Justiça

Três em cada dez inquéritos do MP-BA em Salvador investigam violência doméstica

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Promotora de Justiça desenvolve projeto de combate à violência contra a mulher  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 11/08/2020, às 10h11   Redação BNews


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Mesmo com a Lei Maria da Penha, que completou 14 anos no último dia 7 de agosto, a violência contra a mulher não diminui no Brasil. Nos últimos 12 anos, o país subiu da 7ª para a 5ª posição no ranking desse tipo de crime. Uma das ferramentas de combate a este tipo de crime é a medida protetiva. Em entrevista a José Eduardo, na Rádio Metrópole, a coordenadora do Grupo de Defesa da Mulher e da População LGTB no Ministério Público da Bahia, a promotora Sara Gama destaca que o documento não é apenas um papel. "As medidas são um ganho da Lei. A partir deste documento, a intervenção de agentes públicos é ainda mais eficaz. É uma estratégia que temos para mitigar os números", disse.

Ela acredita que o combate à violência doméstica, além do empoderamento feminino, envolve o diálogo com o homem. É por isso que ela desenvolveu, em parceria com a sociedade civil, representada pelo educador físico Euvaldo Jorge Miranda de Oliveira Junior, o projeto “Luto por Elas” (@lutoporelas2020), que busca, justamente, convocar os homens para esse diálogo e buscar uma conscientização para sanar esse tipo de violência que persiste na casa de muitas famílias.

“A violência é abominável e as consequências são drásticas na vida da mulher e de toda a sua família”, enfatiza a promotora. Ela explica que o projeto parte também de um pressuposto na legislação, que determina a homens que cometeram agressões contra mulher participem de grupos reflexivos e sejam acompanhados por psicólogos.

Ela cita uma pesquisa do Instituto Avon de 2016, que mostra que 88% dos entrevistados dizem ter consciência que há uma desigualdade de gênero no país e que as mulheres são as maiores vítimas dessa desigualdade. A pesquisa revelou também que o homem tem dificuldades em falar sobre violência, mas ele acaba sempre escutando mais outro homem que aborde o assunto: 81% responderam que concordam que eles deveriam falar com outros homens sobre o que fazer para que as mulheres não sofram preconceito.

Sara Gama frisa que essa é uma realidade que deve ser confrontada. “No Ministério Público da Bahia, 30% dos inquéritos de Salvador são referentes à violência doméstica. É preciso mudar essa perspectiva e conscientizar o homem”, reforça. Ela afirma que o projeto “Luto por Elas” busca abraçar essa outra perspectiva de desconstrução por parte dos homens. “Esse machismo estrutural faz com que os homens sofram emocionalmente e fiquem engessados. Eles acabam não desenvolvendo estrutura emocional para lidar com adversidades, já que são culturalmente enraizados na ideia de serem o tempo todo protagonistas e vitoriosos”.

A promotora diz ainda que a violência contra a mulher já começa muita antes da agressão física, com restrições de direitos, xingamentos, abusos psicológicos. Tudo isso causa uma reação em cadeia que afeta, por exemplo, a economia. Uma pesquisa de 2018 da Universidade Federal do Ceará mostra que o Brasil perde R$ 1 bilhão com casos crescentes de violência contra a mulher.

Um passo importante para superar essa violência, segundo a promotora, é reconhecer, lidar e reaprender a conviver com o outro. “É preciso que todos tenham consciência que a prática da violência contra a mulher é danosa para a sociedade como um todo”, conclui.

Classificação Indicativa: Livre

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