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Presidente do sindicato é chamado de traidor por alguns rodoviários

Imagem Presidente do sindicato é chamado de traidor por alguns rodoviários
Apesar da retomada da greve, nem todos se dizem contentes com o presidente do STTROBA, Hélio Ferreira  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 28/05/2014, às 06h28   Lucas Franco (Twitter: @lucasfranco88)


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Os ânimos ficaram exaltados no Sinergia, na Sete Portas, na assembleia desta terça-feira (27), em que o sindicato que representa os rodoviários (STTROBA), que havia anunciado acordo com as empresas de ônibus nesta segunda-feira (26), voltou atrás e retomou a greve. “Eu fui vaiado na chegada e aplaudido na saída”, disse com exclusividade ao Bocão News o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado da Bahia, Hélio Ferreira.
No entanto, nem todos se dizem contentes com Hélio. “Para nós foi uma traição, um tapa na cara. Estávamos aqui das 14h às 15h [de segunda-feira (26)] esperando retorno do sindicato e não tivemos. Por esse motivo paramos”, relata Roque Santos, rodoviário há 23 anos que trabalha na empresa VSA.

No entanto, alguns presentes na assembleia não enxergam o presidente como o principal vilão pelo acordo feito nesta segunda (26). “Confiar em Hélio [presidente do sindicato] nós confiamos. O problema é que ele é manipulado por J. Carlos, que é presidente do conselho e manipula todos os problemas dos rodoviários”, disse Antônio Máximo, que há 15 anos trabalha como motorista de ônibus e atualmente está na empresa Praia Grande.

Perguntado sobre quem mais lhe dá apoio e auxílio dentro do STTROBA, Hélio Ferreira diz não precisar de ajuda nos bastidores. “Eu sou o presidente do sindicato, o apoio que eu quero é só dos trabalhadores”. O presidente disse também que a questão do contingente nas ruas nos próximos dias é jurídica e tem sido tratada. O coordenador jurídico do STTROBA, Gervásio Firmo, diz que não interferiu na retomada da greve. “Do ponto de vista jurídico não houve interferência. Foi uma decisão política do presidente Hélio Ferreira, já que havia dúvidas sobre o resultado da assembleia de ontem [segunda-feira, 26]”.
Ainda chateado com o sindicato pelo acordo feito na segunda [26], apesar da retomada da greve, Gonzaga Menezes, motorista da empresa Transol, está há 17 anos no ramo e não se diz representado pelo STTROBA. “Está desgastado. Deveria ter uma mudança radical no sindicato. Desde a saída de J. Carlos até a entrada de Hélio. Hélio traiu a gente”, desabafou. Apesar dos tumultos no início da assembleia, Gonzaga não enxergou nenhuma anormalidade nas movimentações na Sete Portas. “A polícia está fazendo o trabalho dela, não houve agressão ou vandalismo. Houve alguns colegas exaltados, mas é do próprio ser humano”.
Até a quinta-feira (20) às 16h, quando terá o julgamento do dissídio coletivo no Tribunal Regional Trabalho (TRT) [a data foi mudada de sexta para quinta-feira], em Nazaré, os rodoviários estarão acampados no prédio do Sindicato dos Eletricitários do Estado da Bahia (Sinergia). “Já participei de outras assembleias, mas nunca cheguei a dormir. Devo dormir no ônibus, que está do lado de fora. Já dormi em ônibus anteriormente, porque em final de linha não tem onde repousar”, conta Fábio Oliveira, rodoviário há 25 anos, que atua na empresa União.

“Hoje deve ser servido água e alimentação. Eu vou voltar em casa para pegar a mochila e voltar para cá, porque não sabia que precisaríamos dormir aqui”, explica Fábio, que enxerga aprovação do movimento paradista nas ruas. “A população de certa forma tem nos dado apoio. Claro que ficam chateados por não cumprirem seus compromissos, mas estamos na mesma situação, com defasagem de salário”. No entanto, segundo Fábio, não deve faltar transporte para os rodoviários para suas locomoções, inclusive para os que vão acompanhar o julgamento. “Foi informado que ficariam cinco ônibus para dar manutenção para a categoria”, completa. 


Publicada no dia 27 de maio de 2014, às 14h48

Classificação Indicativa: Livre

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