Geral

Saiba como médica burlava ponto eletrônico do SAMU para não perder salário

Reprodução/RBS TV
Ao invés de trabalhar 100 horas por semana, os médicos cumpriam, em média, 40 horas  |   Bnews - Divulgação Reprodução/RBS TV

Publicado em 29/08/2023, às 11h05   Cadastrado por Bernardo Rego


FacebookTwitterWhatsApp

O coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Porto Alegre, Jimmy Herrera, descobriu uma prática criminosa cometida por médicos da unidade. Segundo Herrera, uma das médicas envolvidas na fraude deixava uma garrafa d'água sobre o teclado do computador no momento em que se ausentava do trabalho para manter teclas pressionadas. Fazendo isso, o computador não desligava e nada era registrado no sistema. As informações são da RBS TV.

"Ela deixou uma garrafa em cima do teclado justamente para que ficasse emitindo um número ou uma letra dentro da tela, para que o sistema não caísse, como se alguém estivesse usando o sistema", contou Herrera.

Na segunda-feira (28), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que determinou a abertura de sindicância, auditoria e implantação de novos mecanismos de controle na central de regulação do Samu, como câmeras. De acordo com Herrera, a tela dos computadores usados pelos médicos na central do Samu é desconectada do sistema após 10 minutos sem uso, e isso fica registrado. Desta forma, os médicos que se ausentam por muito tempo precisam dar explicações.

O médico responsável pela coordenação da central admite que sabia da fraude e acusa a direção de não ter tomado providências. Ele conta também que um médico chegou a apresentar 12 atestados falsos para cumprir horário menor do que o contratado.

"Prontamente, reuni tudo, falei com a médica que provavelmente estava sendo lesada com o carimbo e o receituário, levei para o [Eduardo] Elsade [diretor do Departamento de Regulação do RS]. Ela disse que achava um absurdo, chorou. Foi aberto processo administrativo e essa médica pediu exoneração", afirmou Herrera.

De acordo com reportagem do Fantástico, os médicos deixavam de cumprir horas de trabalho previstas em contrato e seguiam recebendo pela totalidade da carga horária. Eles deveriam trabalhar, em média, 100 horas por semana, mas só cumpriam 40 horas.

Há indícios de que a chefia da Central do SAMU abonava as faltas irregularmente, alegando na folha de pagamentos que havia "problema na marcação pelo relógio de ponto".

Nesta segunda-feira (28), a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, gravou um pedido de desculpas. A sindicância aberta pela pasta para apurar o caso tem prazo de 30 dias para ser concluída. Um sistema de câmeras e catracas para controlar entradas e saídas no local também deve ser instalado.

"Estou muito triste de ter que testemunhar, em 50 anos de vida profissional, matérias desse foco. Por isso, nós do governo do estado queremos, com três palavras, dizer o que estamos imprimindo: um, apurar todas as possíveis e eventuais irregularidades; dois, corrigir com muito rigor o que está errado, sendo comprovados erros; e três, punir quem não cumpriu com a sua jornada de trabalho", listou.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp