Infraestrutura

Problemas estruturais no Shopping Paralela comprometem 40% das vendas e deixam funcionários apreensivos

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Em um dos quiosques, onde a média diária de faturamento era de R$ 3 mil, as vendas caíram para R$ 500   |   Bnews - Divulgação Leitor BNews

Publicado em 19/02/2019, às 19h02   Brenda Ferreira e Eliezer Santos


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Rumores sobre a estrutura do Shopping Paralela, localizado na Avenida Luís Viana Filho, em Salvador, têm provocado impacto direto no rendimento das vendas e na circulação de clientes. Na segunda-feira (18), a equipe de reportagem constatou, inloco, problemas relacionados a ondulações e rachaduras no chão do estacionamento G2, que haviam sido denunciadas por leitores. 

Em abril, o Shopping Paralela completa dez anos, ocasião em que pretende apresentar o “Novo Paralela”. Em outubro de 2018 o centro de compras anunciou que faria investimento de R$ 57 milhões, além de uma área de expansão de 18 mil m², que inclui a instalação de um novo campus da faculdade Unime. 

Parte de teto cede em sala da Unime do campus Shopping Paralela

Sob anonimato, diversos funcionários contaram que estão amargando prejuízo nas vendas e estão temerosos quanto à condição estrutural do prédio desde o início das obras. No último domingo (17), citam os vendedores, o shopping estava esvaziado.

"Encontrei amigas que sempre vêm aqui com crianças, porque é um shopping espaçoso e tem diversão, mas não vieram no final de semana porque estão com medo, não querem arriscar", relatou uma trabalhadora.

Em um dos quiosques, onde a média diária de faturamento era de R$ 3 mil, as vendas caíram para R$ 500 e as atendentes não conseguem alcançar as metas há dois meses. Uma delas não vendeu nenhum produto sequer durante a jornada das 13h às 21h no domingo.

"Agora a gente sente tremores, a gente está com medo por causa dos tremores que a gente ouve, que a gente sente. Hoje mesmo teve apagão na loja de manhã, ficou 30 minutos sem energia. A questão do piso do estacionamento que está cedendo o chão...", descreveu uma funcionária.

Entre eles foi unânime a queixa pela falta de informação da administração do shopping. "A gente vai lá e eles dizem que está tudo sob controle", reclamou uma delas.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Lojistas de Salvador, Alfredo Santiago, a preocupação é com os trabalhadores que foram demitidos por causa da queda nas vendas. Em entrevista ao BNews, Santiago explicou que as obras estão atingindo o comércio diretamente. “As vendas das lojas caíram em 40%, desde o começo das obras. Como o consumidor vai querer andar, passar pelos andaimes no meio do shopping?”. 

Ainda conforme Alfredo Santiago, a empresa responsável pelas obras, através do shopping, está indenizando os lojistas, mas os trabalhadores estão sendo prejudicados. “Eles não estão tendo zelo com a questão de isolamento da água [por exemplo]. Como caiu água, cimento, poderia ter caído uma ferramenta. A loja vai receber o seguro, mas o trabalhador, não”. 

A reportagem do BNews verificou que trechos do piso estacionamento G2 estão com muitas rachaduras e afundamentos. Ainda assim, é grande a circulação e parada de veículos pelo espaço.

Em dezembro, leitores do BNews flagraram uma "chuva de cimento" dentro do empreendimento e apontaram falhas no forro.

NOTIFICAÇÃO 

Na última sexta-feira (15), a Defesa Civil de Salvador (Codesal) notificou o centro de compras, após uma vistoria na área do estacionamento que apresenta problemas. O órgão deu um prazo de 15 dias à direção do shopping para apresentar novo laudo técnico sobre o problema. Na notificação, emitida às 10h35, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) advertiu que o centro de compras "deverá realizar reparos de modo a nivelar o piso do nível G2" e "apresentar laudo estrutural atestando estabilidade no referido nível/piso", em um prazo de 20 dias.

"Essa sensação de tobogã não deve existir, o piso deve estar liso", pontuou o secretário Sérgio Guanabara. Ao BNews ele afirmou que as obras para instalação da Unime, que faz parte do novo pavimento, localizado no terceiro piso do Shopping Paralela, estão regulares.

HISTÓRICO

Em abril de 2018, a Codesal realizou duas vistorias na área do estacionamento que apresenta problemas, e notificou o shopping para a recuperação do piso da G2, que sofreu abatimento do solo e causou a deformação na laje. 

Em nota, a Codesal informou que “foi dado um prazo de 60 dias para o cumprimento, como indica a notificação de número 82.129, datada de 12 de abril de 2018. Em resposta, o Shopping Paralela, encaminhou à Codesal, dia 24/05/18, carta e parecer estrutural realizado em setembro de 2017, assinado pelo engenheiro civil João Gabriel Silva Freire o qual, segundo a direção do shopping, ‘constata a ausência de qualquer tipo de risco à estrutura dos Shopping’”. 

O QUE DIZ O SHOPPING PARALELA

Em nota, o estabelecimento garantiu que as ondulações presentes no estacionamento G2 não comprometem a segurança do empreendimento nem a de clientes e lojistas. “A estrutura já havia sido inspecionada, anteriormente, a pedido da Codesal e, como resultado, foi emitido parecer técnico assinado pelo engenheiro civil, João Gabriel Silva onde consta que a ondulação apenas causa 'problemas estéticos e de conforto dos usuários'”. 

Segundo o Shopping Paralela, essas ondulações foram identificadas em 2012 e causadas pela acomodação da laje sobre o piso. 

O estabelecimento ressaltou, ainda em nota, que a notificação lavrada pela Codesal na sexta-feira (15), solicita ao Shopping Paralela apenas apresentação de um novo laudo técnico. “A administração está aberta a prestar mais esclarecimentos em relação a segurança do empreendimento e a todas as medidas que estão sendo tomadas”, concluiu a nota. 

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