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Depoimento de Youssef preocupa empreiteiro Marcelo Odebrecht, diz colunista

Publicado em 07/10/2014, às 07h39   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



Depondo sob delação premiada, o doleiro Alberto Youssef ainda não concluiu suas revelações escabrosas contra grandes empreiteiras. De acordo com informações do colunista Claudio Humberto, têm razão para insônia o empreiteiro Marcelo Odebrecht e a cúpula da Camargo Corrêa. 
O doleiro Alberto Youssef começou a depor para procuradores e delegados em Curitiba. Ele é suspeito de comandar um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras. O primeiro depoimento de Alberto Youssef só terminou na noite de quinta-feira (2). Na sexta (3), ele continua a revelar o que sabe sobre a participação de políticos, empreiteiras e os desvios na Petrobras. As revelações fazem parte do acordo de delação premiada. A defesa diz que o doleiro fará confissão total.
Depois de ser acusada por Paulo Roberto Costa de pagar uma propina de US$ 23 milhões, a empreiteira chegou a divulgar um informe publicitário, assinado pelo presidente Marcelo Odebrecht, para tentar conter os efeitos da Operação Lava Jato. “Eu, pessoalmente, como Diretor-Presidente, coloco a Organização à disposição para esclarecer qualquer dúvida que as autoridades e a mídia brasileira tenham com relação a qualquer denúncia”, diz trecho da nota.
Marcelo fala em ainda em “acusações covardes” e diz ter confiança “em todos os nossos Integrantes”. “Quero deixar registrada aqui minha indignação com estas acusações covardes que sofremos, mas, acima de tudo, assegurar minha total confiança em todos os nossos Integrantes”, diz Marcelo Odebrecht em outro trecho do esclarecimento.
Caso se confirme mesmo que a propina foi paga pela Odebrecht, tanto a construtora como seu presidente poderão ser atingidos pela nova Lei Anticorrupção, que pune, com penas severas, empresas corruptoras. Embora Marcelo Odebrecht tenha falado da sua confiança em “todos os nossos Integrantes”, um pagamento de US$ 23 milhões, em qualquer empresa do mundo, jamais seria feito sem o conhecimento e o consentimento dos acionistas.
Leia, abaixo, a nota publicada pela empresa:
Nota de Esclarecimento 04/10/2014
Como Diretor-Presidente da Odebrecht S.A. venho a público manifestar minha indignação, e de toda a Organização, com informações inverídicas veiculadas na imprensa, em prejuízo de nossa imagem e atacando covardemente nossos Integrantes.
A euforia de se publicar notícias de impacto em período eleitoral extrapolou o razoável. Os fatos veiculados baseiam-se em supostos vazamentos de informações protegidas por sigilo judicial, as quais não se pode ter acesso. Com isso, a Organização fica  alijada  do teor das informações e covardemente impedida de contestar estas inverdades. Neste cenário nada democrático, fala-se o que se quer, sem as devidas comprovações, e alguns veículos da mídia acabam por apoiar o vazamento de informação protegida por lei, tratando como verdadeira a eventual denúncia vazia de um criminoso confesso e que é “premiado” por denunciar a maior quantidade possível de empresas e pessoas.
A reportagem da última edição da revista Época ilustra essa irresponsabilidade da qual a Odebrecht vem sendo alvo. Nesta reportagem, os fatos notórios e públicos como o contrato do consórcio CONEST, liderado pela Odebrecht, com a Petrobras para a construção da refinaria Abreu Lima, conquistado em processo licitatório pelo critério de menor preço, num certame com a participação de mais de uma dezena de empresas e consórcios, são desvirtuados para um contexto irreal e fantasioso.
A revista utiliza o artifício de publicar imagem de extrato de contrato público para demonstrar a existência de prova documental e, com isso, tentar justificar a veracidade da história criada. Ocorre que este documento, longe de representar, como se pretendia, a comprovação de suas “denúncias”, é algo público, um mero extrato do contrato entre a Petrobras e o consórcio vencedor.
Considero esse viés adotado nas notícias nesses últimos dias deslocado do cenário democrático institucional do Brasil atual, pois  prejudica o direito da empresa de manter um diálogo transparente com a sociedade.
É de extremo interesse da Odebrecht que os fatos sejam apurados com rigor e, para tanto, a Organização e seus Integrantes, ao longo de seus 70 anos de história, estão e sempre estiveram à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sempre que necessário. Eu, pessoalmente, como Diretor-Presidente, coloco a Organização à disposição para esclarecer qualquer dúvida que as autoridades e a mídia brasileira tenham com relação a qualquer denúncia sobre estes fatos que a todos nos assusta.
Quero deixar registrada aqui minha indignação com estas acusações covardes que sofremos, mas, acima de tudo, assegurar minha total confiança em todos os nossos Integrantes.
Marcelo Odebrecht
Diretor-Presidente da Odebrecht S.A.
Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa respondem a processo sobre as suspeitas de desvios na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Um laudo da Polícia Federal liga pagamentos do consórcio liderado pela construtora Camargo Correa a empresas do doleiro.

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