Infraestrutura

Com temperaturas altas, Salvador não tem previsão para ter ônibus convencionais com ar-condicionado

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Antecessor de Fábio Mota, Aleluia havia prometido ar-condicionado nos ônibus convencionais de Salvador  |   Bnews - Divulgação Reprodução // BNews

Publicado em 25/11/2017, às 07h05   Rafael Albuquerque


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Atualmente Salvador conta com aproximadamente 2.600 ônibus urbanos da frota convencional e 300 da frota complementar. Os veículos com mais de 10 anos de uso começaram a ser substituídos no final de 2013, após a prefeitura ter estabelecido um prazo através de portaria. Diante da determinação da gestão municipal, cerca de dois mil ônibus da frota convencional foram renovados e circulam com a identidade visual dos consórcios Integra Plataforma, Integra OT Trans e Integra Salvador Norte. Alguns passaram por adaptações e cerca de 290 ônibus ainda circulam na capital baiana com o leiaute antigo. De acordo coma a assessoria da secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob), “não há prazo específico (para renovação), pois nos contratos de concessão o que é observado a média anual da frota”.
A Integra é a associação que congrega as atividades comuns das concessionárias do transporte coletivo por ônibus de Salvador vencedoras do Certame Licitatório 001/2014 promovido pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana de Salvador (Semob). O grande problema é que a referida licitação não previa que as empresas interessadas tivessem a obrigatoriedade da aquisição dos veículos com ar-condicionado, ao contrário do que, à época, o então secretário municipal de Urbanismo e Transporte (Semut), José Carlos Aleluia (DEM), afirmou à imprensa em março de 2013.
“Eu vou estabelecer e nenhum novo ônibus será incorporado à frota se não tiver ar-condicionado após a licitação. Quem comprar ônibus sem ar-condicionado ficará sem rodar”, disse Aleluia para coluna a época. Não foi o que aconteceu, já que na gestão do próprio atual deputado federal, em abril de 2014, quando a passagem custava R$ 2,80, houve a publicação do aviso de licitação cujo edital foi elaborado pela Semut, atualmente denominada secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob).
Aleluia deu declarações empolgadas sobre a licitação prestes a ser lançada: “depois de 40 anos, a gestão do prefeito ACM Neto resgata o direito do cidadão de ter transporte coletivo digno e de qualidade, que o estimule a deixar o carro em casa para os seus deslocamentos pela cidade”. Esqueceu-se, porém, da promessa feita alguns meses antes.
Alguns dias após o aviso da licitação, eis que Fábio Mota, que havia sido secretário dos Serviços Públicos na gestão de João Henrique, substitui Aleluia, que cedeu o lugar para participar das eleições.
Mota, então, deu prosseguimento à licitação, que originou o sistema que vigora atualmente em Salvador. Como não há prazo para renovação do restante da frota, o BNews procurou a Semob para saber se os próximos veículos a serem adquiridos pelas empresas concessionárias que prestam serviço ao município virão com ar-condicionado. Passados mais de 30 dias da solicitação dos dados desta matéria, como a reportagem não obteve um retorno, a solicitação foi refeita, dessa vez via Lei de Acesso à Informação. Foi então que a assessoria de imprensa da Semob afirmou: “no contrato de concessão do STCO há a previsão de instalação de ar-condicionado apenas nos ônibus BRT”, ou seja, não há previsão aquisição de novos veículos com ar-condicionado, muito menos de instalação de aparelhos de ar-condicionado nos ônibus que já circulam nas ruas da capital. “os ônibus da frota convencional, de acordo com o contrato de concessão, possuem ventilação forçada (pequenos ventiladores)”, completou a Semob.
Apesar de Salvador contar com 96 veículos, entre ônibus executivos e micro-ônibus, que possuem ar-condicionado, em valores superiores aos R$3,60 cobrados nos ônibus convencionais, isso não reflete em benefício direto à grande parte da população que usa os ônibus convencionais. Vale lembrar que capitais como São Paulo e Rio de Janeiro possuem parte dos ônibus convencionais equipados com ar-condicionado.
Em 2016, Fábio Mota declarou em entrevista que “não tem como fazer” com que os ônibus regulares tenham ar-condicionado, pois além de não haver previsão no contrato, haveria problema do ponto de vista de mobilidade, uma vez que os veículos equipados com ar rodam menos. Agora, com a integração, tão divulgada pela prefeitura, onde parte dos veículos vai reduzir seus roteiros, ligando os bairros às estações de ônibus e de metrô, seria uma boa oportunidade para repensar o sistema. Até porque com temperaturas que atingem facilmente a casa dos 30º em Salvador, ar-condicionado no transporte público deixa de ser supérfluo e passa a ser necessidade. 

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