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“É traumatizante”, diz presidente de associação sobre dificuldades para matricular crianças com deficiência em escolas de Salvador

Agência Brasil
Dira Ramos diz que a discriminação é uma realidade comum entre famílias  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 10/02/2022, às 21h18 - Atualizado às 21h31   Samuel Barbosa


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Casos de pais e mães que relatam dificuldades para matricular seus filhos com algum tipo de deficiência tanto em escolas da rede municipal e estadual como particular são frequentes. Nesta quinta-feira (10), publicamos a denúncia de uma família que não conseguiu efetivar a matrícula de um menino de seis anos na Escola Adventista de Praia Grande, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.

A mãe da criança disse que a negativa foi dada após a coordenadora pedagógica tomar conhecimento de que o aluno tinha Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) .

Também nesta quinta, o cantor e compositor baiano, Filipe Escandurras, se manifestou na imprensa após ter a renovação da matrícula da filha autista negada em uma escola particular da capital baiana.

Segundo Dira Ramos, presidente da Associação Unidos pelo Amor, a descriminação sofrida pelo artista e pela mãe do garoto é uma realidade comum entre as famílias com crianças com deficiência em idade escolar.

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“Não é algo que vem aumentando, está estabelecido na sociedade, existe há anos e a gente não consegue mudar. Tanto na rede pública quanto privada, vemos o direito dos nossos filhos de acesso à educação de qualidade serem cerceados. Só quem é pai ou mãe de um filho especial sabe o que isso significa”, afirma.

À nossa reportagem Dira, que é mãe de uma menina com Síndrome de Down, contou um relato pessoal. “Eu estou tentando agora uma escola para minha filha, mas você percebe no olhar das pessoas a resistência quando você diz que o filho tem uma deficiência, você já chega escondendo. Isso é um trauma, a gente tem que esconder porque sei da resistência, a escola geralmente diz que a criança vai precisar de um suporte. Existe a diferença e as escolas precisam se adaptar”, ressalta.

De acordo com ela, muitas escolas enxergam a criança como um peso. “Isso é desconfortável, é triste, mas eu e outros pais estamos transformando isso. É traumatizante, eu já tive muitos nãos, você vê as matrículas abertas, mas eles inventam mil histórias”.

Sobre as denúncias que chegam até a associação, como dos casos citados no início da reportagem, Dira explica que eles são analisados de forma particular. “A primeira coisa é escutar com o coração e razão, o segundo passo, na associação temos um setor jurídico para orientar, dar um apoio para saber que lado ir, o que deve ser feito, e a depender do que seja procurar a Justiça”.

Associação

A Unidos Pelo Amor tem como objetivo principal a inclusão e acessibilidade das pessoas com deficiência. Entre as áreas de atuação da organização está a capacitação das instituições de ensino e o corpo docente de escolas de Salvador no acolhimento das crianças com deficiência.

“Trabalhamos com a disseminação de informações e desconstruções de conceitos errôneos sobre a pessoa com deficiência. Explicamos como se dá o capacitismo e como não praticá-lo. Mostramos relatos de pais, psicólogos, psicopedagogos e outros profissionais, levando informação de forma lúdica e interativa. Acreditamos que através da informação e da educação, podemos ajudar as instituições de ensino a mudar o mundo das pessoas com deficiência”, explicou.

Classificação Indicativa: Livre

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