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Amor acima de tudo: Família conta processo de aceitação de filho gay

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A família relatou como o respeito e o amor foram essenciais para fortalecer o alicerce entre eles  |   Bnews - Divulgação Arquivo Pessoal

Publicado em 17/05/2022, às 06h00   Yasmim Barreto


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“Se a família não apoiar, os outros não vão apoiar. Então quem primeiro tem que apoiar somos nós que somos os pais, a família, os irmãos”, disse dona Maria Aparecida Cerqueira

Foi dessa forma que a mãe do jovem publicitário e jornalista, Chris Levi, a dona Maria Aparecida resumiu a importância da aceitação da família com a orientação sexual de seu filho. No dia 17 de maio, data que celebra o Dia Internacional contra a Homofobia, o BNews conversou com a família Cerqueira sobre um dos momentos mais desafiadores para quem é LGBTQIAP+: ‘sair do armário’.

Com Levi, não foi muito diferente de tantas outras pessoas da comunidade, mas um detalhe fez toda a diferença: o amor. À reportagem, os pais do jovem negro, gay e morador da Mata Escura – uma das periferias de Salvador – contaram todo o processo de entendimento e reconhecimento da sexualidade do filho.

“No início foi um susto muito grande. Mas eu já desconfiava, pela maneira que ele cuidava e tratava das meninas assim sem ter um interesse maior”, relembrou o pai de Levi, seu Jorge Ferreira.

Já a mãe do comunicólogo supôs que poderia ser uma fase, que a sexualidade de Chris Levi era passageira. “Foi muito difícil, não foi nada fácil, a gente não queria aceitar de imediato. Mas depois a gente foi se adaptando”, contou dona Maria.

Para Levi, um jovem negro, homossexual e da periferia, viver nunca foi fácil, como ele diz: “um papel de resistência”. E para se assumir para a família não foi diferente, o desafio exigiu do rapaz de 25 anos coragem para enfrentar os preconceitos fora e dentro de casa. Segundo ele, no momento em que ‘saiu do armário’ percebeu a necessidade do diálogo e, atrelado a isso, exigiu respeito.

“Graças a Deus eu sempre fui um menino muito corajoso. Então quando eu colocava algo na minha cabeça que eu precisava fazer algo eu fazia. E assim foi no dia que eu falei para os meus pais”, ressaltou.

Da negação ao respeito

Após contar sobre sua sexualidade, o jovem viveu momentos difíceis de punição dentro de casa, como ter sido proibido de sair e se relacionar com seus amigos. Entretanto, com muita luta e diálogo, o respeito e o prevaleceram no lar da família Cerqueira.

Ao BNews, dona Maria Aparecida não poupou palavras para elogiar o filho. “Levi para a gente significa o amor. É um filho maravilhoso, trabalhador, cuidadoso, amoroso, respeitador. Estudioso. É um filho maravilhoso. Amo muito o meu filho. Independente dele ser gay ou não, é o meu amor, amor da minha vida”, disse.

Assim como seu pai, seu Jorge: “o amor que eu tenho por ele é muito grande. Ele significa tudo, tudo para mim. Gostaria que todo mundo respeitasse, como eu respeito ele, como ele também me respeita, ele me ama”, concluiu o pai de Chris.

Conforme Chris Levi, foi um aprendizado mútuo: “aprendemos a nos respeitar, entender o limite, os limites dele e eles entendem meus limites”. Além disso, destacou: ”hoje eles são os tipos de pais que meus amigos falam ‘caramba você é super sortudo pelos pais que você tem’’’, descontraiu o publicitário.

Entretanto, depois de tantas fases vencidas, Chris entende que se priorizar é se amar. Para ele, ter escolhido respeitar seu jeito de amar foi escolher não magoar a si próprio.

“É complicado a gente estar buscando sempre a validação do outro e principalmente daqueles que nos criaram. Daí a gente entra naquela minha tênue entre respeitar o querer deles pra não dar um desgosto e ser realmente egoísta e viver o que você realmente quer viver e escolher pra sua vida e viver a sua vida, sabe? Porque querendo ou não acaba sendo uma escolha onde você tem que se priorizar. Se você não se priorizar, você choca. E se você se priorizar, os outros acabam sofrendo, mas aí eles já sofrem com escolha própria porque você não vai poder mudar sobre o que você é, sobre quem você é, enquanto eles é uma questão de como pensam, como foram criados, desenvolveram esse preconceito no decorrer de sua do seu crescimento, de sua formação”, completou.

Todavia, o jovem respira aliviado por atualmente ter uma relação de carinho, amor e respeito com sua família. “Graças a Deus eles me dão muita força, hoje eles entendem até porque é o decorrer do tempo, eu passei a trazer informação pra gente”, disse.

Classificação Indicativa: Livre

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