Infraestrutura

Após morte, portuários expõem falta de segurança e condenam Tecon e Codeba

Imagem Após morte, portuários expõem falta de segurança e condenam Tecon e Codeba
Trabalhadores relatam que empresas pressionam para que utilizem equipamentos mal conservados  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 31/01/2014, às 09h55   Marivaldo Filho (Twitter: @marivaldofilho)


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Para trabalhadores do Porto de Salvador, a morte do operário Josevaldo Alves, que foi esmagado por um contêiner de nove toneladas na madrugada do último sábado (25), não pode ser classificada como ‘acidente’.  Os funcionários expuseram o não cumprimento das regras de segurança, a falta de fiscalização e responsabilizaram a Tecon Salvador e a Codeba (Companhia das Docas do Estado da Bahia).


O Ministério Público do Trabalho já está investigando a morte do operário e uma comissão de especialistas já foi formada para apurar quais foram as falham que resultaram no acidente que vitimou Josevaldo Alves.

Para o diretor do Sindicato dos Portuários da Bahia (Suport-BA), Ulisses Oliveira Júnior, que trabalha no porto há 35 anos, os acidentes poderiam ser evitados se a Tecon priorizasse a segurança dos operários e se a Codeba fizesse a fiscalização de maneira adequada.

“Nesse tempo que trabalho no porto, presenciei de 20 a 25 mortes. E todas as mortes no porto são muito violentas porque a menor capacidade que operamos é de uma tonelada. Um objeto de uma tonelada faz muito estrago quando qualquer coisa dá errado. A segurança é muito deficiente. Temos normas para todos os gostos mas a aplicação das normas por parte dos empresários e a fiscalização da Codeba é muito deficiente. Se fosse investido em segurança, essas mortes poderiam ser evitadas”, declarou Ulisses Oliveira Júnior.



Além do que considera “falta de priorização” às regras de segurança,  Ulisses denúncia que a Tecon, a fim aumentar a produtividade, obriga os trabalhadores utilizarem equipamentos sem segurança.

“São pressionados a trabalhar com equipamentos com manutenção mal feita, obrigam a fazer as refeições de forma rápida para nao atrasar a produção da empresa e uma série de coisas que contribuem para a falta de segurança. Eles não podem falar por medo de retaliação”, denunciou Ulisses Oliveira Júnior.

"Abafa"

Um dos integrantes do Sindicato dos Estivadores da Bahia, Ney Esposel, relatou que as empresas tentam “abafar” os acidentes que ocorrem no porto de Salvador.

“Todos os acidentes são sempre abafados porque atrai um conceito negativo para o porto. Eles tentam, de todas as formas, fazer com que isso não seja divulgado”, afirmou e fez uma crítica ao cumprimento das normas de segurança.  “Carece de muita atuação. É tudo muito frágil, principalmente, por parte dos órgãos de segurança”, lamentou.

A reportagem do Bocão News tentou o contato com a Tecon e com a Codeba para saber mais detalhes sobre a morte do operário e as medidas de segurança que estão sendo adotadas, mas até a publicação da matéria, não obteve êxito.

Publicada no dia 30 de janeiro de 2014, às 19h14


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