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Jornalista se torna primeira pessoa a se registrar com "intersexo" no Brasil

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Pessoas intersexo são aquelas que têm características “sexuais congênitas, não se enquadrando nas normas médicas e sociais masculinos feminina  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Linkedin

Publicado em 09/03/2024, às 19h24   Cadastrada por Letícia Rastelly


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A jornalista e fotógrafa Céu Ramos de Albuquerque se tornou a primeira pessoa intersexo no Brail, nesta semana. Ela conseguiu retificar o nome e o sexo na certidão de nascimento com esse termo no registro civil, de acordo com a Associação Brasileira Intersexo (Abrai).

Segundo a Associação, pessoas intersexo são aquelas que têm características “sexuais congênitas, não se enquadrando nas normas médicas e sociais para corpos femininos ou masculinos”.

"Estou muito feliz, mesmo. É algo que eu queria há muito tempo: a mudança do nome para Céu, que já uso há mais de dez anos. Então, ser reconhecida oficialmente como Céu está sendo a coisa mais incrível de toda a minha vida. E também ter essa mudança para 'intersexo' e ser esse marco histórico", disse a jornalista ao G1.

Para Céu, que também é ativista, a próxima conquista é retirar o termo “ignorado” dos bebês que nascem com genitálias que não compatíveis com as definições típicas de masculino e feminino. Para a comunidade, eles devem ser registrados como intersexos.

"Quando nasci, passei seis meses sem registro, simplesmente porque os médicos estavam esperando sair um exame cariótipo (teste que identifica os cromossomos de uma pessoa) para saber em qual gênero iriam me encaixar. Isso foi muito violento porque passei seis meses sem assistência médica, passei por diversas coisas porque, para o governo brasileiro, era uma pessoa inexistente (...) "Por isso que, a partir de agora, vamos tentar mudar essa categoria de 'ignorado' para 'intersexo' e dar dignidade e reconhecimento para essas crianças e adultos, resguardando esses corpos de serem mutilados e hormonizados de forma estética", disse Céu.

A ativista comentou ainda sobre os diversos procedimentos aos quais as crianças que nascem sem o sexo definido passam: "Diariamente, a gente tem crianças sendo cirurgiadas apenas, muitas vezes, por ter um genital ambíguo ou por ter algum órgão reprodutor dentro e por fora ser outro, aí dão prevalência a um e retiram o outro. (...) Hoje os bebês não têm o direito de crescerem com seus corpos sendo livres e tendo sua independência para escolher o gênero que desejarem, independente do seu órgão. A sociedade é muito presa a gênero ser associado a órgão genital", finalizou a fotografa.

Classificação Indicativa: Livre

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