já existia na área do aterro municipal, colocando em risco de poluição e degradação ambiental o solo e lençol freático”.

A segunda veio um ano depois, em março de 2013. Nesta oportunidade, o fato antes iminente se consumou e a multa foi aplicada pela constatação da “contaminação do solo por chorume proveniente de aterro sanitário causando poluição e degradação ambiental”.

Em Feira, a reportagem procurou o Inema, e esteve com o coordenador do órgão estadual, Augusto César. Ele alegou que não teria autorização do Estado para falar sobre as denúncias referentes ao caso.



Enquanto isso, a população amarga os problemas gerados com o lixo que se acumula na cidade e o possível crime ambiental. Os moradores do bairro de Nova Esperança vêm sofrendo com o forte odor do lixo, dor de cabeça e a infinidade de moscas, como explica Florentina Santana, 82 anos. “Eu moro aqui com minhas filhas e netas há muitos anos. Toda a vida foi esse mal cheiro insuportável. A dor de cabeça é um problema que os médicos no posto da cidade não sabem explicar. Sem contar com esta moscaria que vem de lá do lixão para nossa casa”, relata a mulher que mora em uma casa com pouco mais de 50 m² com três filhas, um genro e netos.



Empresário leva a reportágem até a Riacho das Panelas


O empresário, José Francisco Pinto, dono da pedreira Rio Branco, que fica ao lado da Riaho das Panelas, também percebe o problema. “Não sei se é responsabilidade de uma ou de outra empresa. Mas, em dias chuvosos há realmente um forte cheiro por conta da época”, disse.

Até que o as denúncias sejam apuradas e investigadas, a população convive com o problema. E as empresas continuam com o desejo de gerir o rentável lixo público do município.


Publicada no dia 24 de julho de 2013, às 16h18

Classificação Indicativa: 18 anos

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